E se o dólar deixar de ser moeda global?
Fatores como o uso da moeda como arma política, o enfraquecimento fiscal americano e a instabilidade gerada por figuras como Trump abalam a confiança global. Mas, como alerta o economista Paulo Nogueira Batista Jr., essa tendência é anterior e mais profunda
Publicado 30/04/2025 às 19:38 - Atualizado 28/05/2025 às 17:25
A hegemonia do dólar, que sustenta o “privilégio exorbitante” dos EUA desde a Segunda Guerra, enfrenta uma erosão crescente. Fatores como o uso da moeda como arma política, o enfraquecimento fiscal americano e a instabilidade gerada por figuras como Trump abalam a confiança global. Mas, como alerta o economista Paulo Nogueira Batista Jr. em entrevista ao Outras Palavras, essa tendência é anterior e mais profunda.
Embora a desdolarização já ocorra na prática – com países buscando transacionar em moedas nacionais e acumulando ouro –, Batista Jr., ex-vice-presidente do Banco dos BRICS e ex-diretor no FMI, expressa ceticismo quanto à capacidade do bloco BRICS de construir, enquanto grupo, uma alternativa coesa. “Não vejo os BRICS se movimentando na direção de produzir algo diferente”, afirma, apontando a falta de consenso interno, a relutância de países como a Índia e a pressão direta dos EUA.
Ele detalha os limites das transações em moedas nacionais (que geram acúmulo indesejado de moedas não conversíveis para países superavitários) e a necessidade de uma moeda de reserva alternativa (NMR) para viabilizar um sistema multipolar. Enquanto a China avança com seu próprio sistema de pagamentos (CIPS), Batista Jr. critica a falta de progresso na presidência brasileira dos BRICS: “Falta completamente genérica, completamente… vazia”. A hesitação chinesa em internacionalizar o yuan e a inação do bloco podem, paradoxalmente, consolidar a moeda chinesa como alternativa de fato, na ausência de um projeto coletivo.
Para compreender a fundo a análise de Paulo Nogueira Batista Jr. sobre a “desordem centrada no dólar”, os obstáculos políticos e técnicos para uma alternativa BRICS e as complexas dinâmicas geopolíticas em jogo, assista à entrevista completa no vídeo acima. Uma visão crítica e realista sobre o futuro do sistema monetário internacional.
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