Retratos do bolsonarismo, às vésperas do grande tsunami
Como se a reunião ministerial fosse pouco, presidente volta a violar distanciamento social diante de apoiadores (cada vez mais minguados). Leia também: alguma esperança nos testes de vacinas, e nos tratamentos com plasma
Publicado 25/05/2020 às 08:26 - Atualizado 25/05/2020 às 08:40
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AS ENTRANHAS DO GOVERNO
Armar “o povo”. Prender “essa corja”. Desregulamentar tudo o que der na
base do “parecer, caneta” já que a mídia só fala da covid-19… São
muitas as preocupações e motivações demonstradas por Jair Bolsonaro e
seus ministros na reunião do dia 22 de abril, divulgada em parte pelo
ministro Celso de Mello na sexta-feira. Não dá para dizer que o
interesse público estivesse entre elas. De uma coisa a gravação é prova
definitiva: o governo federal abdicou de seu papel durante a pandemia. A
BBC Brasilcontabilizou quantos minutos foram dedicados
ao assunto no encontro que durou quase duas horas: 19. E a maior parte
deles foram usados para xingar governadores e prefeitos que tentam fazer
seu trabalho ao invés de tecer maquinações obscuras…
A apresentação de Nelson Teich, que na data da reunião tinha chegado há menos de uma semana no governo, é tão breve e vaga
como foi sua gestão. Não passou desapercebido que, naquele ambiente
digno de uma cena de Tropa de Elite, a ênfase da sua intervenção tenha
sido no sentido de que o governo deveria salvar as aparências, tentando
mostrar para a sociedade que tem “o controle da doença” para que os
planos de retomada econômicas vingassem. Mais de um mês depois, se o
governo deixou de ser “um barco à deriva” foi porque o presidente
decidiu agir contra a população que governa, editando orientações sobre o
uso de substâncias inócuas no tratamento da doença e potencialmente
perigosas, como a cloroquina.
Além dos ataques a gestores públicos e dos impropérios
sobre as tentativas de lhe obrigar a divulgar os exames de detecção do
vírus, da parte de Bolsonaro chama atenção que sua menção à covid-19
tenha sido para confessar a pressão que colocou sobre a Polícia
Rodoviária Federal – estrutura que, como a PF, também é vinculada ao
Ministério da Justiça. O presidente informa os ministros que ligou para o
diretor-geral da PRF – como queria fazer com o diretor-geral da PF –
para questionar uma nota de pesar divulgada pela corporação na véspera,
lamentando a morte de um policial provocada por coronavírus. “Isso daí
não pode acontecer”, sentenciou. A nota dizia: “O que era difícil de se
imaginar, hoje se tornou uma triste realidade para todos nós. A doença, a
covid-19, não escolhe sexo, idade, raça ou profissão”. Mas para
Bolsonaro, o texto tinha que detalhar as comorbidades do falecido,
reforçando a falsa narrativa de que só idosos e pessoas com doenças
pré-existentes correm risco. A propósito: o diretor-geral da PRF,
Adriano Furtado, foi exonerado do cargo no mesmo dia da divulgação do vídeo.
Agora, parte do governo resolveu voltar suas baterias
contra o relator do inquérito que apura se houve interferência do
presidente na Polícia Federal. O ministro Celso de Mello já está sendo
atacado por Bolsonaro nas redes sociais. De acordo com reportagem da Folha, o presidente pretende acusá-lo de suspeição.
Mas a verdade é que o governo está indo por um caminho
muitíssimo mais perigoso. Na sexta, um procedimento corriqueiro do
judiciário – Celso de Mello pediu que Augusto Aras, procurador-geral da
República, se manifestasse sobre ações que pedem a perícia do celular de
Bolsonaro e de seu filho 02, Carlos – despertou no general Augusto
Heleno a vontade de ameaçar a ordem democrática.
Na sexta, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
divulgou uma “nota à nação brasileira” que fala em “consequências
imprevisíveis” caso o pedido de apreensão dos aparelhos seja deferido.
