O que escrever sobre o PMDB, quando os cartunistas já desenharam tudo?

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Chargistas foram ao mesmo tempo proféticos e incisivos, auxiliados pelo show de horrores intrínseco à história recente do Partido do Movimento Democrático Brasileiro

Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)

Amigo da Onça. Polvo. Verdugo. Satanás. Ogro. Vampiro. Fantasma. O PMDB é um problema para quem lida com palavras. Pois o partido é um convite explícito à caricatura. Ao longo das últimas décadas, os principais chargistas do país perceberam isso e fizeram centenas de retratos, em boa parte surreais, mas nem por isso descolados da realidade. Ganância e capilaridade são dois temas recorrentes, expressos quase sempre em diálogo com o grotesco.

Daria para fazer uma coletânea somente com o maior dos nossos chargistas, Angeli. Tem PMDB como algo perdido numa área de musgo. PMDB comparado a baratas (essas resistentes): “Estão pensando que somos o quê?” PMDB saqueando a Funasa. PMDB como Monstro da Lagoa. E não é que a primeira charge de Angeli na Folha, em 1975, era sobre o antepassado direto do partido, o MDB? (Eram outros tempos: o jornal falava da divisão interna no partido.)

O PMDB abandonou as bandeiras do MDB e se tornou um personagem onipresente, melífluo ou truculento, subterrâneo ou explícito, de acordo com as circunstâncias:

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Mas não só Angeli retratou essa comédia partidária. Laerte, Glauco, Amarildo, Nani, Jean. Quase todos os grandes cartunistas falaram do PMDB. Um partido voraz:

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Um partido com o dom da ubiquidade. Ao mesmo tempo, perene. (Muitas ilustrações do Novaes retratam o partido como dinossauro.)

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Um partido com uma labareda muito peculiar. Associado a dinheiro, à ganância por cargos. À voracidade. (Já falamos em voracidade?) À chantagem. Ameaça.

E à traição. De Judas ao Amigo da Onça, o personagem imortalizado por Péricles:

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O caricaturista Federico Fellini (sim, antes de ser cineasta ele era cartunista; e escolhia atores como tal) ficaria maravilhado diante de tanta fartura. Até porque as faces do PMDB são outro prato cheio. A começar de Michel Temer, costumeiramente retratado como mordomo. Passando pelo cabelo acaju de Sarney, o olhar maquiavélico de Eduardo Cunha, o cinismo de Renan Calheiros, o poder de mobilidade de Romero Jucá. PMDB, marche! Que toda vítima da cleptocracia brasileira conheça cada aresta de suas faces.

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Um comentario para "O que escrever sobre o PMDB, quando os cartunistas já desenharam tudo?"

  1. Antonio disse:

    Sempre achei o PMDB,uma facção criminosa e não um partido político, é claro que temos outros,por ai mais o PMDB, é realmente campeão.

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