WikiFavelas: Os jovens que chacoalham as periferias

Dicionário Marielle Franco analisa o Papo na Laje, programa instigante conduzido pela juventude periférica. Em pauta: ir além do ocupar a política e criar outras visões de mundo, a partir dos saberes afroculturais. “O nó é que constrói o nós”, apontam

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A potência das juventudes ganha ruas, redes e visibilidade, em diferentes tempos históricos, impulsionando reivindicações em todo o mundo. Em suas mobilizações, comumente, há combustível para a transformação social.

Em 2023, na França, vemos milhares de jovens se juntando às lutas contra a Reforma da Previdência, que está em debate, bradando ocuparem as ruas “pela honra dos trabalhadores e por um mundo melhor”. Nas lutas em defesa da justiça climática, há potentes nomes como a sueca Greta Thunberg, de 19 anos, ou a ugandense Vanessa Nakate, de 26 anos. Nos Estado Unidos, Amanda Gorman é uma das fortes vozes da juventude negra que disputa a cena política para discutir gênero, raça e diáspora.

No Brasil, milhares de jovens, em sua diversidade, ocupam espaços políticos como ruas, redes sociais, escolas, universidades e aldeias, no meio urbano ou rural, para disputar os rumos da sociedade. Para citar exemplos recentes, lembremos das lutas indígenas, com expoentes como Txai Suruí, líder do povo Suruí e coordenadora do Movimento da Juventude Indígena, que fez um brilhante discurso na última assembleia da ONU em 2022, em defesa das florestas. Nas lutas das favelas, há outros grandes exemplos de potências que têm indicado o caminho da luta como possibilidade de conquistar outros horizontes de vida, com dignidade para todas as pessoas. Nos últimos meses, também acompanhamos o papel de grandes lideranças, como René Silva, comunicador do Complexo do Alemão, no fortalecimento da campanha eleitoral ao lado do então candidato Luís Inácio Lula da Silva, nas favelas do Rio de Janeiro, não apenas disputando votos para o presidente em seu território, mas mobilizando suas redes e canais de comunicação para combater fake news que reforçam o estereótipo histórico de criminalização dos moradores de favelas.

As lutas dos jovens favelados também passam pelo debate climático, quando vemos ativistas como Marcelle Decothé defender que não se deve debater mudança climática sem discutir gênero, raça e território – já que as mulheres negras são as mais afetadas pelas mudanças. Nas lutas pela vida dos jovens negros, vemos uma grande convergência. Thux Nascimento, cria da baixada fluminense e estudante de direito na UFRJ, nos lembra todos os dias que não é uma fantasia defender que as máquinas da morte fiquem longe das favelas, especialmente para preservar a vida da juventude negra que vem sendo exterminada todos os dias pelas mãos do estado.

Hoje, a coluna do Dicionário de Favelas Marielle Franco discute, uma vez mais, o tema “Ser Jovem Hoje”, que permite enfoques ricos e diversos, a partir de um programa de televisão produzido por jovens de periferias e favelas do estado do Rio de Janeiro. O Programa Papo na Laje se apresenta como um programa televisivo interessado nas múltiplas experiências de protagonismo das juventudes de favelas e periferias do estado. Já finalizou a sua segunda temporada e prepara o seu retorno, às quintas feiras, às 18h, no canal da TV Comunitária do Rio de Janeiro (TVCRio) e no YouTube. A escuta dos pares, além das próprias experiências de participação política e organizativa, valorizando o trabalho de base, impulsionaram a criação/ocupação desse novo espaço de discussão, que usa e disputa ferramentas contemporâneas indispensáveis de comunicação na esfera pública.

