A eficácia e a urgência das vacinas contra dengue

Vacinação está reduzindo casos e mortes, mas ainda é extremamente limitada. Por isso, destaca-se o papel do imunizante produzido pelo Instituto Butantan, a ser incorporado em 2026

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Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, entrevistado ao vivo no Bom Dia Pernambuco na última sexta-feira (9), a vacinação contra a dengue está surtindo efeito. Nas cidades brasileiras com maior risco de transmissão, as mortes foram reduzidas em mais de 80%. No Brasil, a redução de casos foi de mais de 70%. A campanha de vacinação está utilizando o imunizante da farmacêutica japonesa Takeda mas, para 2026, o ministério prevê uma campanha nacional utilizando as vacinas nacionais contra a dengue, que serão entregues pelo Instituto Butantan. De fato, segundo o painel de monitoramento do governo, os números relacionados à dengue no Brasil melhoraram quando se compara com o mesmo período de 2024.

Como alertou a coordenadora da comissão de epidemiologia da Abrasco, Alexandra Boing, ao Outra Saúde, as perspectivas para 2025 indicam um cenário preocupante no início do ano, com risco de aumento significativo em algumas regiões do Brasil como Sul e Sudeste. Os atuais dados confirmam a preocupação: só na capital paulista, epicentro da crise sanitária, de acordo com o último boletim epidemiológico, um terço da população já vive em bairros onde está declarada epidemia da dengue. A ampliação da oferta de vacinas pode ter um papel importante para continuar revertendo esse cenário.

Atualmente, o único imunizante aprovado no Brasil é a vacina japonesa Qdenga. Porém, com sua escala de produção só é possível alcançar um número muito limitado de pessoas. Essa situação reforça a urgência da disponibilização da vacina contra a dengue do Butantan – afinal, como afirmaram Susana van der Ploeg e Carolinne Scopel na coluna Saúde não é mercadoria, a dependência de um único fabricante de vacina contra a dengue é um dos grandes problemas a serem enfrentados.

Em sua última cerimônia pública no cargo de ministra da Saúde, em fevereiro, Nísia Trindade apresentou uma estratégia para vacinar toda a população elegível contra a dengue nos próximos dois anos. Na ocasião, foi anunciado um acordo para incentivar a fabricação em larga escala do imunizante desenvolvido no Instituto Butantan – priorizando a soberania na fabricação de vacinas.

“Um dos objetivos primordiais é permitir que o Butantan seja autossuficiente na produção de insumos biológicos e tenha alta capacidade produtiva para atendimento pleno ao Ministério da Saúde”, afirmou Gustavo Mendes, diretor de Assuntos Regulatórios, Controle de Qualidade e Estudos Clínicos da Fundação Butantan, em entrevista ao Outra Saúde. Neste sentido, a discussão dos imunizantes vai além da questão prevenção versus vacinação; também diz respeito à transformação do setor industrial em um ator econômico de peso.

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