Alerta na maior hidrelétrica do planeta
Governo chinês reconhece finalmente problemas em Três Gargantas – mas destaca benefícios da usina, que evita imensa emissão de CO2
Publicado 04/06/2011 às 11:24
Por Daniela Frabasile, colaboradora de Outras Palavras
Aprovada pelo primeiro-ministro, Wen Jiabao, e lançada em 25 de maio, uma nota pública do governo chinês quebrou um tabu. Pela primeira vez, desde que começou a ser construída a usina hidrelética de Três Gargantas – a maior do planeta –, um documento oficial admitiu que ela causa “problemas geológicos, humanos e ecológicos”, embora proporcione “enormes benefícios”. O reconhecimento segue-se à manifestação de fenômenos atribuídos por alguns à obra: seca prolongada, poluição, erosão nas margens do rio Yangtze e proliferação de algas. Também permite ampliar o debate sobre prós e contras da hidreletricidade – hoje, a mais importante fonte de energia renovável e limpa conhecida.
A principal origem do desconforto em relação à barragem é o estreitamento do Yangtze – que abriga o lago, a barragem e a usina. Maior rio da Ásia, conhecido no passado por inundações catastróficas, ele tem sido cenário de paisagens melancólicas: leito reduzido, pontes secas, navios encalhados, terras antes recobertas agora secas e sulcadas. Cerca de 4,4 milhões de pessoas (e 3,2 milhões cabeças de gado) sofrem com a falta d’água. O drama pode se agravar: na área abrangida pela bacia do rio vivem 400 milhões de pessoas (dois brasis), e localizam-se 40% das atividades econômicas chinesas.
Há controvérsias sobre o papel da barragem nesta crise. A principal causa parece não ter a ver com a obra, mas com a metorologia. As chuvas na região diminuíram de 30% a 80%, comparadas a anos normais. O represamento da água não tem, é claro, influência alguma sobre as precipitações em toda a bacia do Yangtze.
Porém, muitos cidadãos acreditam que a barragem da usina não estaria liberando tanta água quanto necessário. As críticas são antigas. Já em 1989, um livro – Yangtze!Yangtze!, de Dai Qing – apontou efeitos ambientais e sociais desfavoráveis do projeto. Em 1992, quando a construção da barragem foi votada no Congresso do Povo (controlado pelo Partido Comunista), um terço dos representantes foram contrários, algo que nunca havia acontecido antes.
Ambientalistas pensam que a barragem contribuiu para a morte de 1,3 mil lagos e muitos pântanos, que já estavam sob pressão causada pelo desenvolvimento urbano e pela crescente demanda de água para agricultura. Há outros problemas. O represamento torna mais visível a poluição do rio, causada por forte concentração de indústrias ao longo de seu curso e dos afluentes. Também produz o acúmulo de algas, antes levadas pela correnteza. O peso da água também é visto por muitos como causador de tremores, deslizamentos de terra e erosão de encostas. A construção da enorme barragem (16 milhões de toneladas de concreto) deslocou 1,4 milhões de habitantes, inundando mais de mil cidades e vilas.
O reconhecimento dos problemas, pelo governo, levou à adoção de providências pontuais. Os operadores da barragem de Três Gargantas foram instruídos a abrir mais comportas, liberando um volume maior que o normal – ainda que isso comprometesse parte da geração de energia. O governo central enviou às áreas mais afetadas – Hubei e Hunan – grande quantidade de bombas d’água e geradores a diesel.
Mas seria primário reduzir Três Gargantas – que, quando pronta, gerará 22 mil Megawatts, o dobro da capacidade projetada para Belo Monte, no Brasil – a um conjunto de problemas. A urbanização e industrialização aceleradas da China tornaram a usina essencial para suprir o consumo nas cidades e indústrias. A obra também melhorou significativamente a matriz energética da China. Em 2006, apenas 7% da energia consumida no país era proveniente de fontes renováveis. Quando operar plenamente (em 2020), Três Gargantas elevará este percentual para 16%. A mudança pesa: a China tornou-se, em 2010, o país que mais emite gases poluentes. Atualmente, o país gera energia principalmente a partir de gás natural, carvão mineral e petróleo, que produz ou importa.
Três Gargantas poderá contribuir, também, para redução do consumo global e dos preços do petróleo. A China foi responsável por 40% do aumento da demanda pelo combustível em 2004, tornando-se parte fundamental do ciclo que tem pressionado as cotações para cima.
Na foz do Rio São Francisco ocorre algo semelhante.
Erosão na foz do rio e destruição de povoados litorâneos pelo avanço do mar, agora que a pressão do rio é menor.
Salinização de aguas em cidades acima da foz, como Propriá, que começam a ver animais estuarinos que antes ali não pareciam.
REDUÇAÕ DO VOLUME DE ´PAGUAS, represadas por usinas de Xingó e de Pauulo Afonso. Há fatores positivos que passam desapercebidos como as enchentres anuais que deixaram de ocorrer, já que as águas são acumuladas em grandes lagos comno sobradnho e outros a jusante do rio.
Na cidade de Propriá já foi feita manifestação em que atravessaram o rio a cavalo para mostrar o assoreamento do rio.
As grandes enchentes, embora socialmentecatastróficas,acompanhadas por caudalosas enxurradas, promoviam o desassoreamento da calha do rio removendo areia e detritos com a velocidade de suas águas.
A sua ausencia fez que a areia e detritos não mais fossem removidos reduzindao em poucos anos a profundidade do Velho Chico.
A construção de pequenas barragens niveladoras com comportas e eclusas poderia manter a navegação e nivelar as águas dos rios como também evitar a salinização de suas águas já que as águas não mais retornariam do mar contidas pela diferença de nível das águas.
Talvez, a construção de barreiras de concreto em ângulos concentradores de fluxo pudessem forçar suas águas, agora menos caudalosas, ao centro de seu leito aumentando sua velocidade para provocar a remoção e limpoeza de sua calha levando a areia em direção ao mear como antes acontecia.
Soluções podem ser estudadas, desde que se descubram as suas causas.
Obrigado, Carolina. Faltava um breve parágrafo. Já está no ar.
texto terminou do nada..