Pistas para pensar o futuro do trabalho no Brasil

Ascensão da China. Revolução digital. Mudanças climáticas. Plataformização da economia. As relações de trabalho se reconfiguram – e exigirão mais que políticas de emprego. Repensar o modelo de desenvolvimento do país é crucial. Aqui, possíveis formas de fazê-lo

Foto: Leandro Santos/Agência IBGE Notícias
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O mundo do trabalho no Brasil está passando por transformações profundas, influenciadas por mudanças globais e decisões políticas internas. Essas transformações não são meros reflexos passivos de tendências internacionais, mas resultado de uma complexa interação entre forças globais e escolhas nacionais. A reestruturação produtiva, a flexibilização das relações de trabalho e a incorporação de novas tecnologias têm reconfigurado não apenas os processos de produção, mas também as próprias relações sociais e a subjetividade dos trabalhadores. Este cenário de mudanças aceleradas demanda uma análise crítica e minuciosa, capaz de desvelar as contradições e os desafios que se apresentam para a classe trabalhadora brasileira.

Neste contexto, é fundamental compreender que as transformações no mundo do trabalho não ocorrem em um vácuo histórico ou social. Elas são parte de um processo mais amplo de reconfiguração do capitalismo global, marcado pela financeirização da economia, pela ascensão de novos polos de poder econômico e pela intensificação das desigualdades sociais. No Brasil, esse processo se desdobra de maneira particular, refletindo tanto a posição do país na divisão internacional do trabalho quanto as especificidades de sua formação social e econômica. A persistência de formas precárias de trabalho, a informalidade e a desigualdade estrutural são elementos que se entrelaçam com as novas dinâmicas impostas pela globalização e pela revolução tecnológica, criando um cenário complexo e desafiador.

Este artigo busca, portanto, analisar essas transformações sob uma perspectiva crítica, considerando tanto as tendências globais quanto as especificidades do contexto brasileiro. Propõe-se a examinar não apenas os indicadores econômicos e as estatísticas do mercado de trabalho, mas também as experiências concretas dos trabalhadores, suas lutas e formas de resistência. Ao adotar essa abordagem, pretende-se contribuir para uma compreensão mais profunda e nuançada das mudanças em curso, bem como para a formulação de estratégias e políticas capazes de enfrentar os desafios que se apresentam. A análise se debruçará sobre questões como a precarização do trabalho, a uberização da economia, o impacto das novas tecnologias, as mudanças nas formas de organização sindical e as perspectivas para a construção de um futuro do trabalho mais justo e inclusivo no Brasil.

A ascensão do Oriente e a Nova Divisão Internacional do Trabalho

O protagonismo chinês na economia global tem reconfigurado as relações comerciais internacionais, afetando diretamente o Brasil e outros países em desenvolvimento. Esta mudança no centro dinâmico mundial, caracterizada pela ascensão da China como potência econômica, representa uma transformação significativa na divisão internacional do trabalho. Como observa Alves (2014), esse processo não se limita a uma simples realocação geográfica da produção, mas implica uma reestruturação profunda das cadeias globais de valor e das relações de poder no capitalismo global.

A nova configuração da economia mundial, impulsionada pelo crescimento chinês, tem impactos contraditórios sobre o mercado de trabalho brasileiro. Por um lado, a demanda chinesa por commodities tem favorecido o setor primário-exportador do Brasil, gerando empregos e divisas. Por outro lado, como argumenta Pochmann (2016), essa dinâmica tem intensificado o processo de reprimarização da economia brasileira, comprometendo o desenvolvimento industrial e tecnológico do país. Este cenário coloca em xeque a capacidade do Brasil de gerar empregos de qualidade e de se inserir de forma competitiva nos segmentos mais dinâmicos da economia global.