No sábado, foi a vez de o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e
Silva, dizer que “a simples ilação de o presidente da República ter de
entregar o seu celular é uma afronta à segurança institucional”. E
ontem, dezenas de militares da reserva assinaram uma nota de apoio a Heleno.
O texto fala que ministros do Supremo “trazem ao país insegurança e
instabilidade, com grave risco de crise institucional com desfecho
imprevisível, quiçá, na pior hipótese, guerra civil”.
E é uma guerra civil o que Bolsonaro imagina quando, na
reunião ministerial do dia 22 de abril, enfatiza o esforço de armar “o
povo” contra “a ditadura” – sendo ditadura no entender do presidente a
prisão de pessoas que desrespeitam decretos de governadores e prefeitos
sobre isolamento social. Ele comemora a derrubada das portarias do
Exército para controle de armas e munições, ato que também está sendo
investigado pelo Ministério Público Federal.
FRAGMENTOS DO BOLSONARISMO
Domingo, bolsonaristas foram mais uma vez ao Palácio do Planalto mostrar apoio ao presidente. Eram poucos
e mereceram meia hora da atenção de Bolsonaro – que chegou de
helicóptero, usando a aeronave para percorrer um trajeto que, de carro,
dura cinco minutos. Ao lado dele no helicóptero, e depois metido na
aglomeração, estava o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello.
Em frente ao Ministério da Agricultura, um tal grupo “Movimentação”, formado por ruralistas,
montou uma tenda, onde serve almoço para “mil pessoas”. No local, o
repórter Eduardo Militão flagrou a seguinte cena: uma senhora idosa
dançava e gritava “Eu peguei covid! Eu estou imune! Eu estou feliz! Eu
fui curada. Eu segui o protocolo do presidente Bolsonaro! Eu fui curada!
Tomei vitamina C!”.
Bolsonaro não estava de máscara no ato, embora o uso
seja obrigatório no Distrito Federal. No dia anterior, quando provocou
outra aglomeração nos seus tradicionais passeios nos comércios de
Brasília e região, questionou o dono de uma barraca de cachorro quente
se poderia comer o lanche no local – embora o decreto do governador
Ibaneis Rocha (MDB) proíba o consumo de alimentos e bebidas em
estabelecimentos comerciais. “Vou consumir onde? Vou comprar e comer
onde? Não posso comer aqui fora, não?”, perguntou, provocando o
atendente a passar por cima da norma e permitir a bandalha. Bolsonaro foi recebido com vaias, panelas e gritos nos locais por onde passou no sábado.
O FUTURO VAI JULGAR
O ex-ministro da Saúde Nelson Teich deu sua primeira entrevista depois de deixar o cargo. À GloboNews, disse que saiu do governo poque “não houve alinhamento com o presidente”
na liberação da cloroquina para casos leves da covid-19. “Ele que foi
eleito, ele coloca isso, ele que define tudo. E é justo, a posição dele é
esta. Ele tem direito de fazer isso”, afirmou. Para Teich, o maior
problema no sinal verde à cloroquina parece ser de ordem financeira. “O
dinheiro da saúde é muito pouco para ser gasto em coisas que não
funcionam”, disse ele. Seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, sempre
enfatiza os riscos à saúda da população do uso da substância no
tratamento do coronavírus. Teich admitiu que “a gente navega hoje em uma
situação de absoluta incapacidade de enxergar o que vem pela frente” e não sabe “como a covid vai evoluir” nem “quanto tempo vai durar”. “Quem vai julgar o presidente é o futuro, não vai ser eu”, afirmou.
No sábado, Teich recusou o convite do general Eduardo Pazuello para atuar como “conselheiro” no Ministério da Saúde.
Em tempo: hoje Wanderson de Oliveira, remanescente da gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, deixa o cargo de secretário de Vigilância em Saúde do Ministério.
OS CASOS NO BRASIL
Como já era esperado, na sexta-feira o Brasil superou a Rússia em número
de casos de covid-19 e agora é o segundo país do mundo com mais
infectados. Até ontem à noite eram 363 mil casos conhecidos
por aqui, só menos do que os 1,6 milhão dos Estados Unidos. O detalhe é
que os EUA já fizeram 14 milhões de testes e aqui, até onde se sabe,
não temos os resultados de nem um milhão de testes. O número de mortes
no Brasil chegou a 22.666. O estado de São Paulo tem mais de seis mil; o
Rio está beirando as quatro mil.
