A Saúde Coletiva se encontra no Rio, em Congresso da Alames

Tem início o XVIII Congresso Latino-americano de Medicina Social e Saúde Coletiva. Mesa de abertura contou com a presença de importantes representantes de entidades da Saúde Coletiva no continente

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Em cerimônia de abertura realizada ontem (5), teve início o XVIII Congresso Latino-americano de Medicina Social e Saúde Coletiva, que acontece na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) até o dia 8, sexta-feira. A celebração, que aconteceu ao final da tarde no teatro Odylo Costa Filho, sucedeu dois dias de intensas atividades de pré-congresso. Em sua fala, a presidente do evento, Ana Maria Costa, celebrou a volta do Congresso ao Brasil no marco dos 40 anos da Alames (Associação Latino-americana de Medicina Social e Saúde Coletiva).

Estavam presentes na mesa, ao lado de Ana Costa, representantes de entidades ligadas à Saúde Coletiva brasileiros e latino-americanos. A primeira a saudar os participantes foi a anfitriã do evento, a reitora da UERJ Gulnar Azevedo, que conclamou a todos para aproveitar o encontro para construir juntos a Saúde Coletiva. Por sua vez, o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-americana da Saúde (Opas), Julio Pedroza Toríbio, saudou iniciativas no México, na Colômbia e no Chile de reformar seus sistemas de saúde inspirados sob bases inspiradas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. 

Mario Moreira, presidente da Fiocruz, também na mesa, fez uma fala de denúncia dos ataques ao multilateralismo e de defesa de parcerias científicas com outros institutos latino-americanos. “Além da diplomacia científica e em saúde, estamos iniciando um processo de diplomacia tecnológica”, afirmou ele, ao lembrar que a Fiocruz tem 125 anos de comprometimento com a saúde do continente. Ele lembra que as regiões mais pobres do mundo foram as últimas a ter acesso a medicamentos e insumos de saúde durante a pandemia, e frisou: “está na mesa a possibilidade de o Brasil, a América Latina, a África, o Sul Global como um todo terem autonomia científica e tecnológica para que seus institutos de saúde tenham soberania e domínio da agenda”.

Em nome do Ministério da Saúde, o secretário adjunto de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Jerzey Timoteo Ribeiro Santos lembrou que o governo Lula trabalha na reconstrução do SUS, com as gestões de Nísia Trindade e de Alexandre Padilha, e celebrou a saída do Brasil do Mapa da Fome. Mas afirmou: é importante que o ministério esteja aberto também às críticas, que elas são necessárias para que haja avanços. 

Já o presidente do Cebes (Centro Brasileiro de Estudos de Saúde), capítulo brasileiro da Alames, traçou um panorama das crises que a saúde enfrenta, causadas sobretudo pelo neoliberalismo e pelo rentismo. Carlos Fidelis lembrou que, em 2026, o Cebes celebrará seus 50 anos, em um momento decisivo de eleições presidenciais, quando será necessário posicionar-se contra as políticas de “austeridade”. 

Fidelis celebrou a Alames e as experiências latino-americanas na Saúde, a criação de conceitos cruciais como a Saúde Coletiva, a determinação social da saúde e o Bem Viver. O historiador também denunciou o genocídio que acontece hoje em Gaza, “um campo de exterminio a céu abreto, que nos envergonha como seres humanos e que o mundo assiste calado pela força das armas”.

A presidente do congresso Ana Costa fechou a mesa de abertura destacando alguns dos números do XVIII Congresso, o maior até hoje: foram 2.100 inscritos, 1.217 trabalhos aprovados, 417 sessões de comunicação oral e 900 pôsteres. O evento se organiza em seis grandes eixos, com 21 mesas temáticas, quatro grandes debates, três conferências e um ato de solidariedade a Cuba. 

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