31 de Março de 2016

Já deu pra sentir qual a trama

Quando eu nasci já tinha calor (...)

Quando eu nasci tinha, sim senhor,

Águia, paturi, camelo, condor

E as águas do Amazonas, os ratos, as rãs, ratazanas

Quando eu nasci já tinha terror

(Itamar Assumpção, "Já deu pra Sentir", 1980)

Hoje é dia de ter memória, de ter esperança e medo, prudência e coragem, de resistirmos aos usurpadores de sempre e ao poder avassalador das picuinhas

Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)

Hoje é dia de ter memória. De lembrar que essa democracia (esse arquipélago de democracia) foi conquistada de forma dramática, entre heróis e cadáveres. De recordar que usurpadores cobram caro. Que o que vem aí não é uma revolução, mas uma reação de nossas elites a uma terrível ameaça: a de que ela não seja a protagonista. De lembrar que tudo pode ser pior. Que não temos as barbas do Estadão e a cafonice da Fiesp. Que não precisamos de um pajem, de um Paulo Skaf, de uma paulocracia.

Hoje é dia de esperança. Não de uma esperança absoluta, maiúscula, rumo a uma sociedade igualitária, justa, mas ao menos uma esperança de que não haja retrocesso. De que sigamos aos trancos, sem cair no barranco do casuísmo. Nas ruas, brasileiros que não aceitam entregar este país ao PMDB, sem votos, em nome de um pato. Em nome do governo, do PT? Muitos de nós, não. Em nome de muito mais que isso: da rejeição das subtrações. Do princípio de que não podem sequestrar nossa soma.

brizola

Hoje é dia de medo. Medo de que a escolha da Praça da Sé não tenha sido a melhor possível, como o palco de manifestação em nossa capital econômica. Dia de cautela em relação a sabotadores, pois o entorno da praça é um convite para ações pontuais de milicianos e fardados. É dia de temer, sim, armadilhas. Pois os fascistas se empoderaram em poucas semanas, organizaram-se. E têm um combustível incrível a seu favor: o ódio. Manipulações grosseiras, o apoio explícito da imprensa – e o ódio.

Hoje é dia de ter prudência e de se ter coragem. Originalmente, aliás, a palavra prudência não tinha nenhuma conotação oposta à coragem. Muito pelo contrário. Era uma virtude intelectual (Aristóteles), tão nobre quanto a sabedoria (Heráclito). Significava a disposição de decidir o que é bom ou ruim. Não apenas precaução diante dos perigos, como é vista hoje, mas, como definiu Santo Agostinho, “o amor que separa com sagacidade aquilo que é útil do que é prejudicial”. E não temer. Não Temer.

Hoje é dia de sentir. De sentir a nossa trama. Quando nascemos, dizia Itamar Assumpção, já tinha ratos, rãs e ratazanas. E já tinha o terror. Nada menos que o terror. Hoje é dia de discernir, portanto. De decidir se queremos abraçar picuinhas, causas menores ou intermediárias, ou algo maior – mesmo que seja dolorido, mesmo que tenhamos de lutar contra o rancor. Não por ninguém poderoso, por qualquer um que também tenha nos esquecido. Mas por nós, exatamente por nós. Por outra trama.

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3 comentários para "31 de Março de 2016"

  1. Maurício Gil - Floripa (SC) disse:

    Belo texto, Alceu.
    Como de hábito.

  2. Henrique Mumme disse:

    As manifestações do dia 24 e 31/03, os vídeos de artistas, e todo apoio, inclusive internacional, contra o golpe, faz-me sentir que as pessoas estão romantizando a situação e o governo petista. E isso com a melhor das intenções, com talento, com carinho, com amor, com competência, com humanidade, com justificativas nobres de salvar, ou de não corromper a Democracia, ainda que deficitária, fragmentada, e longe da ideal.

