Eu+1: O colonialismo que assola mentes e corpos

Quais as saídas à política de morte, que devasta vidas e nos faz refugiados no próprio país? Como clínicas populares podem ajudar população a se reerguer e costurar resistências? Documentário de Eliane Brum sobre Belo Monte dá pistas

Imagem: REUTERS/Lunae Parracho
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Resenha do documentário Eu + 1: Uma jornada de saúde mental na Amazônia (1), de Eliane Brum, lançado em 2017.

Retocai o céu de anil
Bandeirolas no cordão
Grande festa em toda a nação
Despertai com orações
O avanço industrial
Vem trazer nossa redenção
Tom Zé, Parque Industrial

Contar a história da tragédia de Belo Monte nos requer tomar partido acerca da narração da história de nosso país, de quais versões dessa tomaremos como válidas. Pois a discussão que ronda a construção da Usina em questão atravessa períodos tomados como díspares da história nacional recente. Faz no mínimo trinta anos que os habitantes da região do Xingu denunciavam a inviabilidade do projeto, bem como as consequências nocivas que ele traria ao ecossistema regional. No ano de 2016, que acabaria por ser o último ano do segundo mandato do governo Dilma (2) , representante da Nova República que superara de forma definitiva uma ditadura, e até hoje reconhecida como pertencente aos anos dourados da democracia brasileira, a qual aos poucos nos acostumávamos em voltar a confiar, uma discussão que remete aos porões sórdidos da máquina governamental dos anos de chumbo brasileiros finalmente encontra resolução: a outrora guerrilheira e então presidente Rousseff, ao inaugurar a Usina de Belo Monte, efetivara o destino trágico do discurso militar de exploração, o qual há muito ousara se opor. Com ares sofocleanos, era através (3) de uma das vozes que antes bradavam o futuro que o Brasil retornava ao seu passado profundo; e dos porões da ditadura, o projeto nacional de exploração rugia em retornar a silenciar e oprimir sua população.

Em verdade, o que o caso Belo Monte mais uma vez nos mostra é como o fantasma originário brasileiro continua a não ser encarado. Trancafiada sob o semblante republicano de nossa frágil nova democracia, submersa às poucas páginas de nossos livros de história, a história vivida de nossa nação constantemente nos acossa através de sintomas. Sobre as formações sintomáticas, a primeira grande lição freudiana talvez seja que nos atentemos ao funcionamento intrincado entre memória e narrativa. Em uma topologia onde nada se perde, tudo se recicla através das sombras falseadas do que outrora fora história renegada. Como qualquer freudiano atento perceberia ao ouvir o discurso da então presidente, dos sonos da razão democrática brasileira, produziram-se monstros; e das narrativas recalcadas de sua fundação, precipitavam-se sintomas.

A forma mais tradicional de conceituar o sintoma é através da noção de causalidade. Em um sistema cujo funcionamento contínuo diz respeito à manutenção regular de seus processos internos, o sintoma é tudo aquilo pelo qual se exprime certa experiência traumática, seja essa devida a uma ruptura endógena ou exógena ao organismo em questão, e a qual se denuncia através de sinais determinados de desregulação. A palavra-chave aqui, para nós, é “determinado”. Pois trata-se aqui de compreender o sintoma como mensageiro a denunciar certa patologia; aquela que soturnamente irrompe os processos homeostáticos de determinado sistema, seja devido a um déficit, seja a um excesso qualquer, e o qual a mensura invertida determina também um conceito de saúde.

