Começam lançamentos de Amazônia

Livro de Ricardo Abramovay, que propõe Economia do Conhecimento da Natureza como alternativa à devastação, será apresentado em SP e Rio. Outras Palavras, que coedita a obra, oferece descontos de 50% para debates em escolas

Mulheres indígenas. Para Abramovay, conhecimentos tradicionais são uma das bases essenciais para aproveitamento da imensa biodiversidade amazônica
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Por Antonio Martins

AMAZÔNIA: POR UMA ECONOMIA DO CONHECIMENTO DA NATUREZA
LANÇAMENTOS:

> São Paulo: Segunda (2/12), às 18h30
CiviCo: R. Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 445 – Pinheiros – Metrô Fradique Coutinho (mapa)

>Rio: Sexta (6/12), às 10h
Auditório Coppe G-122 – Centro de Tecnologias da UFRJ – Ilha do Fundão (mapa)

> Co-edição Outras Palavras, Editora Elefante e Terceira Via. Disponível em nossa loja virtual

Na semana passada, a novela de horrores que envolve a Amazônia desde o início do governo Bolsonaro viveu novos capítulos grotescos. Em Alter do Chão, distrito encantador de Santarém (PA) onde em setembro a floresta ardeu por quatro dias seguidos, uma operação policial farsesca acusou e prendeu quatro rapazes, enquanto desmatadores comprovados permanecem sem incômodo. Em Brasília, o Grande Patife aplaudiu e ampliou a fraude. Tudo ocorreu apenas dez dias depois de o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE – revelar novo aumento na derrubada da mata. Entre agosto de 2018 e julho deste ano, a área devastada cresceu 29,5%. Chegou a quase 10 mil km², em apenas 12 meses – equivalente à superfície do Líbano ou da Jamaica.

Felizmente, cresce também a resistência – inclusive no terreno indispensável das ideias. Publicada em meados de novembro, a segunda edição do livro Amazônia – Por uma Economia do Conhecimento da Natureza, de Ricardo Abramovay, terá dois lançamentos, nos próximos dias. Na segunda-feira (2/12), Abramovay apresentará seu livro em São Paulo, num debate organizado pelo Instituto Escolhas. Na sexta, o autor fará o mesmo no Rio, durante o seminário Amazônia: desafios, reflexões e contradições a partir da práxis da Tecnologia Social, articulado pelo Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social (Nides), da UFRJ.

Breve (112 páginas), porém denso e polêmico, o novo livro desmente dois mitos ligados à Amazônia. Ele demonstra que embora a região já reúna 25 milhões de pessoas – e sua população cresça, há quatro décadas, ao dobro da taxa brasileira – este avanço populacional não precisa significar ataque à natureza. Há um vasto leque de alternativas socieconômicas capazes de combinar desmatamento zero com uso alternativo da floresta em pé. As queimadas, os garimpos ilegais, o avanço sobre as áreas protegidas, a pecuária, as plantações de soja (e agora cana, segundo desejo do governo) não são o “resultado natural do progresso” – mas, ao contrário, expressão de nosso miserável atraso.

Não se trata, aqui, de resumir a obra [leia nossa resenha]. Vale adiantar seu sentido: uma Economia do Conhecimento da Natureza, cujos eixos são desmatamento zero e aproveitamento da floresta em pé. Abramovay demonstra que já se desenvolvem na Amazônia, embora em escala ainda limitada, experiências de produção de bens e serviços preservadoras. Elas são, aliás, muito mais capazes de oferecer ocupações dignas que o desmatamento, as plantações de soja, as criações de gado ou o garimpo.

Tudo isso pode ser ampliado, prossegue o autor, por meio de estudo das potencialidades avançadas da biodiversidade amazônica – para a produção de medicamentos, essências e cosméticos, por exemplo. Há até um projeto sobre como desenvolver esta potência: os Laboratórios de Inovação da Amazônia, onde se articulariam os conhecimentos seculares das comunidades tradicionais com a pesquisa científica sobre a floresta.

Vale atentar, também, para uma provocação geral, implícita no trabalho de Abramovay. Ele demonstra, também em relação à importantíssima questão amazônica, a possibilidade de uma esquerda que saia da posição apenas defensiva e reativa; que ouse retomar a imaginação pós-capitalista – sem a qual não seremos capazes de sair de nosso labirinto.

Outras Palavras orgulha-se de coeditar o livro. Ricardo Abramovay dispõe-se a participar de outros lançamentos (eles podem ser propostos em mensagens ao site). O livro (pelo qual são responsáveis também a Editora Elefante, a Terceira Via, a Abong e o Iser Assessoria) está disponível em nossa loja virtual. Há um atrativo especial, para professores ou grupos de estudantes interessados em debater a Amazônia em profundidade: desconto de 50% para compras a partir de dez exemplares.

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