Parque Augusta, luta coletiva a um passo da vitória
Publicado 04/07/2017 às 15:28
Um quarteirão livre de prédios no centro de S.Paulo, com a Mata Atlântica conservada, Um espaço público e autogestionado que começa a ser desenhado hoje, em fórum de debates durante todo o mês de julho
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Fórum Parque Augusta
Abertura hoje, 4 de julho, às 19 horas
Matilha Cultural, na rua Rego Freitas, 542 — São Paulo
Veja ao final programação completa
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Começa hoje o Fórum Parque Augusta, um mês inteiro de debates cujo objetivo é criar um sistema de autogestão para a implantação do Parque Augusta, uma área verde de 24 mil m² com reminiscências de Mata Atlântica no centro de São Paulo. O terreno, tombado pelo Patrimônio Histórico em 2004 e que abrigou o colégio feminino de elite Des Oiseaux e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Sedes Sapientiae, fica na região da rua Augusta, entre as ruas Caio Prado e Marquês de Paranaguá. O Fórum, aberto ao público, conta com a participação de “pesquisadores, acadêmicos, antiacadêmicos, especialistas e desespecialistas”, conforme os organizadores. Na abertura haverá uma apresentação do status legal do Parque e das negociações sobre o terreno, do processo coletivo de luta pela área e dos pesquisadores que acompanham o processo.
A criação de um parque público que conserve a Mata Atlântica ali restante é resultado de décadas de disputa entre os movimentos sociais e as últimas gestões municipais, contra a especulação imobiliária. Mobilizações festivas, “vigílias criativas”, ocupações artísticas, festas de rua e aulas públicas foram realizadas pelo movimento Organismo Parque Augusta, até que uma lei criando o Parque foi sancionada pelo prefeito Fernando Haddad, em 23 de dezembro de 2013. Dias depois, em 29 de dezembro, o parque foi lacrado ilegalmente por seus proprietários atuais, as construtoras Setin e Cyrela.
O valor da área estaria na época em torno de 70 milhões de reais, inviável para os cofres públicos. Os proprietários queriam privatizar o terreno, construindo torres em parte deles, e abrir o resto para o público. Diante da rejeição dos moradores da região e coletivos ativistas, cuja demanda é o parque sem prédios, público e sob autogestão, com desapropriação não onerosa do terreno, foi feito um acordo entre o Ministério Público, a prefeitura (já na gestão Dória) e os proprietários para que o terreno seja pago por meio da troca com outras áreas municipais.
“Diante da atual perspectiva de conseguirmos o Parque Augusta definitivamente sem prédios e através de muita pressão feita na atual gestão municipal, conseguimos que o projeto de implantação do parque augusta 100% seja desenvolvido pelo movimento Parque Augusta em conjunto com a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente que será a responsável legal-burocrática desse processo”, afirma o Movimento Organismo Parque Augusta, que reúne os ativistas.
A luta
No decorrer da luta, o movimento ajudou a criar a Rede Novos Parques SP, que luta pela preservação e criação de outros parques em São Paulo, como o Parque dos Búfalos, na zona sul da cidade, e foram estabelecidos contatos com movimentos semelhantes dentro e fora do país: receberam a visita de ativistas do Parque Gezi, da Turquia, e entraram em diálogo com movimentos brasileiros como o Ocupe Estelita, de Pernambuco, o Ocupa Golfe, do Rio de Janeiro, e o Santuário dos Pajés, do Distrito Federal.
“O projeto comunitário para o Parque Augusta parte de um consenso fundamental que se estabeleceu a partir das ações que marcaram o desenvolvimento do movimento social pelo Parque Augusta sem prédios: a assimilação de que este parque é e deve permanecer um ícone da luta por uma nova sensibilidade social e urbana, a favor da prevalência da função social da propriedade em detrimento de seu uso privatista (que fomenta a especulação imobiliária e reforça o processo de gentrificação e de desigualdade social), ícone este que inclui a indignação com os rios que foram canalizados e soterrados sob ruas e avenidas durante o século 20, e o fomento à luta por novas formas de autogestão de espaços públicos/comuns (com gestão direta da comunidade plural que frequentam o respectivo imóvel, livre de empresas privadas e também, sempre o máximo que possível, do estado e suas terceirizações corruptíveis)” – afirma o movimento.
Programação
Julho
04/07 – ABERTURA – terça-feira às 19h na MATILHA CULTURAL (rua Rego Freitas, 542)
5 qua. montagem exposição (16h – Tapera Taperá)
6 qui. abertura da expo #parqueprocesso (19h – Tapera Taperá)
8 sáb. lua cheia
11 ter. conferências socius (19h – Tapera Taperá )
12 qua. mesa aberta povo de rua (19h – Tapera Taperá)
13 qui. oficina aberta urbanismo (18h – Tapera Taperá)
13–15. LAB Derivas (16h – na rua e no Tapera Taperá)
15 sáb. cinemata
18 ter. conferências ambiente (19h – Tapera Taperá)
19 qua. oficina aberta tecnologia e autonomia (19h – Tapera Taperá)
20 qui. oficina aberta reflorestamento e água (19h – Tapera Taperá)
22 sáb. fim de semana em aberto
25 ter. conferências subjetividades (19h – Matilha Cultural)
26 qua. oficina aberta autogestão (19h – Tapera Taperá)
27 qui. oficina aberta arquitetura (19h – Tapera Taperá)
28 sex. última sexta livre
29 sáb. fim de semana rock’n (Parque dos Búfalos)
Agosto
1º ter. encerramentos • batucada