Os cem anos que abalaram o mundo
Há 99 anos, ocorria a revolução soviética. Quebrar a prisão surgida de sua derrota exige, tal como defendia Walter Benjamin, fazer a redenção do passado e de todos aqueles que nele combateram e foram vencidos
Publicado 08/11/2016 às 17:54 - Atualizado 15/01/2019 às 18:03
Por Nuno Ramos de Almeida
Um dos livros mais interessantes, que está nas livrarias, para analisar o século aberto pela Revolução de Outubro é o Bandeira Vermelha de David Prietsland. Aqui se usa o romance de Nikolai Ostrovski Assim Foi Temperado o Aço para fazer uma espécie de balanço histórico. Neste livro, o herói desaparece prematuramente, como o escritor, que morreu aos 32 anos, cego e paralítico devido aos inúmeros ferimentos que recebeu na guerra civil russa. Pavel é uma espécie de alter ego do autor que, até ao fim, não desiste de viver. Uma história a preto-e-branco em que lutam, vivem e morrem bons e maus, sem margem para nuances. Sobre o sentido da existência, o escritor soviético escreveu: “A vida é aquilo que de mais valioso possui um homem, só lhe é dada uma vez e há que saber vivê-la de modo que, no final dos dias, não se sinta o pesar pelos anos passados em vão, para que não haja angústia sobre os anos perdidos, e seja possível dizer, no momento da morte, ‘toda a minha vida e todas as minhas forças foram dadas à causa mais nobre deste mundo, a luta pela libertação da humanidade’.”
Em 2002, numa sondagem, pediu--se, segundo escreve David Prietsland no seu Bandeira Vermelha, a estudantes universitários chineses que escolhessem um modelo de herói para as suas vidas. A lista estava circunscrita a dois nomes extremados; dela constavam o milionário Bill Gates e a personagem de Ostrovski, o proletário e combatente da cavalaria vermelha Pavel Korchagin. A popularidade do herói de papel é devida a uma série da televisão chinesa. Verificou-se um empate na pergunta sobre quem seria o herói ideal para os jovens: 45% para o comunista e 45% para o bilionário. Já quando se inquiria quem tomariam como modelo de vida, os estudantes universitários chineses deram a maioria ao capitalista: 44% escolheram Gates, 27% ambos e apenas 13% optaram pelo herói comunista.
Prietsland faz-nos um roteiro da história do comunismo tomando como início a Revolução Francesa, em que surgem alguns dos principais elementos da ação revolucionária moderna. O autor descreve a evolução do comunismo nos seus vários momentos históricos, começando pela primeira leva, surgida nas revoluções burguesas de 1848, em países como França e Alemanha, e que se espalham por toda a Europa, chegando por fim à Rússia, país onde acontece a Revolução de Outubro de 1917. A forma de exposição do autor é muito interessante. Mistura as realizações artísticas, as concessões políticas e ideológicas e os factos históricos. Presente, nas quase 800 páginas do livro, a tensão constante da ideologia comunista como ideia de ciência ou prática revolucionária.
Numa altura de abandono ao presente, confrontados com os espectros do desastre, da guerra e da crise ecológica, é necessário revisitar a Revolução Soviética e redescobrir a sua paixão pelo real e a sua fé numa humanidade que tudo pode fazer.
“No fim dos anos 90, os alunos riam quando eu relembrava a União Soviética; eles tinham certeza de que um novo futuro se abria diante deles. Agora, o quadro é diferente… Os alunos já descobriram, já sentiram na pele o que é o capitalismo: desigualdade, pobreza, riqueza descarada; eles já viram bem de perto a vida dos pais, para quem não sobrou nada da pilhagem do país. E eles adotaram uma postura radical. Sonham com a própria revolução. Usam camisetas vermelhas com retratos de Lenine e Che Guevara.” Pode-se ler este testemunho de um professor no artigo “O Fim do Homem Soviético”, escrito pela Prémio Nobel da Literatura de 2015, Svetlana Alexievitch. A “Piauí” é a melhor revista de informação escrita em português. Nesse texto, a escritora russa defende que a revolução bolchevique nos ensinou a não acreditar em utopias.
Gostaria de saber onde encontrar esse livro de David Priestland.
Caraca! Que texto troncho!
Um punhado de fragmentos mal alinhavados não constitui um texto! É só uma salada de sentido vago, apenas um sonho de texto, no sentido freudiano: “vastas emoções e pensamentos imperfeitos”.
E lá pelas tantas o texto arrota um desses vaticínios categóricos típicos dos paulistas: “A “Piauí” é a melhor revista de informação escrita em português”. De onde esse maluco desse autor sacou isso???? E pior: o que esse vaticínio tem a ver com o resto do texto?
O Outras Palavras por acaso deixou de ser um site sério e passou a entregar suas pautas a estagiários semialfabetizados????