A inserção do Brasil nessa nova divisão internacional do trabalho é marcada por contradições e desafios. Antunes (2018) ressalta que o avanço do capitalismo informacional-digital, liderado pelos países do centro, tem aprofundado as desigualdades entre as nações e dentro delas. No caso brasileiro, observa-se uma tendência à precarização e informalização do trabalho, com a proliferação de ocupações de baixa qualificação e remuneração, especialmente no setor de serviços. Este processo é agravado pela concorrência com produtos manufaturados chineses, que pressionam a indústria nacional e contribuem para a desestruturação de setores intensivos em mão de obra.

Diante desse cenário, é crucial repensar as estratégias de desenvolvimento e as políticas de trabalho no Brasil. Braga (2017) argumenta que é necessário superar a lógica da especialização regressiva e buscar uma inserção mais qualificada na economia global. Isso implica investimentos em educação, ciência e tecnologia, bem como o fortalecimento de setores estratégicos capazes de gerar empregos de qualidade. Além disso, é fundamental a adoção de políticas de proteção social e regulação do trabalho que combatam a precarização e promovam condições dignas de emprego. Só assim será possível enfrentar os desafios impostos pela nova divisão internacional do trabalho e construir um futuro mais promissor para os trabalhadores brasileiros.

A Era Digital e a transformação do trabalho

A transição para a Era Digital, intimamente ligada à ascensão do Oriente discutida anteriormente, está revolucionando as formas de trabalhar, distribuir e viver em escala global. Esta mudança, caracterizada pela introdução massiva de tecnologias digitais e de automação nos processos produtivos, cria uma nova divisão internacional do trabalho, aprofundando as desigualdades entre países produtores e exportadores de tecnologia e aqueles que são meros consumidores. Castells (2020) argumenta que essa nova configuração resulta em uma “sociedade em rede”, na qual o controle sobre os fluxos de informação e tecnologia se torna um elemento central de poder econômico e geopolítico.

No contexto desta nova divisão internacional do trabalho digital, o Brasil encontra-se em uma posição particularmente delicada. Como observa Schwab (2016), a chamada Quarta Revolução Industrial tem o potencial de exacerbar as desigualdades tanto entre países quanto dentro deles. No caso brasileiro, o risco de se tornar predominantemente importador de tecnologia é real e preocupante, podendo limitar severamente a criação de empregos de alta qualificação no país. Esse cenário é agravado pela situação de dependência tecnológica que, segundo Antunes e Braga (2019), caracteriza a inserção subordinada do Brasil na economia global digitalizada.

A digitalização da economia e do trabalho no Brasil apresenta características contraditórias. Por um lado, como argumenta Abílio (2020), observa-se a proliferação de formas de trabalho mediadas por plataformas digitais, como no caso dos entregadores de aplicativos. Essas novas modalidades de trabalho, frequentemente apresentadas sob o eufemismo da “economia do compartilhamento”, muitas vezes resultam em precarização e intensificação da exploração laboral. Por outro lado, setores de alta tecnologia, como o desenvolvimento de software e a economia criativa digital, oferecem oportunidades de trabalho qualificado, ainda que de forma limitada e concentrada geograficamente.

A transformação digital do trabalho no Brasil não pode ser compreendida de forma isolada das dinâmicas globais de reestruturação produtiva e financeirização da economia. Dardot e Laval (2016) argumentam que a racionalidade neoliberal, que permeia essas transformações, promove uma lógica de competição generalizada e individualização dos riscos sociais. No contexto brasileiro, isso se traduz em uma tendência à flexibilização das relações de trabalho, com a proliferação de contratos temporários, trabalho autônomo e outras formas de vínculo precário. Essa precarização é particularmente evidente no setor de serviços, que absorve grande parte da força de trabalho deslocada pela automação e digitalização de outros setores.

