Gripe aviária no Brasil: caso em humano é descartado

Granja brasileira registra H5N1, mas não em humanos. Ainda assim, o Brasil se prepara para combater a doença

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O Ministério da Saúde informou que, de acordo com testes feitos pela Fiocruz, foi descartada a hipótese de um caso de gripe aviária em uma pessoa no Brasil. O exame RT-PCR foi feito no Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC/Fiocruz e deu resultado negativo para infecções por influenza de diversos tipos, além de outros vírus respiratórios.

A pessoa testada é um trabalhador de uma granja do município de Montenegro (RS), onde foi identificado, pelo Ministério da Saúde, um foco de H5N1. É a primeira vez que o vírus é detectado na produção comercial de aves no Brasil: até então, foram registrados casos em animais selvagens. 

O resultado negativo do vírus em um humano é um alívio, porque a letalidade da doença é alta, mas não significaria uma maior probabilidade de o vírus se espalhar: até hoje, não há registro de transmissão entre humanos da gripe aviária – as pessoas que a contraem são aquelas que tiveram contato com animais doentes. O consumo da carne e de ovos também não permite a transmissão. Ainda assim, as exportações de frango e derivados do Brasil foram suspensas para mais de 30 países.

O epicentro da H5N1 no mundo está, hoje, nos Estados Unidos. Além de aves, o vírus também se espalhou por grande parte dos rebanhos de bovinos do país, e foram registrados alguns casos de infecções e mortes de humanos pela doença. Cientistas temem que, uma vez que o vírus evolua a ponto de conseguir se espalhar entre pessoas, o mundo poderá enfrentar uma grave crise sanitária. 

Felizmente, ainda não há notícias de que isso tenha acontecido. Mas trata-se mais de sorte do que resultado de medidas preventivas. Como tratamos em matéria para este boletim, o governo norte-americano fracassa em interromper o espalhamento do H5N1. E há um componente que abre espaço para que o vírus se alastre: a forma de produção de alimentos nos Estados Unidos (e também no Brasil).

A maneira como se está produzindo carne e outros produtos derivados de galinhas e vacas é um problema. Se concentra um número gigantesco de animais em condições sujas, estressantes, com pouco espaço. Eles ficam muito mais vulneráveis a essas doenças e, por consequência, nós também ficamos”, alertou a epidemiologista Ligia Kerr à matéria. 

No momento, o Instituto Butantan já trabalha em uma vacina que protege contra o vírus da gripe aviária. Desde agosto, o laboratório paulista aguarda aprovação da Anvisa para iniciar os estudos clínicos para o desenvolvimento da vacina contra a gripe aviária, em parceria com a Fiocruz Pernambuco.

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