Há alguns anos, ao pensar no movimento de juventudes, muitos de nós pensaríamos apenas no movimento estudantil, organizado em escolas e universidades. É fundamental alargar tal concepção, a partir da compreensão de que jovens brasileiros – considerando mais especificamente a ótica daqueles que vivem em situação de pobreza – estão implicados em mudar o mundo na sua complexidade, como vemos nos poucos exemplos citados acima. Assim, organizam-se para defender seus direitos, seja no campo da educação – tanto por meio do tradicional e fundamental movimento estudantil, mas também com a criação de ferramentas de educação popular, na construção de mobilizações na cultura e no direito à cidade – seja por meio da pesquisa e comunicação comunitária e tantos outros lugares e instrumentos de luta – pautando temas interseccionais na construção dos direitos de cidadania. Aqui fazemos uma menção honrosa às rodas culturais em favelas e periferias que insistem em se organizar para apresentar aos jovens perspectivas de mundo a partir da cultura, num bravo ato de invenção de mundos possíveis, produzindo saúde e potência em contextos de vulnerabilização.

Na disputa pelo direito à cidade, as pessoas de favelas circulam e inventam mobilizações de afirmação de que não há lugar no mundo que não possa ser seu. Os rolezinhos foram uma expressão da luta política. Aliás, a luta política em diversos momentos também ocupa a política institucional. Daí podemos observar a qualidade da ocupação dos(as) jovens no parlamento. Especialmente quando falamos de jovens de favelas, podemos observar a preocupação em produzir políticas públicas voltadas aos seus: um caso é o da deputada estadual Dani Monteiro (PSOL/RJ), eleita pela primeira vez para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro aos 26 anos. A jovem negra cria do Morro do São Carlos presidiu uma Comissão Especial da Juventude, importante ferramenta legislativa para mapear a situação de vida da juventude do estado e propor políticas públicas para promoção de emprego e renda; acesso à formação; redução de violências; acesso à cultura e saúde.

Na primeira discussão sobre o tema “Ser Jovem Hoje”, em outubro de 2022, os participantes enfatizaram o sentido de pertencimento ao território que o conceito de “cria” da favela retrata. É um conceito nucleador e mediador, que dá sentido aos sentimentos coletivamente compartilhados. São aqueles que falam e entendem a sua língua, de pessoas que não aprenderam a “falar bonito e nem a ouvir bonito”. A língua aparece como parte do processo de dominação na escola tradicional e como possibilidade de comunicação e aprendizagem quando os professores populares falam como os jovens das favelas. Já a militância política é vista como uma explosão da consciência – uma retirada da venda dos olhos – e também como articulação e novas relações com outros militantes dos movimentos sociais e estudantil. A ação coletiva surge da necessidade diante da ausência das políticas públicas e da necessidade de enfrentar os problemas cotidianos, mas, fundamentalmente, da solidariedade, da organização e da responsabilidade diante das situações que os afligem, como ficou demonstrado no combate à pandemia. Como todo jovem, sonham com a transformação da realidade em que vivem, mas o sonhar só ganha sentido quando é compartilhado, fabulando juntos o futuro.

O episódio 2 do Programa Papo na Laje foi gravado na favela Cerro Corá, em Laranjeiras, e deu continuidade ao tema do primeiro episódio “Ser Jovem Hoje”. Os convidados foram Magda Gomes e Gelson Henrique, jovens pretos, articuladores de movimentos políticos ligados a mulheres e juventudes, entrevistados por Juliana França. Nesta segunda discussão sobre o tema, a necessidade de ocupação dos “espaços políticos” ganha grande relevância, especialmente a partir do recorte racial que atravessa todos os outros assuntos da conversa, atrelados às vivências dos entrevistados, autoidentificados como parte das “novas gerações” que compartilham visões de mundo a partir da cultura afrodescendente. O elemento comum da negritude é mencionado como elo de conexão com redes de afetos, mas também é agregador do sofrimento de violências que continuam a marcar suas gerações.

Já não é mais novidade que, ano após ano, o padrão da violência letal, por exemplo, se mantenha ou aumente no país: divulgada pelo IBGE, a pesquisa “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil” constatou que, em 2020, pessoas pardas na faixa etária de 15 a 29 anos apresentaram taxa de 34,1 mortes por 100 mil habitantes e as de cor ou raça preta, de 21,9 mortes – o que representa quase o triplo e o dobro, respectivamente, da taxa entre as pessoas de cor ou raça branca (de 11,5 mortes por 100 mil habitantes).

