Outros Quinhentos recomenda: a Roda Viva e antropófaga do Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona

Peça emblemática do teatro brasileiro voltou só por poucas semanas, em SP. Tem meia entrada para quem sustenta Outras Palavras, mas corra: nossa lista encerra às 15h desta sexta-feira (9/8)



Por Simone Paz | Foto de Jennifer Glass

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir


Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá…


Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração…


Trecho da canção Roda Viva, de Chico Buarque

Roda Viva é uma peça teatral, escrita por Chico Buarque em 1967, que estreou com montagem do Teatro Oficina e direção de Zé Celso em 1968, no Rio de Janeiro. Virou um símbolo, um hino, uma lenda… por vários motivos.

Um deles é que a peça colocava pela primeira vez num teatro atores nus, dançantes, debochados. Gente real, saída das multidões das ruas, que eram militantes, lésbicas, gays, negros, estudantes… a efervescência da resistência nos anos de chumbo, no revolucionário ano de 68.

Também, Roda Viva era já um aperitivo premonitório do que viria a se tornar o estilo característico do Teatro Oficina, com a ruptura da quarta parede, atuadores interagindo com a plateia, o coro como protagonista. Um verdadeiro musical político e de peso.

E, por último, aquilo que marcou seu fim: sua interrupção triste e agressiva, com atores sendo espancados e presos pelo Comando de Caça aos Comunistas.

No elenco original, tinha Marília Pêra e Rodrigo Santiago como o casal Juliana e Benedito da Silva. Hoje, eles são interpretados por Camila Mota e Roderick Himeros, atores estrategistas da companhia há muitos anos.

Roda Viva retornou aos palcos 50 anos depois, no final do ano passado, e aterrizou no terreiro de Lina Bo Bardi, o próprio Teat(r)o Oficina, em São Paulo — teatro eleito o mais bonito do mundo — novamente com direção do agora octogenário Zé Celso.

A montagem atualizou o tema do consumismo ligado à TV e trocou pelas redes sociais, pelas fake news, pela política envolvida com WhatsApp — e acrescentou a lindíssima canção Caravanas, de um Chico Buarque de 2017, na trilha sonora cantada ao vivo pelo elenco e banda.

A temporada de agosto também voltou com o excelente e multitalentoso Guilherme Calzavara no papel do anjo, personagem que conduz a trajetória do produto popstar Benedito Silva, numa performance imperdível.

Esta é a última temporada de Roda Viva em São Paulo, com apresentações às sextas, sábados e domingos, até dia 25 de agosto de 2019.

Outras Palavras e o Teatro Oficina têm uma amizade de longa data. É por isso que, por meio de nosso financiamento coletivo Outros Quinhentos, damos meia-entrada aos nossos assinantes — com direito a acompanhante pagando meia também.

Basta se inscrever aqui no formulário, até as 15h desta sexta-feira 9 de agosto, e esperar seu e-mail de confirmação com as instruções.


Mais informações sobre compra de ingressos para Roda Viva, estão disponíveis do site da companhia (clique aqui).

SERVIÇO

até 25 de agosto de 2019

sextas e sábados, às 20h | domingos, às 19h

Ingressos:

R$ 60 inteira

R$ 30 meia [Colaboradores de Outros Quinhentos, estudantes, aposentados, professores e artistas]

R$ 25 moradores do Bixiga — necessário comprovante de residência

R$5 [estudantes secundaristas de escola pública, imigrantes, refugiados, moradores de movimentos sociais de luta por moradia] – limitados a 10% da lotação diária

Local: TEATRO OFICINA UZYNA UZONA – Rua Jaceguai, 520 – Bixiga, São Paulo, SP

Duração: 3H30 — com intervalo de 15 minutos

Indicação etária: 14 anos

E para acompanhar o Teat(r)o Oficina nas redes, siga:

https://www.instagram.com/oficinauzynauzona/

https://www.instagram.com/bensilverofficial/

#aRodaVivaéOutrosQuinhentos #arodavivaéocu

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