    O termo “arquipélago” que Alceu Castilho utiliza em seus brilhantes textos é quase perfeito para descrever o arremedo de Democracia que temos. Apenas adicionaria que estas ilhas não são fixas, e sim flutuantes, como as Ilhas de Uros no Lago Titicaca, que se decompõem, mudam de tamanho, entornam, afundam, ressurgem, somem e reparecem, mudam de formato… Enfim, sua manutenção depende de constantes tranças de totoras…

    As liberdades desta Democracia em geral se resumem àquelas do mundo do consumo, do mercado, ou seja, a liberdade de escolher entre a pasta de dente azul ou vermelha, mas todas da Unilever… E isto se você tiver dinheiro: mais dinheiro, mais “liberdade” – menos dinheiro, menos “liberdade”. E isto tudo alimentado pela verdadeira crise: a de valores, de ignorância, e de má fé.

    Acho que, em referência às manifestações e vídeos, há uma certa limitação no discurso dos defensores da Democracia. Perigosa, inclusive, pois primeiro se fala que temos o direito ao voto e que este não pode ser prejudicado… Como se o voto significasse muito em nossa falsa e instável Democracia, e como se o aperfeiçoamento da mesma não passasse em direção à maior participação efetiva da população, não somente na escolha, mas na deposição de líderes, bem como pelo direito de posicionamento nas mais diversas questões que atualmente integram diversos Projetos de Lei ou de Emenda Constitucional, onde a população atualmente apenas pode observar de longe enquanto o “Mercado da Política” decide. E decide historicamente mal, contra o país, contra o cidadão, à favor de poderes estabelecidos, à favor do topo da pirâmide.

    E quando a população se organiza com milhares ou milhões de assinaturas, como no caso do “Desmatamento Zero”, o resultado prático são políticas que incrementam o desmatamento. E assim segue pra tudo. Deixam você assinar e falar apenas como parte do mecanismo de controle, em caráter pro forma, como válvula na panela de pressão, para cozinhar bem o povo sem o deixar explodir.

    O ideal seria rumarmos para uma Democracia mais líquida, onde há regras eleitorais justas, total transparência, bem como referendos e plebiscitos constantes, além de audiências públicas de verdade, com controle social, e não com “lobistas” de pequenas, médias e grandes causas. Mas parte da defesa atual da Democracia, ironicamente, vai na contramão da maior liquidez necessária para manutenção, garantia, e ampliação dos direitos humanos e ambientais, em grande parte amparados pela nossa Constituição de 1988 (sempre ameaçada e desrespeitada, agora mais ainda).

    Acho que falta ao pessoal uma análise crítica dos defeitos absurdos de uma Democracia Representativa. Em resumo, além das regras para participação política serem desiguais e bastante restritivas, diria até mesmo elitistas, se você vota hoje no Superman e, amanhã, ele fica sob o efeito da kryptonita vermelha, mau pra caramba, dizimando a natureza e as pessoas, é como se você fosse o responsável pelas atitudes dele durante todo o mandato, independente do que ele era antes das eleições e de como ele ficou depois… Hoje eu voto na Maria, amanhã ela bate a cabeça e se torna “Maria a Louca” e então tenho que aguentar quatro anos de “que comam brioches” porque tenho de respeitar a Democracia… E fui eu que a elegi, ou então minha comunidade, então sou o responsável pelo “que comam brioches”, portanto, tenho que engolir, ou melhor, tenho que deixar de comer o pão e procurar os tais brioches…

    Outro discurso frequente que me assusta é em relação às pedaladas fiscais. Justifica-se que pedaladas fiscais não são crime, e isso principalmente porque sempre aconteceram. Assim como sempre aconteceram os desvios, os caixas dois, as trocas de favores, os esquemas nas licitações, as contas em paraísos fiscais, as ameaças e agressões à quem contraria o poder vigente, as Zelotes, o caso HSBC, as Satiagrahas, os Banestados, os Trensalões, as Ingerências Hídricas, o entreguismo da soberania nacional, etc, etc, etc… Bem, independente de ser crime ou não, deveríamos analisar além das leis, além do juspositivismo: As atitudes são morais e éticas? Prejudicam ou não as pessoas e o meio natural? Quem está ganhando com isso? Trata-se de política pública ou particular? Agride ou não os interesses difusos e coletivos?