Ainda na sexta, o diretor-executivo da OMS Michael Ryan
confirmou em entrevista que a América Latina é o novo epicentro da
pandemia e, é claro, que o Brasil é o paiś mais preocupante. O Imperial
College de Londres, referência no acompanhamento da covid-19, estimou
que esta semana devem ocorrer entre 5,8 mil e 8 mil mortes
pela doença em terras brasileiras. É o maior número entre os 54 países
que têm transmissão ativa hoje. Segundo os pesquisadores, a taxa de
contágio por aqui está em 1,3. Para que a epidemia regrida, é preciso
que esse valor esteja abaixo de 1.
A propósito, o presidente do STF, Dias Toffoli, está internado com sintomas de covid-19.
Donald Trump cumpriu seu aviso e proibiu a entrada no país
de pessoas que tenham estado no Brasil nas últimas duas semanas. A
atuação de Trump no enfrentamento da covid-19 tem sido mais do que
irresponsável, e o controle da entrada de pessoas é uma das únicas
tarefas que ele parece julgar importante. O decreto não causa surpresa,
A situação na Grande São Paulo continua preocupante: com 91,8% de ocupação nas UTIs da rede pública (mais do que os 75% do estado como um todo), o lockdown parece não chegar nunca. O megaferiado não deu os efeitos esperados, afetando pouco os índices de isolamento social.
Na capital do Rio, o prefeito Marcelo Crivella divulgou seu prometido plano para retorno das atividades econômicas, mas em seguida negou que haja uma data prevista.
E o Pará encerra hoje o confinamento que estava válido
para 16 cidades. Segundo o governador Helder Barbalho, o número de
contaǵios e óbitos caiu nesse período, e agora o estado vai entrar num meio termo entre lockdown e isolamento
social. Seguem suspensas as aulas e reuniões com mais de dez pessoas,
assim como shoppings, academias, salões de beleza, bares e restaurantes.
GRAVE DESCONTROLE
As grandes distâncias amazônicas fizeram com que o novo coronavírus
demorasse a chegar no interior mas, depois que chegou, a devastação está
sendo rápida. O estado tem hoje cinco das dez cidades brasileiras com
maior taxa de mortes por cem mil habitantes no país. Dos 20 municípios
com maior proporção de infectados, 13 estão lá.
São Gabriel da Cachoeira, o município mais indígena do país, não tinha
nenhum caso até o dia 26 de abril, e hoje já é a 15ª dessa lista, com
999 registros por 100 mil habitantes. Morreram pelo menos 17 pessoas.
Com poucos equipamentos e dificuldade de transporte até Manaus, a única saída para o município tem sido o lockdown.
Mas o bloqueio nunca é total. Em São Paulo, onde casos já haviam sido confirmados na Terra Indígena Jaraguá, agora também há registros na aldeia Krukutu,
numa área isolada no sul do estado onde vivem cerca de 30 guaranis. Os
indígenas contaminados estão isolados em uma escola, enquanto os demais
aguardam resultados de testes.
MUDANÇA NO PERFIL
Não é verdade que o novo coronavírus só gere complicações e mortes em
idosos, mas isso é ainda menos verdade no Brasil e outros países em
desenvolvimento. Uma reportagem do Washington Post compara: aqui, 15% das mortes até agora foram de pessoas com menos de 50 anos, uma taxa 10 vezes maior do que a italiana ou a espanhola. No México é ainda pior –
quase 25% das vítimas têm entre 25 e 49 anos. Na Índia, quase metade
têm menos de 60 anos. O texto trata especificamente do caso brasileiro e
das mensagens do presidente Jair Bolsonaro, que encoraja a população a
se manter nas ruas, mas cita mais do que isso: as condições de habitação
da população pobre (com as dificuldades de manter o isolamento) e a
necessidade de continuar trabalhando (especialmente os que atuam na
informalidade) fazem com que nesses países muito mais jovens entrem em
contato com o vírus.