Ainda entre os tópicos discutidos pelos jovens entrevistados, foram mencionadas questões relativas à forma de ocupação dos espaços; à construção de futuro, levando em conta a noção de uma “política do compartilhamento”, herdada de matrizes culturais de origem africana – tanto de um passado ancestral longínquo, quanto de matriarcas da família que carregam conhecimentos e repassam às crianças; à ancoragem do fazer político “o tempo todo e em todo o lugar” e à dimensão da educação nas favelas cariocas. Portanto, a incidência política é pensada a partir do conceito da proporcionalidade e não mais da representatividade; compartilhar diz respeito não só à prática da solidariedade, mas a acessar todos os direitos e lugares sociais em sua integralidade, não a partir de posições subalternas. Para isso, é preciso que a agência política – compreendendo-se como “sujeita/sujeito política” – aconteça em todos os lugares cotidianos, já que diz respeito a uma visão crítica, não colonial, da realidade. Por fim, é principalmente a partir do campo da educação que é preciso construir/reforçar o entendimento das favelas como fontes de conhecimentos que dialogam com as juventudes, em suas diversidades, do entendimento do seu protagonismo a respeito das histórias ali vividas, bem como da construção da história do país – reforçando a importância dos saberes não acadêmicos. Leia o verbete completo no Dicionário de Favelas Marielle Franco. As análises foram construídas por um grupo de estudos sobre análise de discurso sob a coordenação de Sonia Fleury. (Introdução: Caique Azael, Kita Pedrosa e Clara Polycarpo)

A política no discurso dos jovens favelados

Mais do que representatividade: proporcionalidade

A questão da ocupação dos espaços políticos permeia toda a conversa neste episódio 2 do Papo na Laje, especialmente a partir dos relatos e experiências de Magda Gomes e Gelson Henrique. Tomam como exemplo o coletivo Mulheres Negras Decidem, onde se pode ver a “mulherada preta” sentada em roda, pautando seus temas de interesse, defendendo a importância de buscar incidência sobre a política institucional e trazendo as referências negras pertinentes ao debate. Trata-se de um espaço que reconhece o papel das mulheres como sujeitas políticas sem que isso esteja atrelado a uma determinada formação acadêmica, que busca recuperar o “lugar de incidência de sujeitas políticas que nós somos” e o esforço ali é o de construir “como se entender enquanto sujeitas políticas e se articular por esse lugar”. A questão da legitimidade vem do elemento comum da negritude, que independente da trajetória de cada um faz com que todos os que dele compartilham sejam lançados numa mesma rede de afetos, opressões e também de construções em potencial. A tensão entre os saberes que se originam da experiência compartilhada da negritude e o conhecimento acadêmico se dilui quando recorrem ao conceito de “capital social e cultural” de Bourdieu e apontam que a questão seria como ampliar a representatividade dessas mulheres negras nesses espaços políticos.

Os diferentes conflitos vivenciados pelos jovens negros favelados se expressam na necessidade de burilamento dos conceitos, de tal forma que expressem o sentido político que lhe querem atribuir. Assim é que ao tratar da ocupação política de espaços pela juventude questionam o conceito e representatividade e o substituem por outro conceito chave, o de proporcionalidade. Juliana França diz: “eu já nem falo de representatividade, eu falo de proporcionalidade… aí a gente começa a conversar!”. Falar de representação já não é suficiente, é preciso representação proporcional, é preciso agir em rede e estar em todos os lugares. Sobre representação, os participantes acreditam que não se trata de “reinventar a roda”, posto que, segundo Magda, “o Movimento Negro Unificado já deu o papo, você tem atualmente a Coalização Negra por Direitos, tem tantos outros movimentos… a potência das nossas redes é ser estratégico, saber qual é o plano político, equalizador que desejamos”.

A ideia do representante é vista por Gelson como local da representatividade do um só, do destaque, o que “é muito perigoso pra gente que é preto”. A oposição se estabelece entre o destaque – o representante individualizado – e a rede, ou construção, que fortalece o coletivo. Eles terminam defendendo que “a gente não pode se forjar no debate da vaidade, a gente tem que se forjar no debate da construção”, onde cada um tem o seu espaço e sua forma de atuar: alguns serão os que vão pegar o microfone; outros vão atrás do financiamento, da grana; e outros vão cuidar dos demais, oferecer uma água e dizer “descansa militante”. Ao tratar do apoio anônimo e acolhedor, expresso no copo d’água e no apelo “descansa militante” os três participantes se unem e brindam alegremente.

