Cinedebate: a crise ambiental brasileira em três filmes

Outras Palavras e Scientiae Studia convidam a debater, a partir do cinema, o projeto econômico que devasta o país e como enfrentá-lo. Série começa em SP, em 3/9 e é parte da vasta mobilização que se estende até a Greve do Clima

Cena do filme “O amanhã é hoje”. Nela, brigada de incêndio da Terra Indígena Krikati, no Maranhão, apaga fogo na floresta Amazônica.
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A Amazônia arde em chamas, em meio a um ciclo de aumento do desmatamento na região que começou em 2014, explica o economista e professor Ricardo Abramovay. O Inpe avisou, a Nasa confirmou. Governantes como Emmanuel Macron, da França, Justin Trudeau, do Canadá, Angela Merkel, da Alemanha e mesmo o ultradireitista Boris Johnson, primeiro ministro do Reino Unido, alertaram para a urgência do tema. Até os EUA, aliados do retrocesso brasileiro, declararam preocupação. Bolsonaro insiste em fazer troça, acusar ONGs e evocar a soberania nacional apenas quando convém. Faz demonstrações, desde a campanha, de que a causa ambiental, para ele, é antes de tudo um empecilho.

A partir do final de 2018, pelo mundo, multidões têm se levantado contra as mudanças climáticas e as corporações que as promovem. Grandes protestos aconteceram principalmente na Europa, mas também em países como a Índia e a Colômbia. São organizados majoritariamente pelos mais jovens, em atos indignados e esperançosos. Expõem a responsabilidade das grandes corporações e da concentração de riqueza na mão de poucos. Exigem que se declare emergência climática, o abandono dos combustíveis fósseis, a redução de gases de efeito estufa, projetos para deter a perda da biodiversidade. Está marcada, para a semana do dia 20 de setembro, uma Greve Mundial pelo Clima, que será certamente a maior até agora: já foi confirmada em mais de uma centena de países.

Mas é quase um disparate que essa discussão continue sem o Brasil — terra da maior floresta tropical, que concentra maior biodiversidade e tem a maior bacia hidrográfica do planeta. A pauta ambiental por aqui, embora muitas vezes minimizada por políticos e parte de esquerda, gera importantes debates, como nos protestos contra a Usina de Belo Monte, as discussões sobre o código florestal e a luta indígena pela demarcação de seus territórios. Para unir-se às manifestações globais, ativistas de diversas origens se uniram na Coalizão pelo Clima, e preparam uma série de atividades pela Greve Mundial.

Outras Palavras soma-se a elas e, em parceria com a Scientiae Studia, apresenta um ciclo de cinedebates em São Paulo. Exibiremos, no Teatro Commune, também parceiro, três documentários sobre temas ambientais. O primeiro, Belo Monte, anúncio de uma guerra fala sobre os impactos da criação da usina no rio Xingu, no Pará. A lei da água – Novo código florestal explica a relação entre a conservação das florestas e a crise hídrica no Brasil. E o curta-metragem Amanhã já é hoje relata histórias de pessoas e comunidades, do sertão de Pernambuco ao litoral catarinense, que já estão sofrendo os impactos das mudanças climáticas. Após as sessões, que ocorrerão nos dias 3, 11 e 18 de setembro, haverá debate com os produtores sobre os temas abordados, e uma oportunidade de conversarmos e planejarmos em conjunto a Greve pelo Clima, que acontece em seguida, no dia 20. É urgente amplificá-la e politizá-la.

Veja a programação:

terça-feira, 3/9, 19h
Belo Monte, anúncio de uma guerra (105’, 2012)

quarta-feira, 11/9, 19h
A lei da água – Novo código florestal (88’, 2015)

quarta-feira, 18/9, 19h
O amanhã é hoje (23’, 2018)

Local: Teatro Commune. Rua da Consolação, 1218 – Consolação, São Paulo – SP
Entrada gratuita

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