Se o sintoma é a mensagem denunciada a alguém, seu interesse primordial é fazer-se escutar. Para que seja possível tal escuta, para que nossos aparelhos diagnósticos tanto melhor se sintonizem aos sinais de tal mensagem, é preciso que determinemos quais canais são possíveis e válidos para que tal diálogo ocorra. A mensagem só chega a quem sabe ouvi-la, e para um conceito de saúde que diga respeito a um corpo regulado segundo parâmetros determinados de funcionamento sistêmico, e no qual os processos de resolução de possíveis desregulações se efetivam de maneira responsiva e em tempo esperado, é preciso que nos façamos surdos a tudo aquilo que não se encaixe nos códigos previstos. Dito de outra maneira, para que a mensagem do sintoma seja recebida, é preciso que todo o resto no qual se dá nos apresente ruído; que delimitemos as fronteiras entre o sistema e aquilo que lhe imputa desregulação. Esse modo de lidar com o sintoma encerra-o assim do sistema no qual se dá e circunscreve. Ele é antes mera contingência ao corpo afetado, do qual nada diz respeito — e logo seus processos de cura possuem prontamente como meta o retorno ao prévio funcionamento deste. O corpo, a história pela qual se inscreve no mundo, é o ruído do qual devemos nos desvencilhar ao perscrutar o sintoma. Se o sintoma nada diz da história vivida do doente, fazer voltá-lo à saúde passa assim por saber silenciar espaços de pertencimento de si. A doença, a qual o sintoma é denúncia, são meras lacunas que não pertencem àquele por ela acometido.

Há outra forma de interpretar a relação do sujeito afetado por um sintoma; qual seja, concebê-la como diretamente determinada pelas experiências vividas pelo corpo no qual se apresenta. Antes de uma recepção de mensagens previamente codificadas, escutar o sintoma passa a ser assim compreender sua capacidade de mostração como dimensão sintética das experiências de ruído. Som e ruído são aparências de mesma substância, como jamais devemos esquecer; e o som que nos chega é sempre ressoo transfigurado de um conjunto de ruídos, dos quais, quando isolado, se perde em vácuo. Nesse sentido, o sintoma é uma forma de denunciar não a substância extrínseca responsável pelo mau funcionamento de um organismo, mas a metáfora das experiências cumulativas de sistematização deste. Ele diz respeito às formas mesmas pelas quais se torna possível organizar aquele sistema; pois em certa medida o sintoma é sua história mesma condensada.

Ao escrever sobre as manifestações — inconstitucionais — comemorando a ditadura militar brasileira e pedindo intervenção armada no Supremo Tribunal Federal, Vladimir Safatle definiu o Brasil como uma forma de violência. Falar que nosso país é sobretudo uma forma de violência é (4) afirmar como a precondição para que dele emerjam quaisquer identificações nacionais é sua qualidade de dominação; que anterior a qualquer senso de identidade que dele advenha, a nomeação deste território é fruto da otimização dos dispositivos coloniais a ele anteriormente impostos; que nossas formas de organização sociais são preparadas por uma estrutura específica de gerenciamento da vida e morte dos corpos a ela circunscritos e pautada pela foraclusão de suas origens. A história do Estado-nação brasileiro é a expressão até então mais bem-acabada das políticas de esquecimento programático de corpos, e cujo seio escorre desde as investidas coloniais aqui implantadas. Um país cujo fundamento se inicia da espoliação e repartição capitaneada de terra, da reificação e gerência de corpos alienados, da expropriação material de recursos e, sobretudo, das formas estruturais de esquecimento das mortes por elas causadas. O sintoma do qual viemos comentar não diz respeito a condições contingenciais de emergência, extrínsecas ao funcionamento padrão do organismo dado; mas antes se nos apresenta como mais uma das inúmeras cartas que nos chegam como denúncia de uma história sistematizada de violência, de uma estrutura que produz formas de vida pautadas ostensivamente no alheamento e despertencimento, de uma estação diagnóstica para a qual o grito sintomático de seu seio popular é tornado ruído.

É preciso então que fique claro desde preâmbulo como Belo Monte não relata uma pedra no funcionamento padrão de nosso país, e sim o amálgama monstruoso de uma razão sistemática cuja própria homeostase alicerça-se sobre a violência. As pedras contingenciais da hidrelétrica são os restos concretos de um projeto estrutural de dominação, do qual a arquitetura fundamental se ancora na gestão dos ossos de sua população. O documentário em questão nos alude aos dispositivos de escuta privilegiados ao tombamento de tais estruturas — pois como já somos aludidos desde o início: “a psicanálise é sempre política ”. Não há transformação sem encararmos as formas pelas (5) quais narramos nossas vidas, e falar de Belo Monte também precisa de ser uma forma de rompimento destitutivo com o fantasma colonial que há tanto nos acossa. Encontrarmo-nos com a tão sonhada democracia popular é saber encontrar vazão para os sofrimentos que ele até hoje produz.