A gente não quer dividir o que sobra, a gente quer dividir o que tem”

A visão política dos participantes é atravessada pelas suas experiências e vivências de compartilhamento, assim como pela cosmovisão da cultura afrodescendente, onde passado, presente e futuro se entrelaçam. Como no velho ditado iorubá que diz que “Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje”.

O que significa pensar em política institucional ou em política como incidência? Na perspectiva de Magda, refletir sobre política significa necessariamente problematizar a construção do futuro. Assim, a política precisa envolver a construção de um “processo contínuo e perene que traga segurança para o nosso presente/futuro que são as nossas crianças”. Mas como fazer isso? Ela responde essa questão, olhando para trás, mirando nos “nossos ancestrais, nossos anciões”.

Os participantes trazem exemplos de como dentro de casa, os mais velhos, a partir de questões simples da vida cotidiana, deixam lições valiosas sobre o que chamam de política do compartilhamento. A mãe de Gilson, por exemplo, o ensinou o que era a política do compartilhamento muito cedo ao dividir igualmente entre ele e a irmã os poucos biscoitos disponíveis para levar para merenda da escola. Na casa de Magda, “a política do compartilhamento sempre foi óbvia”, uma vez que a premissa da convivência era não aceitar o resto. A base da sociabilidade na casa partia da ideia de que ou se divide o que se tem ou não se divide o resto. Aprender, desde muito cedo, essa lição, permitiu que ela “virasse uma chave” e entendesse que o importante não é dividir o que sobra e sim dividir o que tem.

A noção de política do compartilhamento é extremamente potente, pois ela define não só o modelo de solidariedade do comum, como coloca um parâmetro claro para a luta política que é a rejeição das sobras ou restos que a sociedade dominante lhes destina. Uma leitura política do mundo!

Hoje Magda busca espalhar esse ensinamento, refletindo coletivamente “como a gente soma nesse movimento de partilha”. Ela aponta o fôlego da juventude para somar nesse esforço. Gelson segue o mesmo caminho, falando em juventudes no plural e mostrando que desde a infância as juventudes periféricas aprendem a ter senso de comunidade e de partilha. Isso cria uma leitura política do mundo. Mesmo em situações de escassez, aprender a compartilhar cria jovens que têm um olhar político, que “não é um olhar branco, colonial, acadêmico de quem escreve em Arial 12”, mas sim um olhar crítico e “assertivo de onde estamos vindo”.

A gente faz política o tempo todo em todo lugar: “o nó é que constrói o nós””

Para os entrevistados do episódio, o “fazer” política se ancora em diversas dimensões da ação das juventudes:

– Pertencimento a redes e coletivos: a organização em coletivos e redes de resistência onde militam pela incidência política de mulheres negras, combate à pandemia e à fome, direitos humanos, educação, participação política das juventudes etc. A construção coletiva parte da compreensão de que “sozinho não rola”, que vem dos movimentos que os jovens vão criando e se filiando.

– Entendimento de que o lugar do sujeito político é em todo lugar, pois, toda ação cotidiana é política: comer é político, afeto é político, corpos são políticos, estar juntos é político. É no micro que vão fazendo as coisas acontecer, desenvolvendo uma leitura política, um olhar crítico sobre a realidade: não branco, não colonial, não acadêmico – “Arial 12”. Todo movimento individual está ligado a uma rede, a um coletivo, independente da vontade ou consciência.

– Mudaram o eixo do debate ao assumirem, nas favelas, o combate à pandemia e à fome pois puderam deslocar a pregação sobre medidas de higiene incompatíveis com a realidade local para medidas concretas e adequadas aos recursos disponíveis, levando à organização de redes de coletivos e de redes.

– Avaliação de que não adianta querer melhorar o Estado porque ele não está falhando em seu projeto político que visa à subalternização e extinção dessa população.