    Esquece-se no discurso pró Democracia, por exemplo, que o dinheiro utilizado para sustentar partidos e campanhas eleitorais tem origem extremamente dúbia, ligada aos desvios e caixas dois (vide Correios, Mensalão, Petrolão, e Construtoras da Lava Jato) e isto para praticamente TODOS os partidos e candidatos, com exceção dos quatro partidos ditos de esquerda (PSOL, PSTU, PCO e PCB), uma esquerda também fragmentada e vítima da confusão, mas onde de fato reside a melhor saída. A “REDE Sustentabilidade” não está envolvida por conta de ser um novo partido, porém, Eduardo Campos, protagonista no partido antes de falecer no estranho acidente aéreo em Santos, está citado em denúncias de corrupção, inclusive da Lava Jato.

    Desta forma, se há prova de dinheiro ilícito nas campanhas, o mais adequado seria que o processo eleitoral fosse considerado inválido e todos os candidatos de todos os partidos envolvidos afastados, não somente a Presidente. Novas eleições gerais teriam de ser convocadas. Quem tem atribuição para fazer isso (impugnar e convocar) é o TSE. Mas parece que isso incomoda a própria oposição que há anos tenta derrubar a qualquer custo os mínimos entraves à sua política ainda mais retrógrada. E como oposição tenho claro que estamos falando de Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, via FIESP, via Partidos de Direita e/ou que se comportam como tal. Prova disto é o impeachment estar mal alicerçado em pedaladas fiscais, e não em corrupção nas eleições. Trata-se de uma bala escolhida para matar o PT sem matar os parasitas.

    No final das contas, com ou sem Dilma, Via “Agenda Brasil” ou “Ponte para o Futuro”, o resultado inquestionável é retrocesso, aumento do “fator colonialismo”.

    A melhor saída para este imbróglio seria dar ao povo o poder de decidir, e mais poder de decidir, sob regras de fato justas. Não só novas eleições, mas novas regras, uma Reforma Eleitoral. Ou seja, eleições com implantação do “Ficha Limpa”, com mesmo tempo e condições de apresentação de propostas para todos os candidatos, sem relatividade (com votos absolutos) e com validade aos votos nulos (como era na interpretação passada do TSE, que mudou depois de 2004*).

    * Saiba mais sobre a polêmica dos votos nulos neste meu artigo de 2006:

    http://duplipensar.net/artigos/2006-Q4/eleicoes-2006-segundo-truque-breve-historico.html

    Atualmente, a alternativa existente, para o “recall” dos políticos, trata-se de um referende revogatório proposto via PEC, no caso apresentado pelo partido REDE que, a meu ver, padece de inúmeros vícios comuns aos partidos que se flexibilizam ao máximo para prosperar e crescer (como envolvimento com Itaú e Natura), porém, a proposta pontualmente é boa. É claro que neste cenário atual, a possibilidade da REDE e de Marina Silva serem favorecidos e alavancados para o poder é enorme. Já adianto que não voto em Marina (a despeito do belo histórico) e nem na REDE, pois é um partido conservador de direita, com cintura flexível demais, tendendo para neoliberalismo. Mas cabe ao povo decidir e, de preferência, sob regras mais justas (dependentes de outra PEC, quem sabe via PSOL?). E neste cenário, pessoas que antes eram propositadamente obliteradas, poderão florescer.

    Ademais, há um curso definido pela oposição (Banco Mundial, FMI, FIESP, Direita) que vem se concretizando. E se concretiza com base em desinformação, seletividade, tendência, jogo sujo… Inovar de verdade seria surpreendê-los, principalmente com novas eleições e regras mais justas, e não apenas manter o governo de extrema direita que se recusa timidamente e insuficientemente a ser de “extremíssima” direita. Inovar de verdade seria se contrapor aos retrocessos em curso, ao incremento ao neocolonialismo.

  3. Henrique Mumme disse:

    As manifestações do dia 24 e 31/03, os vídeos de artistas, e todo apoio, inclusive internacional, contra o golpe, faz-me sentir que as pessoas estão romantizando a situação e o governo petista. E isso com a melhor das intenções, com talento, com carinho, com amor, com competência, com humanidade, com justificativas nobres de salvar, ou de não corromper a Democracia, ainda que deficitária, fragmentada, e longe da ideal.