Se falamos em fantasma colonial, é para denotar como os aparelhos de opressão de nosso Estado sempre fizeram questão de lembrar à maioria de nossa população que ela não é dona da terra onde habita. Lembremos das invasões e extermínios travestidos de ocupação pacificadora às favelas, das constantes investidas contra territórios indígenas demarcados ou dos desalojamentos ostensivos para construções da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, por exemplo. Há, no seio do Estado brasileiro, a introjeção do projeto colonial. O que antes era a marca de dominação de uma metrópole estrangeira, hoje deixa refugiados cujo único senso de pertença a esta terra ainda se remete aos formalismos de também terem CPF. Para além de documentos de enfeite ou assinaturas em termos que não conseguem ler, o acesso aos direitos formais de cidadania é nulo. (6) Belo Monte é um sintoma dessa violência estrutural de introjeção de um país que não existe senão como forma de segregação; compreendê-lo é escancarar as feridas de nossa história. Os refugiados do Brasil, também eles espalhados pelas margens de nossas metrópoles, são o contraponto de uma elite nacional que nunca se pensara de fato brasileira, e cuja barganha de nossos recursos materiais ainda se oferece para o capital estrangeiro às custas do nosso povo (7).

Povo este que, para muitos de seus representantes, ganhou voz pela primeira vez através de condições tais. Eliane Brum, uma das idealizadoras do projeto e diretora do documentário, escreveu uma longa reportagem sobre o caso, da qual a característica que se nos ressalta é o espaço às narrativas em primeira pessoa daqueles que sofreram com a tragédia. Para o El País Brasil, um dos (8) maiores jornais de circulação nacional e internacional, a jornalista recorta o mosaico de narrativas da população ribeirinha; dá-lhes a voz e o poder de articulação de contar suas histórias de perda. É através das histórias vividas de pessoas como João da Silva e Raimunda que Belo Monte não deve jamais deixar de habitar o imaginário popular, e lembrar-nos sempre como a identificação nacional primordial do Brasil é uma forma de violência e alienação para com o seu povo. O resgate de tais narrativas versa sobre aquilo do qual se ocupa o psicanalista, a fala. Pensar a fala como material clínico e catalisador da cura, concebê-la e manejá-la através do cuidado meticuloso e artesanal próprio ao terapeuta é também a aposta do projeto Refugiados de Belo Monte.

Uma das grandes questões que perpassam a noção de clínica extensiva, tal qual proposto pela escuta do projeto, remete à nomeação cuidadosa do sofrimento ali experienciado. Para Ilana Katz (9), psicanalista e uma das responsáveis pela implementação do projeto, a grande inquietação que a acompanhou ao chegar a Altamira pode ser expressa pela seguinte pergunta: qual nome as pessoas dali estão dando para seu sofrimento? Em tom similar, a psiquiatra Érika Pellegrino menciona como, para ela, uma das questões primordiais no acolhimento àquelas pessoas foi a ajuda médica em nomear o sofrimento pelo qual passavam. Escrevemos sobre a distinção entre sofrimento e sintoma em outra ocasião, assim como também mencionamos a necessidade de produção de clínicas (10) que comportem experiências de indeterminação. Um projeto de escuta que se comprometa com a diversidade de nomeações para o sofrimento, servindo-se dos significantes pescados nas narrativas dos sujeitos escutados, advoga pelo descentramento do poder diagnóstico politicamente confiado às formas tradicionais de exercício médico-clínico. Saber escutar para além do sintoma, não mais desvencilhar som e ruído, extraindo daquele o que já sabemos decodificar, permite o surgimento de novas formas de narração de nossas histórias, como bem nos lembra Dunker. Passo fundamental para apropriação e desdobramentos produtivos dessas, uma clínica que se estenda à comunidade, ao se servir dos significantes autóctones, opera a ressignificação singular dos espaços compartilhados de pertencimento social, a assunção dos nexos singulares do sofrimento de uma língua assumida que se nos ressoa desde aquele que a pronuncia.

