Vale a pena conferir dois documentários – tão criativos quanto díspares. Um debruça-se na vida e morte de PC Farias, peça-chave no impeachment de Collor. Outro, na poesia de Lupicínio Rodrigues que, mais que cafona, é de mansidão, como diz Gilberto Gil
Ervas Secas é a história de um professor turco que não vê a hora de escapar da província atrasada onde vive. Na desolação da neve, entre ingênuos que tornam-se ardilosos, filme expõe dilema: fechar os olhos ou agir para tentar aliviar a dor do outro?
Ficção Americana conta a história de um professor negro, autor de romances requintados. Exige-se dele uma literatura “mais negra”; e, sem grana, ele cede. É o ponto de partida para debates incômodos sobre estereótipos da negritude e o politicamente correto
Eu, capitão mostra o drama (e terror) de jovens refugiados que têm a Europa como miragem. Jornada é uma descida aos círculos do inferno: clima hostil, ambiente inóspito, brutalidade e corrupção – enquanto a pureza de coração deles é colocada a prova
Dias Perfeitos, novo filme de Wim Wenders, mostra um homem solitário que trabalha limpando banheiros públicos em Tóquio. Seu sortilégio: contemplar a singularidade no cotidiano, o movimento da vida e a natureza na megalópole de concreto e vidro
Zona de interesse mostra a vida de Rudolf Höss, o carrasco de Auschwitz, com a sua família em casa ao lado do campo de concentração. Filme é um estudo sobre a alienação, onde a barbárie está fora de quadro e um onírico jardim suscita incômodo e perturbação
Vidas Passadas narra a ligação entre dois “quase-amantes”: o que fica na Coreia do Sul e a que se vai. No contraste cultural Ásia-Ocidente, filme é uma leve e irônica história de amor não consumado, onde o momento do encontro é tão perto quanto distante
Anatomia de uma queda não é um filme de tribunal vulgar. A investigação da morte do marido de uma escritora famosa busca a “verdade”, mas a dúvida se impõe. E coloca em discussão o sensacionalismo e a ânsia do espectador por uma explicação tranquilizadora
Premiado no Festival de Berlim, Mal Viver mostra as relações entre três gerações de mulheres de uma família portuguesa. Entre murmúrios e jaulas de vidro de um hotel, sugere que ser mãe e também filha é padecer – sem qualquer paraíso à vista
Em Goiás, a mãe some e suas filhas, com personalidades díspares, tentam encontrá-la. Sucesso de bilheteria, filme consegue equilibrar clichê com inovação, dialogando com o espírito do tempo de cultura de celebridades e identitarismos