– Sabotar o pacto colonial se faz construindo os nós que dificultam a ação da branquitude. A afirmação de que “o nó é que constrói o nós”, como desenvolvido no artigo de Gelson Henrique publicado na Agência Jovem, envolve o uso de tecnologias ancestrais como a roda de conversa, de samba, do terreiro, espaço onde os nós são construídos e constroem os nós identitários e as barreiras ao colonialismo.

Favela educa ou educa a favela?

Esta pergunta, feita neste segundo episódio, é fundamental para refletir sobre educação nas favelas. De imediato, ela coloca sujeitos de tais territórios em posição de produtores de saberes a construir o universo educacional. Favela é fonte de conhecimento, produz saberes. A partir da ancestralidade, conhecimentos múltiplos, que atravessam gerações e constroem um riquíssimo arcabouço histórico-cultural para a favela, são adquiridos e transmitidos. A grande questão é fazer valer tais conhecimentos afroculturais.

Uma outra reflexão trata da política pública na educação. É preciso refletir sobre como as crianças e os jovens da/na favela estão sendo educadas. O que o MEC ensina em tais espaços periféricos? Os saberes ensinados refletem e dialogam com a vivência dessa juventude? Ou existe um movimento, advindo do MEC, para que esses jovens apenas passem em vestibulares como o Enem, e simplesmente sejam inscritos em uma ideologia branca dominante, de matriz colonial, que desconhece a formação de sujeito pensante na favela e que impossibilita que seus saberes sejam inscritos como tais? É preciso pensar em como inserir saberes não chancelados pelo MEC, ou como dito no episódio “como tornar esses saberes possíveis?”, na rede educacional produzida pelo Estado. É preciso pensar como tornar possível que os conhecimentos produzidos em espaços periféricos sejam inscritos na rede educacional do Estado.

A favela aqui é vista como protagonista de sua história. Essa mudança potencializa o saber vindo da favela. Um saber que permite a vida, porque, segundo Gelson, “só estamos vivos por causa de nós”. Isso reinforma que os conhecimentos não-acadêmicos são conhecimentos assertivos e poderosos advindos da população periférica. A resposta está na formação pelas redes, pelos coletivos, pelas rodas. É preciso apostar nestes outros espaços e formas de transmissão que fazem circular esses conhecimentos dentro e fora da favela. Afinal, “a gente não faz nada sozinho”.

“À luz dos mais velhos sendo farol para os mais novos”

Como forma de lembrar e reverenciar o passado, as fabulações de futuro de Juliana, Magda e Gelson são representadas como movimento, um movimento de continuidade e perenidade por meio do tempo, tal qual o canto em uma roda de capoeira. Afinal, “tempo é orixá”, e é à luz dos mais velhos que se guia o farol para os mais novos.

O aprendizado trazido pelas tias, mães e avós é circular nisso que se faz pensar no presente e no futuro a partir das crianças e, tendo em conta, ao mesmo tempo, os conhecimentos transmitidos pelos ancestrais. As redes e os sonhos coletivos de sujeitos e sujeitas políticas são o que contribui para a continuidade das gerações. Só estamos aqui porque os ancestrais viveram, guiaram e resistiram. É neste sentido que Juliana cita “Sankofa”, um pássaro com a cabeça voltada para trás, de maneira espelhada, que remete ao retorno, ao caminho e à busca, ou seja, ao retorno ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro.

Magda reforça que é necessário reconhecer que toda atitude individual reverbera no coletivo e, assim, devemos contribuir para a continuidade da geração que foi antes e ser eixo da próxima geração. Continuar é conectar as redes para que cada um seja eixo e ponte na construção dos futuros possíveis. Neste fluxo, sujeitos e sujeitas políticas devem se entender como potência e como nutriente, em uma alimentação que nutre e que sustenta as novas gerações.

[Papo na Laje é um programa disponível em plataformas virtuais, como o Youtube, e na TV fechada (canal 6, Claro/NET) desenvolvido pelo Brasil de Fato em parceria com a TV Comunitária do Rio de Janeiro]

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