Visita à China reforça parcerias e inovação em Saúde
Em visita à China, a comitiva do governo federal, que contou com o ministro da Saúde, reforça parceria China-Brasil de tecnologia e saúde
Publicado 15/05/2025 às 13:35 - Atualizado 16/05/2025 às 11:14
Um dos principais membros da comitiva do governo federal que acompanhou Lula na viagem à China, o ministro Alexandre Padilha assinou três acordos bilaterais para investimento em tecnologia e inovação: produção de vacinas, transferência de tecnologia para produção nacional de equipamentos capazes de realizar exames de imagem e a criação de plataforma para geração de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs).
As três novidades se juntam a acordos anteriores entre os dois governos, que também abarcavam vacinas de doenças como a dengue, produção de insulina glargina (usada no tratamento de diabetes) e a criação de um hospital digital inteligente, inédito no país. Nesse sentido, vale lembrar que uma comitiva liderada pela secretária de Saúde Digital, Ana Estela Haddad, já havia visitado o país a fim de buscar acordos de aprofundamento da digitalização do SUS, um dos principais objetivos do Ministério da Saúde no atual período.
No âmbito das vacinas e IFAs, o acordo é comemorado por Padilha, uma vez que pode mudar o patamar da produção nacional de medicamentos e imunizantes. Isso porque a ideia é tornar o Brasil um polo produtivo de diversas vacinas que podem não só suprir a população como ser vendidas a países carentes de uma própria indústria do setor, em especial na América Latina e África.
A criação do Instituto Instituto Brasil-China para Inovação em Biotecnologia e Doenças Infecciosas e Degenerativas reuniria Europharma e Sinovac ao complexo industrial brasileiro, tanto em suas plantas fabris públicas como privadas – a exemplo do que já ocorre na Biomm, produtora de insulina, inaugurada em Nova Lima, zona metropolitana de Belo Horizonte, em evento que contou com a presença de Lula.
A iniciativa também teria potencial de alterar de forma considerável a balança comercial do Brasil no setor da saúde, cujo déficit é estimado em US$ 20 bilhões e foi desde o início do governo Lula interpretado como um gargalo a ser contornado. Isso porque o país importa quase a totalidade dos medicamentos que consome e distribui via SUS; uma mudança neste perfil comercial poderia liberar vultosas somas de dinheiro para investimentos na saúde pública.
Outro tema importante é a produção local de equipamentos tecnológicos, tema de destaque de um denso artigo de Luiz Vianna Sobrinho, doutor em Bioética e Saúde Coletiva, que há anos produz reflexões sobre a digitalização da medicina e dos sistemas de saúde. Em sua visão, as afinidades entre as duas nações em suas reformas sanitárias e entendimento da saúde como um direito universal criam as condições para a concretização de parcerias produtivas de alto nível tecnológico, com reflexos diretos no SUS.
Por sua vez, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação também esteve presente na viagem. A ministra Luciana Santos assinou acordos de inovação que visam pesquisas em energia nuclear e cooperação com universidades, cujo corpo técnico será inserido nos projetos de produção e inovação tecnológica associados à saúde. Além disso, foi estabelecido pacto para a criação de dois centros de transferência de tecnologia: um denominado China-Brasil e outro China-América Latina e Caribe, que receberia treinamento para a operação de dois satélites, destinados à observação espacial e produção de dados meteorológicos, climáticos e ambientais.
Outras Palavras é feito por muitas mãos. Se você valoriza nossa produção, seja nosso apoiador e fortaleça o jornalismo crítico: apoia.se/outraspalavras