A mobilização em torno da 17ª Conferência de Saúde

Fernando Pigatto, presidente do CNS, detalha os preparativos para o evento que acontece em 2023. Afirma: é cada vez maior a participação popular ao redor da saúde pública. Sua fala convoca à esperança e reconstrução do futuro

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A organização da 17ª Conferência Nacional de Saúde está empenhada em virar a infeliz página da história onde hoje nos encontramos. Inspira-se na luta sanitarista e no movimento democrático brasileiro, que culminaram na Constituição de 1988 – em especial no artigo 196, que garantiu a Saúde como direito de todos e dever do Estado. Palavras de Fernando Pigatto, presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que frisou, em entrevista ao Outra Saúde, a disposição da entidade em pensar futuros possíveis para o Brasil. 

O evento intensificou sua divulgação desde a semana passada. O trabalho de mobilização permanente se prepara para a etapa nacional, que acontece entre 2 e 5 de julho de 2023.

“É um processo de construção coletiva, a mobilização aumentou desde o ano passado”, afirma. E as articulações já dão frutos: a Conferência Livre, Democrática e Popular de Saúde, que acontece em agosto, faz parte da preparação da etapa nacional enquanto impulsiona a mobilização pela saúde pública e pelo SUS em ano eleitoral. 

Para Pigatto, esse é o momento de pressionar, exigir o compromisso de todas as candidaturas de 2022, de deputados estaduais ao presidente. As fases municipal e estadual da Conferência acontecem entre novembro de 2022 e maio de 2023, espaços possíveis para participação política e colaboração de interessados.

Ainda como preparação para a 17ª Conferência Nacional de Saúde, o CNS realiza também a 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental e a 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena – que teve sua edição de 2018 cancelada pelo governo Temer

A proliferação de espaços para discutir a saúde pública em todos os seus âmbitos já havia sido notada em 2019, ano da 16ª Conferência Nacional. Pigatto observa que, mesmo antes da crise sanitária causada pela pandemia de covid, o mundo da saúde já havia percebido os riscos iminentes e intensificado sua mobilização em defesa da rede pública. Naquele ano houve número inédito de encontros municipais, que resultaram em 70% de participantes novos na etapa nacional, pessoas que nunca antes participaram de processo como aquele. A adesão massiva garantiu que o evento ocorresse mesmo com oposição do ministério da Saúde.

É com esse entusiasmo que o presidente do CNS conclama a todos que participem das conferências. Pigatto entende que os retrocessos foram enormes e a resistência popular impediu que piorassem. Suas palavras de confiança ressoam o mote da 17ª Conferência, em homenagem a Chico Buarque e sua canção-símbolo da luta democrática: Amanhã vai ser outro dia.

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