    O termo “arquipélago” que Alceu Castilho utiliza em seus brilhantes textos é quase perfeito para descrever o arremedo de Democracia que temos. Apenas adicionaria que estas ilhas não são fixas, e sim flutuantes, como as Ilhas de Uros no Lago Titicaca, que se decompõem, mudam de tamanho, entornam, afundam, ressurgem, somem e reparecem, mudam de formato… Enfim, sua manutenção depende de constantes tranças de totoras…

    As liberdades desta Democracia em geral se resumem àquelas do mundo do consumo, do mercado, ou seja, a liberdade de escolher entre a pasta de dente azul ou vermelha, mas todas da Unilever… E isto se você tiver dinheiro: mais dinheiro, mais “liberdade” – menos dinheiro, menos “liberdade”. E isto tudo alimentado pela verdadeira crise: a de valores, de ignorância, e de má fé.

    Acho que, em referência às manifestações e vídeos, há uma certa limitação no discurso dos defensores da Democracia. Perigosa, inclusive, pois primeiro se fala que temos o direito ao voto e que este não pode ser prejudicado… Como se o voto significasse muito em nossa falsa e instável Democracia, e como se o aperfeiçoamento da mesma não passasse em direção à maior participação efetiva da população, não somente na escolha, mas na deposição de líderes, bem como pelo direito de posicionamento nas mais diversas questões que atualmente integram diversos Projetos de Lei ou de Emenda Constitucional, onde a população atualmente apenas pode observar de longe enquanto o “Mercado da Política” decide. E decide historicamente mal, contra o país, contra o cidadão, à favor de poderes estabelecidos, à favor do topo da pirâmide.

    E quando a população se organiza com milhares ou milhões de assinaturas, como no caso do “Desmatamento Zero”, o resultado prático são políticas que incrementam o desmatamento. E assim segue pra tudo. Deixam você assinar e falar apenas como parte do mecanismo de controle, em caráter pro forma, como válvula na panela de pressão, para cozinhar bem o povo sem o deixar explodir.

    O ideal seria rumarmos para uma Democracia mais líquida, onde há regras eleitorais justas, total transparência, bem como referendos e plebiscitos constantes, além de audiências públicas de verdade, com controle social, e não com “lobistas” de pequenas, médias e grandes causas. Mas parte da defesa atual da Democracia, ironicamente, vai na contramão da maior liquidez necessária para manutenção, garantia, e ampliação dos direitos humanos e ambientais, em grande parte amparados pela nossa Constituição de 1988 (sempre ameaçada e desrespeitada, agora mais ainda).

    Acho que falta ao pessoal uma análise crítica dos defeitos absurdos de uma Democracia Representativa. Em resumo, além das regras para participação política serem desiguais e bastante restritivas, diria até mesmo elitistas, se você vota hoje no Superman e, amanhã, ele fica sob o efeito da kryptonita vermelha, mau pra caramba, dizimando a natureza e as pessoas, é como se você fosse o responsável pelas atitudes dele durante todo o mandato, independente do que ele era antes das eleições e de como ele ficou depois… Hoje eu voto na Maria, amanhã ela bate a cabeça e se torna “Maria a Louca” e então tenho que aguentar quatro anos de “que comam brioches” porque tenho de respeitar a Democracia… E fui eu que a elegi, ou então minha comunidade, então sou o responsável pelo “que comam brioches”, portanto, tenho que engolir, ou melhor, tenho que deixar de comer o pão e procurar os tais brioches…

    Outro discurso frequente que me assusta é em relação às pedaladas fiscais. Justifica-se que pedaladas fiscais não são crime, e isso principalmente porque sempre aconteceram. Assim como sempre aconteceram os desvios, os caixas dois, as trocas de favores, os esquemas nas licitações, as contas em paraísos fiscais, as ameaças e agressões à quem contraria o poder vigente, as Zelotes, o caso HSBC, as Satiagrahas, os Banestados, os Trensalões, as Ingerências Hídricas, o entreguismo da soberania nacional, etc, etc, etc… Bem, independente de ser crime ou não, deveríamos analisar além das leis, além do juspositivismo: As atitudes são morais e éticas? Prejudicam ou não as pessoas e o meio natural? Quem está ganhando com isso? Trata-se de política pública ou particular? Agride ou não os interesses difusos e coletivos?