Diante desses desafios, é crucial que o Brasil desenvolva estratégias para uma inserção mais qualificada na economia digital global. Mazzucato (2014) defende a importância de políticas industriais e de inovação orientadas por missões, capazes de direcionar o desenvolvimento tecnológico para objetivos socialmente relevantes. No contexto brasileiro, isso poderia se traduzir em investimentos estratégicos em áreas como energia renovável, biotecnologia e tecnologias digitais aplicadas à saúde e educação. Além disso, como argumenta Huws (2014), é fundamental repensar as formas de organização e regulação do trabalho na era digital, buscando garantir direitos e proteções sociais adequados às novas realidades laborais. Só assim será possível aproveitar as oportunidades da revolução digital sem comprometer os direitos e a dignidade dos trabalhadores brasileiros.

Recuperação pós-pandemia e desigualdades persistentes

A recuperação do mercado de trabalho brasileiro nos últimos dois anos pós-pandemia, evidenciada pelos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), deve ser analisada à luz das transformações globais discutidas anteriormente, como a ascensão do Oriente e a digitalização da economia. Neste contexto, Pochmann (2020) argumenta que a pandemia não apenas expôs, mas também aprofundou as fragilidades estruturais do mercado de trabalho brasileiro, marcado por altos níveis de informalidade e precarização. A recuperação observada, portanto, ocorre sobre bases já fragilizadas, refletindo e reproduzindo desigualdades históricas.

As desigualdades regionais, de gênero e raça que persistem no mercado de trabalho brasileiro são um reflexo direto da inserção subordinada do país na nova divisão internacional do trabalho. Conforme aponta Hirata (2018), a intersecção entre classe, gênero e raça é fundamental para compreender a dinâmica do trabalho no capitalismo globalizado. No Brasil, essa interseccionalidade se manifesta na concentração de mulheres, especialmente mulheres negras, em setores mais precários e mal remunerados da economia, muitos dos quais foram particularmente afetados pela pandemia e pela crescente digitalização do trabalho.

A heterogeneidade da recuperação pós-pandemia revela também as disparidades na capacidade de diferentes setores e regiões de se adaptarem às novas demandas da economia digital. Conforme discutido por Antunes (2020), enquanto alguns setores, como o de tecnologia da informação, experimentaram um boom durante e após a pandemia, outros, como o comércio tradicional e serviços pessoais, enfrentaram dificuldades significativas. Essa dinâmica tende a exacerbar as desigualdades regionais, favorecendo centros urbanos mais desenvolvidos em detrimento de regiões periféricas, num processo que Brandão (2019) caracteriza como “desenvolvimento geográfico desigual”.

Diante desse cenário, é crucial reconhecer que a mera retomada dos níveis de emprego pré-pandemia não é suficiente para abordar as desigualdades estruturais do mercado de trabalho brasileiro. Como argumenta Lavinas (2021), é necessária uma política de desenvolvimento que combine investimentos em setores estratégicos, como tecnologia verde e economia do cuidado, com políticas robustas de proteção social e valorização do trabalho. Apenas através de uma abordagem integrada, que leve em conta as especificidades do contexto brasileiro e as tendências globais discutidas anteriormente, será possível construir um mercado de trabalho mais equitativo e resiliente às futuras crises.

Precarização do trabalho e subutilização da força de trabalho

A subutilização da força de trabalho no Brasil, embora tenha apresentado uma leve redução nos últimos anos, continua em patamares alarmantes. Este fenômeno está intrinsecamente ligado às transformações globais discutidas anteriormente, como a ascensão do Oriente e a digitalização da economia, que têm reconfigurado as relações de trabalho em escala mundial. Conforme argumenta Standing (2014), a flexibilização e precarização do trabalho não são anomalias, mas características estruturais do capitalismo contemporâneo, que ele denomina de “precariado”. No contexto brasileiro, essa tendência global se soma a fragilidades históricas do mercado de trabalho, resultando em um cenário particularmente desafiador.

O trabalho intermitente e a contratação temporária, modalidades que ganharam força com a reforma trabalhista de 2017, têm afetado de maneira significativa profissionais qualificados, incluindo professores e trabalhadores da área de saúde. Krein et al. (2021) argumentam que essas formas de contratação, longe de promoverem a geração de empregos como prometido, têm na verdade intensificado a precarização do trabalho. O resultado é a proliferação de jornadas e salários menores, além de uma crescente insegurança laboral, mesmo entre trabalhadores com alta qualificação.

