Transe aborda o fatídico 2018 – ano da vitória de Bolsonaro – a partir de um trisal de artistas, numa instigante mescla de realidade e ficção. Fora da bolha de classe média progressista, eles descobrem com espanto as fissuras, abismos e vertigens do Brasil real
Causos por trás de antológicos versos do poeta, que completaria 138 anos neste mês. São sínteses de amor e memória da cidade, atinados na densidade da infância. E somam-se às outras geografias líricas de Antônio Maria, Clarice Lispector e João Cabral de Melo Neto
A insólita viagem do cineasta alemão, de Munique à Paris a pé, a partir de seu diário. Com sua amiga à beira da morte, ele antecipa o luto numa jornada de transgressões, expiação e mergulho em si mesmo: “abra a janela, há alguns dias aprendi a voar”
É um Japão estranho. O governo estimula “cidadãos dispensáveis” – os idosos – ao capitalismo a submeterem-se a eutanásia gratuita. Plano 75 não é futurista, mas o hoje exacerbado. E mostra poesia e o afeto que resistem em um sistema desumano
Em Sem Coração, grupo de adolescentes de distintas classes experimenta, com vigor e delicadeza, a relação com o mundo que os cerca. Uma baía propõe, em flashes, um ensaio poético-geográfico-social sobre Guanabara, seus personagens e seu entorno
A bela burguesa. O quartinho da empregada. A barata esmagada. A paixão segundo G.H não reproduz o livro de Clarice Lispector: emula uma linguagem, uma aventura ética e estética. Inventivo e intenso, filme é um mergulho em um mundo prestes a desmoronar
Documentário aborda a história do grupo mineiro que uniu ritmos – do jazz à viola caipira. Em vez de “voz de especialistas”, filme mostra o “clube” recordando casos, parcerias, encontros e composições – e a geografia afetiva da Belo Horizonte de ontem e hoje
Uma família feliz é um título irônico: por trás de um casal e filhos “de comercial de margarina”, fervilham ciúme, ressentimento e loucura. Entre reviravoltas, obra levanta uma questão: quando uma história sobre a crueldade passa a ser, ela mesma, cruel?
Uma sintaxe crespa. Imagens epifânicas e nauseantes. Vocabulário excedente. E fruição que exige parceria e paciência. Contos – depois crônicas e romances – são um atalho. Ou inverta tudo: arrisque o mergulho na aventura que é ler A paixão segundo G. H.