O adeus ao sanitarista Mario Testa
• Adeus a Mario Testa • Homenagens do movimento sanitarista • Ministério age para garantir vacinas contra covid • Após impasse, Nísia faz contrato com outras empresas • Reembolso de transportes a agentes de saúde • Caneta antialérgica brasileira •
Publicado 07/11/2024 às 10:15 - Atualizado 11/11/2024 às 12:56
Morre Mario Testa, sanitarista construtor do SUS
Aos 99 anos, faleceu em Buenos Aires o sanitarista Mario Testa, um dos fundadores da Associação Latino-Americana de Medicina Social (Alames), um pilar da elaboração dos sistemas públicos de saúde da região. Argentino, Testa viveu no Brasil e no estado da Bahia participou de experiências que contribuíram para a formulação do modelo estabelecido a partir da criação do SUS, a exemplo do Projeto Montes Claros. “Mario Testa é uma referência para todos nós de saber, generosidade, liderança e de formação de gerações de sanitaristas na América Latina. Ele colocou em outro patamar a produção acadêmica sobre planejamento, poder e política de saúde, instrumentos poderosos para a luta política na saúde coletiva”, afirmou José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde.
Congresso da Abrasco homenageia Testa
A passagem de Mario Testa teve ampla repercussão nos movimentos e instituições ligadas à saúde pública. Em Fortaleza, onde terminou nesta quarta o 5º Congresso de Política, Planejamento e Gestão da Saúde (PPGS), realizado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva, sua morte não passou despercebida. Em meio à agenda de palestras e eventos, os organizadores fizeram homenagens e discursos em sua memória. “Mario era um homem extremamente amoroso com todos. Acho que isso o tornou o grande mestre que ele foi: essa disposição de doar seu saber para todas as pessoas que se aproximavam em busca de conhecimento. A capacidade de juntar o planejamento técnico com uma visão política estratégica e formulação teórica tornava ele um intelectual único”, lamentou Sônia Fleury, pesquisadora e cientista política da Fiocruz.
Vacinas de covid-19: ministério exige entrega de lote
A controvérsia em torno da encomenda de vacinas da Moderna contra o coronavírus continua. Após combinar substituição de lote entregue com atraso, o que facilitou o vencimento de cerca de 4 milhões de doses, o Ministério da Saúde (MS) insiste na entrega de todo o montante previamente combinado. Tais imunizantes foram desenvolvidos para combater a variante XBB da covid e sua distribuição não foi completamente realizada para estados e municípios, o que gerou escassez em parte do SUS. A Moderna oferece um lote ainda mais atualizado, que se refere à variante JN1. Apesar de não licenciada pela Anvisa, seria possível adquiri-lo em exceção permitida em lei, uma vez que já foi aprovado por órgãos similares de outros países, mas a pasta de Nísia Trindade exige a entrega dos lotes anteriores, enquanto a Moderna alega ter parado de produzi-los. Além disso, mostra insatisfação com a demora da Anvisa em analisar o pedido de registro da vacina da Moderna, que já leva dois meses.
Ministério assina novos contratos
Em razão do impasse com a Moderna, o ministério abriu um novo pregão para aquisição de imunizantes contra a covid-19. Instituto Serum, da Índia, e Pfizer serão os fornecedores de 69 milhões de doses, mesma quantidade combinada com a Moderna. O contrato com ambas as empresas ainda não foi assinado, mas o objetivo de entregar 70 milhões de doses até dezembro fica praticamente inviável. Foram cerca de 10 mil casos e 106 mortes na última semana epidemiológica, de acordo com dados oficiais do ministério. A Covavax, do laboratório indiano, terá 57 milhões de doses destinadas a pessoas maiores de 12 anos, enquanto as 11,92 milhões da Pfizer serão aplicadas em crianças.
Governo sanciona lei que reembolsa agentes de saúde
Nesta quarta, 6/11, Lula sancionou a lei 2012/19, que visa indenizar agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias que tenham utilizado veículo de transporte próprio para realizar ações de saúde. É o que acontece, por exemplo, na prevenção a infecções virais, vacinação e monitoramento de pacientes. Em seu discurso, Nísia afirmou que tais agentes são fundamentais para a construção de um SUS equitativo e inclusivo e destacou iniciativas do MS para a formação de tais profissionais, como o programa de educação Mais Saúde com Agente. De acordo com o governo, cerca de 55% dos 400 mil agentes de saúde devem ser beneficiados por esta lei, que atualiza regulamento anterior de reembolso pelo uso de transportes, mas não especificava o uso de veículo particular.
Brasil desenvolve caneta antialérgica
Um grupo de pesquisadores brasileiros orientado por Renato Rozental, médico e pesquisador da UFRJ, desenvolveu uma caneta injetora de adrenalina para ser usada na parte lateral da coxa. O produto servirá para pessoas com alergia grave em momentos de choque anafilático, quando a infusão da substância serve para conter seus efeitos. A pesquisa foi financiada por empresa paulista e espera-se que a Anvisa leve até 11 meses para validar o registro da caneta. Hoje, o produto precisa ser importado e a versão brasileira prevê uma diminuição de custos de até 80%. Segundo Rozental, essa forma de medicação contra choques anafiláticos passou décadas sem receber o devido interesse da indústria do setor. No entanto, há um aumento regular na quantidade de pessoas alérgicas, resultando em internações e mortes, o que ampliou o apoio à produção deste insumo. Além de picadas de animais e resistência a determinados medicamentos, o aumento da alimentação industrializada é apontado como uma das causas do aumento do número de alérgicos pelo mundo.