Dois filmes instigantes sobre o corpo feminino estão no streaming. Fakir mostra como ele pode desestabilizar a ordem patriarcal. Já Pleasure, sem moralismos, narra sua desumanização através das lógicas mercantis da indústria pornô
Documentário mergulha nas entranhas da Lava Jato, a partir das investigações jornalísticas que atestaram suas ilegalidades. Como ela empurrou o Brasil ao abismo. O “paladino anticorrupção”, dos louros à derrocada. Seu conluio com as elites e o bolsonarismo
Xavier Giannoli extrai do clássico balzaquiano aquilo que fala mais fundo à nossa época: a sistemática destruição de valores no cotidiano da imprensa, o jogo sujo das elites políticas, a gênese das fake news – e a demolição de reputações
Com sarcasmo e crítica feroz ao neoliberalismo, Má sorte no sexo é um mosaico dos absurdos do mundo contemporâneo. No centro, uma professora em julgamento kafkiano. O crime: ter feito sexo livre e subversivo, cujo vídeo vazou na internet
Filme de Rincón Gille mostra jornada de pescador em busca dos corpos de seus filhos, assassinados por paramilitares de ultradireita. Entre a fluidez do rio e a dureza das margens, sua travessia desafia a loucura homicida que a guerra torna cotidiana
Na casa de praia, a instalação duma piscina pré-fabricada, a vida doméstica, aventuras represadas e a imensidão do mar. A felicidade das coisas, de Thais Fujinaga, extrai encanto nos lugares à margem, onde menos se espera encontrá-lo
Arthur Rambo é um vibrante retrato da era digital: jovem franco-argelino, promessa literária, desce ao inferno após seus tuítes abjetos virem a público. A praga, filme de José Mojica perdido por décadas, é exibido na reabertura da Cinemateca
Em documentário sem concessões, Maryna Gorbach retrata o conflito entre separatistas pró-Rússia e nacionalistas na Ucrânia – e como a vida privada é devastada pela história coletiva. Paira uma imobilidade kafkiana: não há para onde correr
Ricaço malvado, donzela destemida, herói varonil e o fortão idiota. Poderia ser só mais uma típica aventura hollywoodiana, mas filme aposta na autoironia para oferecer entretenimento sagaz frente a estes ásperos tempos
Entre a alegoria e o melodrama, Lázaro Ramos toca no nervo do racismo estrutural no Brasil: num futuro próximo, negros serão forçados a voltar para a África. Porém, como filme-manifesto, perde força ao sobrepor militância à criação