Ainda como Katz, mais além da recepção e manejo do sofrimento, há a necessidade de pormos em xeque os limites epistemológicos da clínica psicanalítica. Até onde alcança a psicanálise, há limites culturais para sua eficácia clínica? O documentário demonstra como até mesmo clínicas coloquialmente reconhecidas como tradicionais ou rigorosas quanto ao seu enquadramento, tal qual a em questão, para além de sua apresentação formal, encontram na abertura para a escuta seu dispositivo fundamental. Caso seja da psicanálise abandonar sua função de encontro com o outro, encontramo-nos imersos em mero formalismo; e embora evidentemente ali não se tratem de processos analíticos ao pé da letra, a presença da escuta qualificada ressalta a relevância da função simbólica confiada ao psicanalista, fugir dela em nome de formalismos é se eximir de exercer o papel social para o qual somos formados.

Gostaríamos de ressaltar, assim como também o fazem no documentário, como não se trata aqui de trocar reconhecimento de direitos sociais por práticas “paliativas” de cuidado psicológico. O documentário não advoga em nome de psicologismos, longe disso. Trata-se antes de perceber a sutileza pela qual mudanças estruturais — ou no caso, aplicação vertical de políticas infelizmente rotineiras de demonstração de poder — afetam os sujeitos em seus modos singulares. As estruturas, essa palavra quase mítica, habitam em todos nós; seus movimentos reverberam em nossas posições singulares, seus dispositivos operam os vestígios e ecos de nossas falas cotidianas. O sofrimento denuncia sempre uma dimensão social; e ao contrário do sintoma, capturado pela razão diagnóstica psiquiátrica americana, que tenta ao máximo circunscrevê-lo às dimensões individuais através da naturalização de sua aparição fenomênica, aponta uma forma de laço social específico. O que não deve de ser confundido com reclamar direitos civis e reconhecimento de políticas públicas, ao contrário: a escuta da população ribeirinha encontrou as possibilidades de devolver a ela a capacidade de narrar suas histórias, e não fazer morrer suas formas de vida. Não fazer formas de vida morrerem passa, necessariamente, por armá-las de certo inventário político para pautar mudanças estruturais. Como nos dizem os idealizadores na página Catarse, que viabilizara o projeto,

O processo de produção de diagnósticos psiquiátricos (depressão, ansiedade, estresse, além de desencadeamentos psicóticos) e de Clínica Geral (Acidentes Vasculares Cerebrais, cardiopatias, hipertensão etc) realizado em torno da experiência de Belo Monte adquire uma conotação política, com um contorno bastante específico. Ela pode ser usada para desimplicar o Estado e o Empreendedor na construção de um modo de adoecer que, como já foi apontado, é efeito de sua intervenção.

O diagnóstico, quando desafetado pela vida, pode legitimar afirmações preocupantes. Exemplos recolhidos durante o projeto-piloto: ‘Seu Fulano não sofre os efeitos da perda do seu modo de vida, ele é psicótico’; ‘Dona Beltrana não sofre por ter se separado de toda a comunidade, ela é cardíaca, ou está deprimida’. É dessa maneira que os sintomas de cada um adquirem reconhecimento social e lhes conferem um lugar. Mas, no mesmo movimento discursivo, o adoecimento vivido por essas pessoas é desvinculado do processo de implantação de Belo Monte. E, assim, tanto o Estado quanto o Empreendedor são desresponsabilizados na constituição do cenário em que o adoecimento dos corpos acontece (11)

Se a clínica não se encerra jamais no diagnóstico, tampouco deve sua função social de se bastar com a escuta. Quando os terapeutas se propuseram a ouvir os nomes ali dados ao sofrimento encontrado, ao invés de meramente subsumi-los às conhecidas estruturas ou posições psicopatológicas, permitiram-se fazer parte do tear da comunidade. A boa clínica é aquela pela qual uma comunidade volta a se tecer, por onde os sujeitos novamente se descosem e recosturam em busca da transformação.