DIFÍCIL CONTESTAR
O maior trabalho já feito sobre a cloroquina e a hidroxicloroquina no tratamento de covid-19 foi publicado na revista Lancet na sexta-feira. É preciso notar
que se tratou de um estudo observacional, que partiu dos desfechos de
casos encontrados nos hospitais. Para construir as melhores evidências
possíveis, seria preciso ter pacientes escolhidos de forma aleatória,
divididos em grupos que recebessem os tratamentos ou placebo para
comparação posterior (e há dezenas de estudos assim em andamento). No
entanto, é um estudo muito abrangente: 96 mil pacientes observados em
671 hospitais de seis continentes, sendo que 15 mil receberam
hidroxicloroquina, cloroquina ou uma combinação de ambos com algum
antibiótico (como a azitromicina), e 81.000 pacientes não receberam
nenhum desses tratamentos, constituindo o grupo de controle.
Quem tomou os remédios teve maior risco de arritmia e morte
do que quem não tomou. Além disso, não houve qualquer benefício logo
depois do diagnóstico. O pior resultado foi para quem tomou
hidroxicloroquina associdada com antibióticos como a azitromicina (23,8%
de mortes), seguido por cloroquina com antibiótico (22%),
hidroxicloroquina sozinha (18%) e cloroquina sozinha (16,4%). Em todos
os casos, são taxas de mortalidade maiores do que no grupo controle
(9,3%). O risco de arritmia é muitíssimo maior para quem usou os
reméidos: no pior cenário, 8% dos pacientes que tomaram idroxicloroquina
com azitromicina desenvolveram o problema, contra 0,3% do grupo
controle.
Embora ainda seja necessário aguardar o resultado de
estudos mais robustos, a maior parte dos trabalhos escritos até agora
não aponta nenhum benefício no uso dessas drogas. Os que apontavam têm
sido criticados por falhas metodológicas graves (veja aqui e aqui). Após a publicação do novo trabalho no Lancet, o ministro da Saúde francês Olivier Véran pediu que se revisassem as regras excepcionais de prescrição de alguns medicamentos contra o coronavírus, entre eles a hidroxicloroquina.
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro, por sua vez, não se convence e segue firme na defesa da droga. “Até porque não tem outro remédio. É o que tem.
Ou você toma cloroquina ou não tem nada. O que eu fico chateado também é
que quem não quer tomar, não toma”, repetiu, no sábado. Mas a Secom apagou,
após denúncias, um post em que dizia que “hidroxicloroquina é o
tratamento mais eficaz contra o coronavírus atualmente disponível”.
Deletar o post não deve deve ter feito muita diferença – a mensagem já está dada há tempos.
O governo indiano também não dá sinais de que vá mudar.
Pelo contrário. Na sexta, emitiu um parecer sobre o uso da
hidroxicloroquina de forma preventiva, expandindo a recomendação para incluir profissionais de saúde e da linha de frente assintomáticos.
RESULTADOS CONFIRMADOS
Como contamos por aqui, no mês passado os Estados Unidos aprovaram o
medicamento remdesivir, da Gilead, para uso emergencial no tratamento de
covid-19. A novidade veio após a divulgação de resultados preliminares
de estudos feitos pelo National Institutes of Health, mas os relatório completo só foi publicado agora, na sexta-feira, no New England Journal of Medicine.
Os 1.063 pacientes foram divididos em 538 que receberam remdesivir e
521 que receberam placebo. Os do primeiro grupo se recuperaram em média
quatro dias mais rápido (em 11 dias, contra 15 dias no grupo do
placebo). A mortalidade no grupo remdesivir foi de 7,1%, em comparação
com 11,9% no outro. Em linhas gerais, a conclusão é a de que o remédio é
seguro e eficaz, mas há limitações:
não se observou muito benefício para pacientes que começaram a usar o
remédio quando já estavam em estado muito grave, precisando de
ventilação mecânica ou intubados.
