?️ Teorias conspiratórias: o mal à Saúde

Q-Anon, teorias antivacina, terraplanismo e afins propagam com força na internet. Bolsonaro corrobora e ajuda a difundir, especialmente as relacionadas a tratamentos e imunização de covid-19. Jornalista expõe a origem de algumas delas

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Leonardo Coelho em entrevista a Maíra Mathias, no Tibungo

Leia a matéria de Leonardo Coelho para o The Intercept Brasil e republicada por Outras Palavras:

Desinformação na saúde é um problema sério. Até pouco tempo, a redução da cobertura vacinal em diversos países era o principal exemplo das consequências negativas desse fenômeno. Nesse caso, o impulso para a propagação da ideia de que imunizantes fazem mal à saúde surgiu de uma fraude científica. Em 1998, o médico Andrew Wakefield publicou em um respeitado periódico científico um artigo que associava a vacina tríplice viral ao autismo. Mais tarde, graças ao trabalho investigativo do jornalista Brian Deer, a farsa foi desmontada. Descobriu-se que o médico havia sido contratado por advogados para produzir dados que embasassem processos judiciais contra fabricantes de vacinas. O Lancet revogou o artigo apenas em 2010. No meio tempo, os estragos foram grandes e deram munição para o que ficaria conhecido como movimento antivacinação.

Com a pandemia, tudo ficou pior. No Brasil, pudemos experimentar um processo de desinformação que guarda algumas semelhanças com o caso Wakefield. Foi publicado um artigo sustentando que a hidroxicloroquina ministrada com o antibiótico azitromicina era eficaz no tratamento da covid-19. Mesmo sem revisão de pares, o texto circulou muito e passou a ser amplamente usado por políticos em busca de uma panaceia para encobrir respostas ineficazes à pandemia, caso de Donald Trump nos EUA que foi prontamente imitado por Jair Bolsonaro. Por aqui, mesmo depois de outros estudos muito amplos e robustos demonstrarem tanto a ineficácia quanto os eventuais riscos desse tratamento, a cloroquina segue sendo uma aposta do governo federal, com a chancela do Ministério da Saúde.

Mas há casos muito, muito mais desconcertantes – e também a pandemia ajudou a impulsioná-los. É o caso de uma teoria da conspiração conhecida como QAnon, que surgiu nos Estados Unidos em 2017 e, hoje, já se espalhou por vários países – e já chegou ao Brasil. Antes disso, explicações sobre a origem do novo coronavírus sem qualquer sustentação nos fatos apareceram não apenas na internet, mas na boca de autoridades, aquecendo a disputa geopolítica entre superpotências.

Para dar um panorama geral dessas teorias, convidamos o jornalista Leonardo Coelho, que publicou no The Intercept Brasil uma reportagem sobre como Q-Anon vem sendo instrumentalizada por candidatos de direita nas nossas eleições municipais. Ele acompanha os grupos de direita na chamada deep web há algum tempo, e comenta suas táticas. A entrevista foi feita por Maíra Mathias.

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