África pede igualdade na ciência
• Manifesto da ciência africana • A guerra de Israel contra o sistema de saúde de Gaza • Vacina contra HPV para usuários de PrEP • Método Wolbachia no Sul • Ozempic causa doença ocular? • Fica, EJA da Fiocruz! •
Publicado 04/07/2024 às 10:15 - Atualizado 04/07/2024 às 10:17
Pesquisadores africanos lançaram um manifesto em defesa de “parcerias equitativas” na ciência, noticia a Revista Pesquisa Fapesp. Em seu texto, publicado na Nature Medicine, os membros de centros de pesquisa da África do Sul, Nigéria, Malawi, Uganda, Namíbia, Tunísia e Gana defendem a necessidade de esforços comuns “baseados no respeito mútuo e em objetivos compartilhados”. Eles destacam a incoerência de que estudos sobre a África muito frequentemente sejam realizados sem nem mesmo contarem com a participação de cientistas do continente. “Envolvimento comunitário e governamental, incentivo a lideranças científicas locais e aplicação dos resultados para resolver problemas de saúde pública” são algumas das ações recomendadas pelo manifesto para enfrentar a inequidade na produção de ciência junto a parceiros de países mais desenvolvidos.
Os ataques de Israel aos trabalhadores da saúde da Palestina
Samah Jabr, a psiquiatra responsável pela unidade de saúde mental do Ministério da Saúde da Palestina, esteve no Brasil na semana passada, para uma série de atividades acadêmicas, literárias e políticas. Além de lançar seu livro Sumud em tempos de genocídio, Jabr também se encontrou com o Conselho Nacional de Saúde (CNS) para debater ações de apoio ao povo palestino, como o envio de ajuda humanitária e a implementação de recomendações pelo cumprimento de acordos internacionais de direitos humanos. Em entrevista ao jornal A Verdade, a médica afirmou que Israel atinge deliberadamente os trabalhadores da saúde da Faixa de Gaza, com o objetivo de fragilizar o sistema de saúde local e agravar o sofrimento do povo da Palestina. “Destruir o sistema de saúde significa que os palestinos vão continuar morrendo mesmo que os bombardeios parem amanhã”, disse a médica.
HPV: Quem usa PrEP também deverá se vacinar
O Ministério da Saúde anunciou ontem (3/7) a ampliação do público-alvo da vacinação contra o HPV. Serão incluídas as pessoas de 15 a 45 anos que tomam Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), um método de prevenção do HIV por meio da ingestão de uma pílula diária. Seguem protegidos pelo imunizante os segmentos que já faziam parte de seu público: crianças de 9 a 14 anos, pessoas que vivem com HIV/Aids, pacientes oncológicos, transplantados e vítimas de violência sexual. A nota técnica que sustenta a decisão de estender a vacinação a mais um grupo avalia que ela será fundamental no combate às infecções sexualmente transmissíveis – como são o HIV e o HPV. “A prevenção combinada aumenta a proteção”, destacou a ministra Nísia Trindade.
Joinville combaterá dengue com Wolbitos
Joinville (SC) será a próxima cidade a aderir ao método Wolbachia de combate a dengue. Na segunda-feira (1º/7), foi inaugurada pela prefeitura, com o apoio da Fiocruz e do Ministério da Saúde, uma biofábrica dos mosquitos utilizados pelo método – conhecidos como Wolbitos. Os primeiros deles serão soltos na cidade ainda nas próximas semanas, revela a Agência Brasil. Os insetos infectados com a bactéria Wolbachia são imunes ao vírus da dengue, e por isso ajudam a controlar a disseminação da doença. No evento de lançamento da fábrica, o vice-presidente da Fiocruz Marco Krieger afirmou que o método já “mostrou efetividade nos locais em que foi implantado, com uma redução significativa das arboviroses”. Cinco outras cidades brasileiras já haviam aderido à ferramenta — e têm destaque os resultados de Niterói. Mais seis – Foz do Iguaçu, Londrina, Natal, Presidente Prudente, Uberlândia e a própria Joinville – estão recebendo os Wolbitos na atual fase.
Estudo inconclusivo associa Ozempic e doenças oculares
A semaglutida, princípio ativo de medicamentos como Ozempic e Wegovy, estaria ligada a um aumento no risco de um tipo raro de doença ocular, sugere um estudo noticiado na Reuters e na BBC. A pesquisa, que contou com 17 mil pacientes de diabetes tipo 2, identificou que aqueles que se tratavam com os fármacos em cuja fórmula está a semaglutida tinham cerca de 4 vezes mais riscos de desenvolver a neuropatia óptica isquêmica não-arterítica (NAION, na sigla em inglês) do que os que se medicam com outros remédios. Entre os que usam a substância para combater a obesidade, o risco chegaria a ser 7 vezes maior. Por outro lado, apesar da diferença comparativa, o número absoluto de casos foi reduzido: foram vinte os pacientes que desenvolveram a doença. “Nossos resultados devem ser considerados relevantes mas ainda iniciais, e mais estudos serão necessários para examinar a questão em uma população maior e mais diversa”, opinou o professor de oftalmologia em Harvard que coordenou a pesquisa.
Avança a luta pela manutenção do EJA da Fiocruz
Após ameaça de encerramento sob alegação de falta de verbas, o curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) deve seguir existindo. De acordo com a Associação dos Estudantes Secundaristas do Estado do Rio de Janeiro (AERJ), que acompanhou e respaldou a mobilização dos alunos e de seu Grêmio, a Presidência da Fiocruz comprometeu-se com a manutenção das atividades do curso, que atende majoritariamente moradores das comunidades no entorno do campus central da instituição, como Manguinhos. “A gente conseguiu que fosse criado um Grupo de Trabalho com representação do Grêmio do EJA para debater o que será feito. Nossa proposta é que ele seja integrado a um curso técnico, se tornando um Proeja”, afirmou a diretora da AERJ Marina Grutter ao Outra Saúde. Professores, funcionários e estudantes da Fiocruz haviam se manifestado em favor da continuidade do EJA, uma notável iniciativa de aproximação entre a universidade e a comunidade que existe desde 2005.