OTIMISMO COM CAUTELA
Quando o mundo aguarda ansioso por notícias que apontem para o fim da
pandemia, e com mais de 100 candidatas a vacina sendo desenvolvidas no
mundo todo, de vez quando temos alguma notícia animadora. Mas, por
enquanto, essas notícias ainda vêm sempre com alguns ‘poréns’. É o caso
dos resultados preliminares da primeria vacina desenvolvida na China e
testada em humanos, publicados na revista Lancet. Foram
observados 108 participantes com entre 18 e 60 anos que receberam doses
diferentes da vacina: baixa, média e alta. Em doses baixas e médias,
levou 28 dias para que 50% das pessoas desenvolvesse anticorpos
neutralizantes, ou seja, que neutralizam qualquer efeito biológico do
vírus. Nas doses altas, o percentual subiu para cerca de 75%; e, em
todas as doses, mais de 90% dos participantes viram aumentar seus
anticorpos de ligação (que podem ou não levar à eliminação do vírus).
Embora sejam resultados considerados positivos, é
preciso levar em conta que foram poucos participantes e o estudo não foi
randomizado e controlado (ou seja, as pessoas não foram escolhidas de
forma aleatória e não havia um grupo de controle sem receber a vacina).
Além disso, a vacina usa como vetor um vírus de resfriado enfraquecido,
adenovírus 5, no qual o material genético do SARS-CoV-2 foi fundido. Só
que muitas pessoas já foram contaminadas pelo adenovírus 5 antes, o que gera dúvidas sobre se a resposta imunológica não está se concentrando nessa parte da vacina, e não na parte do novo coronavírus.
Outros dois estudos recentes também trazem boas novas
sobre a criação de uma vacina contra o novo coronavírus. Usando
macacos-resos como cobaias, pesquisadores da Universidade de Harvard
mostraram que, após uma primeira infecção pelo Sars-CoV-2, os bichos se
tornaram imunes. Depois, outros macacos que receberam diferentes
formulações de vacinas feitas com DNA também ficaram protegidos. Os
macacos-resos são muito usados em pesquisas biomédicas e acredita-se que
sua resposta ao vírus seja parecida à de humanos. A animação é a
seguinte: os experimentos sugerem que pessoas infectadas realmente devem
ficar imunes a esse coronavírus, e que as vacinas testadas podem vir a
ter sucesso em humanos também. Mas, também nesse caso, há que se ter
cautela. Isso porque não se sabe quanto tempo dura a imunidade
observada. E, no caso das vacinas, os macacos não se mostraram
totalmente imunizados depois de a receberem; as doses apenas permitiram
que os animais infectados controlassem a infecção e se recuperassem
rapidamente.
E por falar em anticorpos, também está neles uma
esperança de tratamento para a covid-19, enquanto a vacina não chega. A
ideia é munir pacientes com essas células para que seus organismos
consigam lutar melhor e mais rápido contra a doença, e a vantagem em
relação às vacinas seria o tempo necessário para que algum remédio do
tipo fique pronto para ser usado. As pesquisas nesse sentido começaram
se baseando na coleta e transfusão de plasma sanguínio de pacientes
recuperados (que já têm os anticorpos) para os doentes. Há uma limitação
básica nesse caso: o suprimento desse plasma é finito, já que depende
do número de pessoas recuperadas. Além disso, cada doador deve ter
anticorpos para inúmeras infecções anteriores, e no fim das contas o
número daqueles que são contra o novo coronavírus no plasma doado pode
ser pequeno. Quanto a isso, cientistas têm procurado soluções diversas,
que vão desde anticorpos criados em laboratório até o uso de anticorpos
animais. A reportagem da Wired detalha como anda esse caminho até agora.
PRIMEIRA VEZ
A China informou no sábado que, pela primeira vez no ano, passou um dia
sem registrar nenhum caso sintomático de covid-19, fruto de transmissão
local. Na véspera, tinham sido quatro registros. Mas não deixa de ser
interessante a quantidade relativamente grande de infectados assintomáticos que a testagem massiva está encontrando: na sexta foram 35, e no sábado 28.