A precarização do trabalho no Brasil não pode ser dissociada do processo de desindustrialização e reprimarização da economia, discutidos nas seções anteriores. Como aponta Pochmann (2016), a perda de participação da indústria no PIB brasileiro tem sido acompanhada por uma deterioração da qualidade dos empregos gerados, com o setor de serviços absorvendo grande parte da força de trabalho em condições frequentemente precárias. Esse movimento é agravado pela inserção subordinada do Brasil na economia digital global, que tende a concentrar os empregos de alta qualificação e remuneração nos países centrais.

Formação e qualificação profissional

Diante dos desafios impostos pela Era Digital e pela nova economia global, o investimento em educação e formação profissional torna-se ainda mais crucial para o Brasil. Contudo, como argumenta Saviani (2018), é necessário superar a visão instrumental da educação, que a reduz a mera formação de “capital humano” para o mercado. Uma abordagem crítica e emancipatória da educação deve visar não apenas a qualificação técnica, mas também o desenvolvimento da capacidade crítica e da cidadania ativa.

A formação profissional no Brasil enfrenta o desafio de preparar trabalhadores para um mercado em rápida transformação, marcado pela automação e pela inteligência artificial. Nesse contexto, Schwab e Davis (2018) argumentam que as habilidades mais valorizadas serão aquelas dificilmente substituíveis por máquinas, como criatividade, empatia e pensamento crítico. Isso demanda uma reorientação dos currículos e metodologias educacionais, privilegiando abordagens interdisciplinares e o desenvolvimento de competências socioemocionais.

Entretanto, é fundamental reconhecer que o investimento em educação e formação profissional, embora necessário, não é suficiente para resolver os problemas estruturais do mercado de trabalho brasileiro. Como alertam Laval et al. (2012), a ênfase excessiva na qualificação individual como solução para o desemprego e a precariedade pode levar à culpabilização dos trabalhadores, obscurecendo as raízes sistêmicas desses problemas. É necessário, portanto, articular as políticas educacionais com estratégias mais amplas de desenvolvimento econômico e social.

Políticas de emprego e proteção social

O desenvolvimento de políticas de emprego que garantam direitos sociais e promovam a inclusão é fundamental para enfrentar as desigualdades persistentes no mercado de trabalho brasileiro, especialmente no contexto pós-pandemia e de aceleração da digitalização da economia. Conforme argumenta Lavinas (2021), é necessário repensar o modelo de proteção social brasileiro, superando a lógica da focalização e da financeirização que tem predominado nas últimas décadas. A autora defende a construção de um sistema de proteção social universal, capaz de oferecer segurança econômica e bem-estar a todos os cidadãos, independentemente de sua situação laboral.

Uma política de emprego efetiva para o Brasil contemporâneo deve levar em conta as transformações discutidas nas seções anteriores, como a nova divisão internacional do trabalho e a revolução digital. Nesse sentido, Mazzucato (2021) propõe uma abordagem de política industrial orientada por missões, capaz de direcionar o investimento público e privado para áreas estratégicas como energias renováveis, economia do cuidado e tecnologias digitais inclusivas. Tal abordagem teria o potencial de gerar empregos de qualidade e promover um desenvolvimento mais sustentável e equitativo.

Por fim, é crucial reconhecer que o enfrentamento das desigualdades no mercado de trabalho brasileiro demanda não apenas políticas econômicas e sociais, mas também uma profunda transformação nas relações de poder na sociedade. Como argumenta Braga (2017), a construção de um futuro do trabalho mais justo e inclusivo passa necessariamente pelo fortalecimento da organização e da luta dos trabalhadores. Isso implica repensar as formas tradicionais de sindicalismo, buscando novas estratégias de mobilização e representação capazes de abarcar a diversidade e a complexidade do mundo do trabalho contemporâneo.

