União Européia pode rever relação com Cuba
Publicado 18/02/2010 às 13:58 - Atualizado 15/01/2019 às 18:11
E uma Prêmio Nobel de Literatura intercede em favor dos cubanos presos nos Estados Unidos
O ministro das Relações Externas da Espanha, Miguel Angél Moratinos, defendeu ontem — em entrevista coletiva da qual participou também o chanceler brasileiro Celso Amorin — o fim das restrições diplomáticas da União Europeia (UE) contra Cuba. A Espanha exerce atualmente a presidência rotativa da UE.
As restrições europeias foram adotadas em 1996 e 2003, por insistência de outro governo espanhol: o que era chefiado por José Maria Aznar, e considerado forte aliado dos Estados Unidos e em particular do então presidente George W. Bush. Tinham como base denúncias de violações de direitos humanos.
Moratinos afirmou na entrevista, no entanto, ser muito mais produtivo, a este respeito, manter diálogos diretos com Havana. Ele voltará a se reunir com autoridades cubanas nesta quinta-feira, 18/2.
Cinco prisioneiros: Já em Havana, onde se encontra para a 19ª Feira Internacional do Livro, a escritora sul-africana Nadine Gordimer (foto) — Nobel da Literatura de 1991 — apelou ao presidente norte-americano pela liberdade de cinco agentes cubanos presos em Miami. “Lanço também um chamado a todos os cidadãos do mundo. Já é hora de acabar com o padecimento deles”, disse Gordimer.
Aprisionados desde 1998, os cinco agentes realizavam, em solo norte-americano, infiltração em organizações anticubanas que praticaram atos terroristas. Sua história está relatada num artigo de Frei Betto.
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Depois de visitar a ilha por algumas vezes e fazer várias matérias sobre Cuba, acredito que atitudes como a adotada, na época, pelo primeiro ministro espanhol, Jose Maria Aznar, não são apenas cruéis mas são também contraproducentes. Cuba precisa de uma invasão de novas ideias e não de sanções comerciais que prejudicam apenas a população civil da ilha. As sanções- instrumentos típicos da guerra fria, mas ainda hoje defendidas pelos americanos- nunca produziram nenhum contraponto, nenhuma melhoria para a população do país, nem em Belgrado, nem em Teerã, jamais… Ao contrário, só causaram cada vez mais antagonismos, prejudicando apenas mulheres, mães, que levam seus filhos a hospitais onde falta até mesmo anestesia ou que, todos os dias, não conseguem nem mesmo 300 g de carne para alimentar um filho, a não ser que paguem o preço exigido pelo mercado negro…Cuba, até por ter protagonizado uma revolução histórica, ainda que passível de revisões, mereceria mais diálogos e menos sanções…