Porque governar no Brasil ainda é fazer corpos desaparecerem, faz-se necessária uma atualização sobre a situação das regiões do Xingu, afetadas pela tragédia de Belo Monte. No ano de 2019, o atual presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama acionaram a última turbina da Usina, (12) simbolizando seu funcionamento pleno. Neste ano de 2021, na cidade de Senador José Porfírio, ao lado de Altamira, a empresa canadense Belo Sun prepara-se para a extração de 74 toneladas de ouro da região, ao longo de aproximados 20 anos. Dentre os riscos de contaminação do rio Xingu pelos materiais de extração e o despojamento de boa parte da população local, o projeto fere com as delimitações territoriais reservadas aos povos originários, prevendo desmatamento ostensivo na região. Infelizmente, o caso de Atamira, e não tardará para vermos todo o vale do Xingu segui-lo, (13) ao que tudo nos parece, juntara-se aos de Mariana e Brumadinho, às enchentes as quais anualmente assistimos acontecerem, aos derramamentos de óleo em nossos mares, às queimadas em nosso Pantanal e floresta amazônica, à destruição exponencial do mangue pernambucano e da Mata Atlântica nordestina: fora reservado às paredes do museu nacional do imaginário recalcado.


Referências:

Belo Sun: Ouro ou tragédia no Xingu?. Outras Palavras, 14 de abril de 2021.https:// outraspalavras.net/outrasmidias/belo-sun-ouro-ou-tragedia-no-xingu/. Acesso em 17/05/21, às 22h. BRUM, E. Dilma compôs seu réquiem em Belo Monte. El País Brasil, São Paulo, 9 de maio de 2016. https://brasil.elpais.com/brasil/2016/05/09/opinion/1462804348_582272.html. Acesso em 17/05/21, às 22h. BRUM, E. O pescador sem rio e sem letras. El País Brasil, São Paulo, 16 de fevereiro de 2015. http://brasil.elpais.com/brasil/2015/02/16/opinion/1424088764_226305.html. Acesso em 17/05/21, às 22h. BRUM, E. Vítimas de uma guerra amazônica. El País Brasil, São Paulo, 22 de setembro de 2015. https://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/22/politica/1442930391_549192.html. Acesso em 17/05/21, às 22h. BRUM, E.; DUNKER, C.; KATZ, I. https://www.catarse.me/refugiadosdebelomonte. Acesso em 17/05/21, às 22h. BULAMAH, L; KUPERMANN, D; MOREIRA, L. Entre barões e porões: Amílcar Lobo e a psicanálise no Rio de Janeiro durante a ditadura militar. Analytica, São João del-Rei, v. 3, n. 4, p. 173-200, janeiro/junho de 2014. DUNKER, C. Mal-estar, sofrimento e sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros. São Paulo: Boitempo, 2015. ‘Eu + 1: Uma jornada de saúde mental na Amazônia’. Direção: Eliane Brum, Projeto: Refugiados de Belo Monte/Clínica de Cuidado (Financiamento coletivo pela plataforma Catarse), Ano: 2017. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=IG_DdW4znCE. Acesso em 17/05/21, às 22h. Governo inaugura a Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Governo Federal do Brasil, 27 de novembro de 2019. https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/noticias/2019/11/governo-inauguraa-usina-hidreletrica-de-belo-monte. Acesso em 17/05/21, às 22h. SAFATLE, V. Governar é fazer desaparecer. Revista Cult, São Paulo, 11 de julho de 2017. https:// revistacult.uol.com.br/home/vladimir-safatle-governar-e-fazer-desaparecer/. Acesso em 17/05/21, às 22h. UHE Belo Monte, Xingu Mais. https://xingumais.org.br/obra/uhe-belo-monte. Acesso em 17/05/21, às 22h.


