SP: “A periferia que engula o lixão!”

A toque de caixa, prefeito Ricardo Nunes quer derrubar 63 mil árvores e implantar incineradores em quebrada paulistana. Caso mostra o racismo ambiental na cidade e violação do Plano de Resíduos Sólidos. População se mobiliza para frear projeto

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Governo de Ricardo Nunes está atropelando processos para se safar de sua própria incompetência na Gestão de Resíduos da Cidade… A beira da exaustão do Aterro de Lixo de São Mateus, de maneira atropelada, o governo Nunes está correndo contra o tempo para não expor sua própria incompetência no tema. Mais uma vez, quer penalizar as periferias e o povo pobre levando o lixo para as quebradas, ao invés de serviços públicos de qualidade, prática típica do chamado Racismo Ambiental. Nunes quer derrubar 63 mil árvores em São Mateus, para começar a queimar lixo em incineradores e ampliar, ainda mais, o aterro sanitário deste território. Este absurdo só está ocorrendo por incompetência das últimas administrações de Doria, Covas e dele próprio, Ricardo Nunes.

O problema do lixo não é novo, desde a época do Maluf o fantasma dos incineradores e lixões já rondava as quebradas de São Paulo. E por que esta forma de gestão de resíduos sólidos é tão maléfica? Porque a queima de lixo libera gases tóxicos no meio ambiente, causadores de câncer e outras doenças. Além disso, mesmo os aterros sanitários são políticas danosas e distantes das melhores práticas.

Após muitas lutas que impediram a instalação de incineradores de lixo no passado, em 2015 finalmente a cidade pensou o PGIRS — Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Um plano que promoveu pesquisas, audiências públicas, consultas populares, para pensar a gestão de lixo da cidade, da coleta, a triagem e o tratamento do lixo. O plano previa metas, sugeria alternativas amplamente discutidas com a população. Fica a pergunta: nos últimos 10 anos, o que Doria, Covas e Nunes fizeram sobre este tema?

Absolutamente nada! São Paulo parou no tempo em termos de gestão de resíduos, não implantou pátios de compostagem, não valorizou catadores e empregos verdes, muito menos incentivou as cooperativas de reciclagem, nada que havia sido definido no PGIRS, que pudesse reduzir o volume de lixo destinado a aterros… Com isso, chegamos a 2025, à beira do colapso do lixo!

Parece haver um bloqueio dos grandes veículos de imprensa para cobrirem o tema, ninguém fala absolutamente nada. Parece que em pleno 2025, Brasil sediando a COP 30, e com a emergência climática, cortar 63 mil árvores para enterrar e queimar lixo é algo trivial e correto… “Problema do povo de São Mateus”, dizem os canalhas…

Isso tem nome e sobrenome: é o mais grave caso de Racismo Ambiental de nossa cidade, jamais visto antes. Este termo surgiu pelo grande companheiro de lutas de Martim Luther King Jr, o também pastor evangélico Benjamin Franklin Chavis Jr. 

Um ambientalista histórico do movimento negro, ele denunciou na década de 80, na Carolina do Norte, que os governantes estavam implantando depósitos de resíduos tóxicos e domésticos, sempre em bairros negros e periféricos. Benjamin cunhou o termo Racismo Ambiental neste contexto há mais de 45 anos e cá estamos com o prefeito de extrema-direita Ricardo Nunes, praticando o mesmo absurdo.

Precisamos dizer não ao corte de 63 mil árvores, não à ampliação do aterro, não à implantação do Incinerador, mas especialmente temos que dizer definitivamente NÃO AO RACISMO AMBIENTAL! Não podemos jamais permitir que a população negra e periférica seja mais uma vez penalizada com o lixo desta cidade. Não somos um lixo, não somos invisíveis, somos sujeitos de direitos, sujeitos periféricos. Vamos à luta, não à queima de lixo, não ao aterro, não ao Racismo Ambiental.

Pedimos a todos que assinem o abaixo assinado e se unam a nós nessa causa.

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