Sustentabilidade e adaptação às mudanças climáticas

A transição para uma economia verde e a adaptação às mudanças climáticas emergem como imperativos incontornáveis na formulação de políticas de trabalho e desenvolvimento econômico para o Brasil. Esta necessidade se articula diretamente com as transformações globais discutidas anteriormente, como a ascensão do Oriente e a revolução digital, bem como com os desafios internos de precarização do trabalho e desigualdades persistentes. Conforme argumenta Abramovay (2019), a transição para uma economia de baixo carbono não representa apenas uma resposta à crise climática, mas também uma oportunidade de reinvenção do próprio capitalismo, com potencial para geração de empregos de qualidade e redução das desigualdades.

No contexto brasileiro, a implementação de políticas orientadas para a sustentabilidade e adaptação climática deve considerar as especificidades socioeconômicas do país. Isso implica, por exemplo, em estratégias para uma transição justa nos setores mais afetados pela descarbonização, como propõe Rosemberg (2020). Além disso, é fundamental reconhecer e valorizar o conhecimento e as práticas sustentáveis das comunidades tradicionais e povos indígenas, como defende Krenak (2019), integrando essas perspectivas nas políticas de desenvolvimento e trabalho.

Considerações finais

O futuro do trabalho no Brasil, como evidenciado ao longo deste artigo, é moldado tanto pelas transformações globais quanto pelas escolhas políticas internas. A ascensão do Oriente, a revolução digital, as mudanças climáticas e a pandemia de covid-19 têm reconfigurado profundamente as relações de trabalho em escala global. No contexto brasileiro, essas tendências se entrelaçam com desafios históricos como a desigualdade estrutural, a inserção subordinada na economia global e a precarização do trabalho.

Para enfrentar esses desafios e aproveitar as oportunidades que se apresentam, é crucial adotar uma abordagem crítica e propositiva, que priorize a garantia de direitos sociais e a redução das desigualdades. Como argumenta Antunes (2018), é necessário superar a lógica da precarização e da uberização do trabalho, buscando formas de organização produtiva que valorizem o trabalho digno e socialmente significativo. Isso implica em repensar não apenas as políticas de emprego, mas também o próprio modelo de desenvolvimento econômico do país.

A construção de um mercado de trabalho mais justo e inclusivo demanda um esforço conjunto da sociedade, do Estado e do setor privado. Nesse sentido, Dowbor (2017) propõe uma “economia do conhecimento socialmente orientada”, na qual o avanço tecnológico seja direcionado para a solução de problemas sociais e ambientais. Isso requer uma articulação entre políticas de inovação, educação e proteção social, capaz de preparar a força de trabalho brasileira para os desafios do século XXI sem deixar ninguém para trás.

Somente através de políticas públicas bem formuladas e de um compromisso com o desenvolvimento sustentável será possível criar um futuro do trabalho que atenda às necessidades e aspirações de todos os brasileiros. Como destacam Cavalcanti e Guedes (2021), a transição para uma economia verde e socialmente inclusiva oferece uma oportunidade única de reconciliar os objetivos de crescimento econômico, geração de empregos de qualidade e preservação ambiental. Para isso, é fundamental fortalecer os mecanismos de participação democrática e controle social, garantindo que as vozes dos trabalhadores e das comunidades afetadas sejam ouvidas no processo de formulação e implementação de políticas.

Em conclusão, o futuro do trabalho no Brasil se apresenta como um campo de disputas e possibilidades. Os desafios são imensos, mas também o são as oportunidades de construir um modelo de desenvolvimento mais justo, sustentável e inclusivo. Como argumenta Santos (2021), é necessário cultivar uma “sociologia das emergências”, capaz de identificar e fortalecer as sementes de futuros alternativos já presentes nas práticas e lutas sociais do presente. Somente assim será possível superar as armadilhas da precarização e da desigualdade, construindo um futuro do trabalho que seja verdadeiramente emancipatório e alinhado com as aspirações mais profundas da sociedade brasileira.


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