Notas:

(1) Direção: Eliane Brum, Projeto: Refugiados de Belo Monte/Clínica de Cuidado (Financiamento coletivo pela 1 plataforma Catarse), Ano: 2017. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=IG_DdW4znCE

(2) “O histórico da construção da usina de Belo Monte foi marcado por lutas, resistências e incontrovérsias. Há mais de 30 2 anos, os povos indígenas e comunidades tradicionais da Bacia do Xingu já denunciavam o projeto da Usina, que antes se chamava Kararaô. O projeto foi concebido para a integração ao Sistema Interligado Nacional, com mais seis outros barramentos hidrelétricos planejados para a bacia do rio Xingu, que, se implantados, provocariam o alagamento de mais de 18 mil km² e atingiriam milhares de índigenas de 12 TIs, além dos grupos isolados da região”, retirado de https:// xingumais.org.br/obra/uhe-belo-monte. Acesso em 04/05/2021, às 18h.

(3) “Dilma compôs seu réquiem em Belo Monte: O julgamento mais rigoroso da presidente e do PT, no tempo da História, 3 será feito por brasileiros como João da Silva”, por Eliane Brum. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/ 2016/05/09/opinion/1462804348_582272.html, acesso em 04/05/21, às 15h.

(4) “O Brasil é, acima de tudo, uma forma de violência. Nunca entenderemos o Brasil se não compreendermos o tipo de 4 violência que funda seu Estado. Pois entender como o Estado brasileiro funciona é entender como ele administra o desaparecimento e o direito de matar. Esta é sua verdadeira forma de governo, uma atualização do secular poder soberano e seu direito de vida e morte”, disponível em https://revistacult.uol.com.br/home/vladimir-safatle-governar-e-fazerdesaparecer/, acesso em 04/05/2021, às 18h.

(5) Podemos lembrar aqui como a função política da clínica pende para os dois lados. À título de exemplo, lembremos do 5 caso de Amilcar Lobo, psicanalista que contribuíra com o governo militar nos anos ditatoriais, e possivelmente acobertado pela Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro. Sobre o caso, recomendo BULAMAH, L; KUPERMANN, D; MOREIRA, L. Entre barões e porões: Amílcar Lobo e a psicanálise no Rio de Janeiro durante a ditadura militar. Analytica, São João del-Rei, v. 3, n. 4, p. 173-200, janeiro/junho de 2014, disponível em http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ analytica/v3n4/v3n4a09.pdf

(6) http://brasil.elpais.com/brasil/2015/02/16/opinion/1424088764_226305.html Acesso em 04/05/2021, às 21h.

(7) Belo Sun: ouro ou tragédia no Xingu. Acesso em 04/05/2021, às 21h.

(8) https://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/22/politica/1442930391_549192.html Acesso em 04/05/2021, às 22h20.

(9) https://www.catarse.me/refugiadosdebelomonte

(10) A fonte primária ainda se mantém, Dunker, C. Mal-estar, sofrimento e sintoma: a psicopatologia do Brasil entre muros. São Paulo: Boitempo, 2015. Frisamos passagens como: “O ponto-chave aqui é o fato de o sofrimento ser uma experiência compartilhada e coletiva. Os atos de reconhecimento ou de desconhecimento transformam a experiência real do sofrimento. (…) Argumentamos que o sofrimento possui uma estrutura transitivista, pois nele indetermina-se quem sofre e quem está reconhecendo o sofrimento daquele que sofre […], o sofrimento se altera conforme é nomeado. Seu tratamento, sua nomeação, torna-se uma determinação política, não apenas ética” (p.37).

(11) disponível em https://www.catarse.me/refugiadosdebelomonte.

(12) https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/noticias/2019/11/governo-inaugura-a-usina-hidreletrica-de-belomonte, acessado em 04/05/2021, às 23h.

(13) Entrevista de Patrícia Fachin com Rosana Miranda, ‘Belo Sun: Ouro ou tragédia no Xingu?: Empresa canadense quer apropriar-se do metal, em região que já sangra por Belo Monte. Projeto tem dados contraditórios e minimiza impactos ambientais e sociais. Acidente poderia despejar montanha de rejeitos tóxicos no rio em 7 minutos’, disponível em https://outraspalavras.net/outrasmidias/belo-sun-ouro-ou-tragedia-no-xingu/.

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