Trump ataca autoridades da Saúde brasileira

Padilha reage com discurso em defesa do SUS e do Mais Médicos.

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A noite de quarta (13) foi marcada pelo anúncio de suspensões de vistos de Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, um dos coordenadores brasileiros da COP-30 e ex-dirigente da OPAS. As explicações de Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, dizem respeito à participação de ambos na concepção do programa Mais Médicos. Refletem o cinismo retórico de um governo imperial que ainda se acha no direito de decidir a vida de outros países.

“Quer o governo norte-americano transformar o Brasil em uma colônia, retirar sua soberania, para que possa ditar ordens e fazer a pilhagem de seus valiosos recursos”, criticou nota da Frente pela Vida em defesa da soberania. Por sua vez, o ministro Alexandre Padilha respondeu às sanções com a frase “saúde e soberania não se negociam”, além de reiterar os méritos do programa Mais Médicos, usado como muleta pelo governo estadunidense para sancionar os secretários. Retomado em 2023, o programa agora tem quase 30 mil inscritos e características diferentes de sua primeira versão, momento no qual a quantidade de médicos brasileiros era consideravelmente menor.

Segundo Rubio, a criação do programa Mais Médicos em 2013, e sua parceria com o governo cubano, foi uma violação de direitos humanos de “trabalhadores forçados a prestar serviços médicos”. A argumentação cínica foi usada no Brasil por setores que vieram a se associar ao bolsonarismo, desmantelaram o SUS e chegaram a absurdos como a defesa de práticas como uso da cloroquina para combater covid, além de fazer propaganda antivacina. Isso para não falar do próprio desmonte de legislações trabalhistas e previdenciárias.

Rubio ainda atacou a OPAS, braço da OMS nas Américas, e fez suas perorações anticomunistas de praxe. Eduardo Bolsonaro comemorou o gesto, em sua cruzada sem volta de apoio à intervenção estrangeira no Estado brasileiro. Agora, com direito a pitaco em políticas públicas de um sistema de saúde mundialmente reconhecido como exemplo de democracia.

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