A insatisfação de jovens trabalhadores da saúde no Reino Unido
• Pressão sobre jovens trabalhadores do NSH inglês • Um medicamento de R$ 11 milhões no SUS • Vacinação contra dengue e a ampliação da faixa etária nas capitais • Nos EUA, um questionamento à indústria de vapes •
Publicado 24/02/2025 às 15:43 - Atualizado 24/02/2025 às 15:45
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O NHS, sistema público de saúde da Inglaterra que foi inspiração ao SUS, enfrenta uma “bomba-relógio” na retenção de jovens profissionais, alertam líderes de enfermagem em matéria do Guardian. Análise do Nuffield Trust, um think tank dedicado a pesquisas e análises sobre políticas de saúde e assistência social, revela aumento do estresse e insatisfação entre funcionários da chamada “Geração Z” (21 a 30 anos). Entre 2013 e 2023, o estresse relacionado ao trabalho subiu 14 pontos percentuais: 52% relatam adoecimento por estresse em 2023.
A insatisfação salarial entre jovens dobrou (10% para 22%), enquanto entre os mais velhos (51 a 65 anos) permaneceu estável. Nicola Ranger, do Royal College of Nursing, explica que jovens enfermeiros enfrentam pressão extrema, salários estagnados e falta de progressão, levando muitos a deixar a profissão. As condições difíceis para jovens trabalhadores pioraram, em especial com pressões financeiras e serviços de saúde sobrecarregados. O NHS afirmou que tem procurado melhorar o ambiente de trabalho, oferecendo maior flexibilidade e suporte à saúde mental, mas especialistas pedem investimentos em salários e aumento da força de trabalho para reter talentos e garantir o futuro do sistema de saúde.
Elevidys no SUS e o debate sobre medicamentos de alto custo
O SUS realizou as primeiras infusões do Elevidys, o medicamento mais caro do Brasil (R$ 11 milhões por dose), em duas crianças com distrofia muscular de Duchenne no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). O tratamento cumpre decisão do STF e é indicado para crianças de 4 a 7 anos, visando estabilizar a função muscular. A doença, rara e genética, causa fraqueza muscular progressiva, principalmente em meninos, e até então só era tratada com corticoides. Segundo a neurologista Michelle Becker, o medicamento não é uma cura, mas pode retardar a progressão da doença.
Como mostrou Reinaldo Guimarães em um artigo publicado no Outra Saúde, os medicamentos de alto custo levantam um debate importante sobre os recursos destinados ao SUS. A política de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde registrou aumento significativo de despesas, especialmente nos componentes Especializado e Estratégico, que saltaram de R$ 9,5 bilhões para R$ 19,8 bilhões em 2021.
Segundo o sanitarista, a economista Mariana Mazzucato propõe uma nova abordagem para a inovação em saúde, sugerindo que o Estado participe ativamente no desenvolvimento e precificação de medicamentos, compartilhando riscos e recompensas. A falta de acordos tem levado a um aumento de decisões judiciais, onerando ainda mais o SUS. A busca por soluções que equilibrem custos e acesso a tratamentos inovadores é urgente para garantir a sustentabilidade do sistema.
Dengue: como está a vacinação nas capitais
Há alguns dias, o Ministério da Saúde estabeleceu que estados que tivessem estoques da vacina contra dengue a menos de dois meses do vencimento deveriam ampliar a faixa-etária de seu público alvo. Mas Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Natal, Porto Velho, Recife, São Paulo, Salvador e Vitória anunciaram que não têm doses a vencer e por isso não vão estender a outras idades – serão oferecidas apenas aos jovens de 10 a 14 anos. O Rio de Janeiro já aplica em adolescentes até 16.
Uma matéria da Agência Brasil compilou, então, os dados da vacinação nas capitais brasileiras. A maior cobertura entre elas está em Aracaju: 69,9% do público alvo tomou ao menos uma dose. Vitória também já alcançou mais de 66%. A pior capital nesse quesito é Belém: menos de 9 mil foram vacinados, 10,63% dos jovens. Quanto à segunda dose do esquema de imunização, os números vão mal na maior parte das cidades. Em Salvador, por exemplo, apenas 12% do público-alvo está completamente protegido. Recife tem número ainda pior: 6,5% com esquema vacinal completo.
Procuradora estadunidense processa fabricantes de vapes
O estado de Nova York processou 13 fabricantes e distribuidores de cigarros eletrônicos (os chamados vapes) por promover uma “epidemia entre os jovens”, conforme anunciado pela procuradora-geral Letitia James. As empresas, como Puff Bar e Elf Bar, são acusadas de comercializar produtos com sabores atrativos (frutas, caramelo) e embalagens coloridas, para atrair menores de idade. Letitia exige centenas de milhões de dólares em indenizações, a recuperação de receitas ilegais e a criação de um fundo para combater o uso de vapes entre jovens.
Ela afirma que as empresas enganam consumidores sobre a segurança e legalidade dos produtos, violando regulamentações sanitárias. Apesar da proibição de vapes aromatizados em Nova York, em lei de 2020, empresas continuam a vendê-los. A FDA não autoriza vapes com sabores, e estudos indicam danos pulmonares irreversíveis e maior risco de dependência química em jovens. Em abril de 2023, a Juul pagou US$ 462 milhões por práticas semelhantes.