    Esquece-se no discurso pró Democracia, por exemplo, que o dinheiro utilizado para sustentar partidos e campanhas eleitorais tem origem extremamente dúbia, ligada aos desvios e caixas dois (vide Correios, Mensalão, Petrolão, e Construtoras da Lava Jato) e isto para praticamente TODOS os partidos e candidatos, com exceção dos quatro partidos ditos de esquerda (PSOL, PSTU, PCO e PCB), uma esquerda também fragmentada e vítima da confusão, mas onde de fato reside a melhor saída. A “REDE Sustentabilidade” não está envolvida por conta de ser um novo partido, porém, Eduardo Campos, protagonista no partido antes de falecer no estranho acidente aéreo em Santos, está citado em denúncias de corrupção, inclusive da Lava Jato.

    Desta forma, se há prova de dinheiro ilícito nas campanhas, o mais adequado seria que o processo eleitoral fosse considerado inválido e todos os candidatos de todos os partidos envolvidos afastados, não somente a Presidente. Novas eleições gerais teriam de ser convocadas. Quem tem atribuição para fazer isso (impugnar e convocar) é o TSE. Mas parece que isso incomoda a própria oposição que há anos tenta derrubar a qualquer custo os mínimos entraves à sua política ainda mais retrógrada. E como oposição tenho claro que estamos falando de Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, via FIESP, via Partidos de Direita e/ou que se comportam como tal. Prova disto é o impeachment estar mal alicerçado em pedaladas fiscais, e não em corrupção nas eleições. Trata-se de uma bala escolhida para matar o PT sem matar os parasitas.

    No final das contas, com ou sem Dilma, Via “Agenda Brasil” ou “Ponte para o Futuro”, o resultado inquestionável é retrocesso, aumento do “fator colonialismo”.

    A melhor saída para este imbróglio seria dar ao povo o poder de decidir, e mais poder de decidir, sob regras de fato justas. Não só novas eleições, mas novas regras, uma Reforma Eleitoral. Ou seja, eleições com implantação do “Ficha Limpa”, com mesmo tempo e condições de apresentação de propostas para todos os candidatos, sem relatividade (com votos absolutos) e com validade aos votos nulos (como era na interpretação passada do TSE, que mudou depois de 2004*).

    * Saiba mais sobre a polêmica dos votos nulos neste meu artigo de 2006:

    http://duplipensar.net/artigos/2006-Q4/eleicoes-2006-segundo-truque-breve-historico.html

    Atualmente, a alternativa existente, para o “recall” dos políticos, trata-se de um referende revogatório proposto via PEC, no caso apresentado pelo partido REDE que, a meu ver, padece de inúmeros vícios comuns aos partidos que se flexibilizam ao máximo para prosperar e crescer (como envolvimento com Itaú e Natura), porém, a proposta pontualmente é boa. É claro que neste cenário atual, a possibilidade da REDE e de Marina Silva serem favorecidos e alavancados para o poder é enorme. Já adianto que não voto em Marina (a despeito do belo histórico) e nem na REDE, pois é um partido conservador de direita, com cintura flexível demais, tendendo para neoliberalismo. Mas cabe ao povo decidir e, de preferência, sob regras mais justas (dependentes de outra PEC, quem sabe via PSOL?). E neste cenário, pessoas que antes eram propositadamente obliteradas, poderão florescer.

    Ademais, há um curso definido pela oposição (Banco Mundial, FMI, FIESP, Direita) que vem se concretizando. E se concretiza com base em desinformação, seletividade, tendência, jogo sujo… Inovar de verdade seria surpreendê-los, principalmente com novas eleições e regras mais justas, e não apenas manter o governo de extrema direita que se recusa timidamente e insuficientemente a ser de “extremíssima” direita. Inovar de verdade seria se contrapor aos retrocessos em curso, ao incremento ao neocolonialismo.

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