O irreverente poeta que viveu mais de 100 anos arriba no Outros Quinhentos junto à Editora 34

Primeira e única edição bilíngue da obra de Nicanor Parra publicada no Brasil, ganha sorteio de 2 exemplares e desconto de 25% entre colaboradores de Outras Palavras



Por Simone Paz

Hay dos panes. Usted se come dos. Yo ninguno. Consumo promedio: un pan por persona

(“Tem dois pães. Você come dois. Eu, nenhum. Consumo médio: um pão por pessoa”, tradução nossa)

– Nicanor Parra

Nicanor Parra foi um ser humano fora de série. Chileno, nascido em 1914, numa cidade ao sul do Chile, pertenceu à numerosa família que curiosamente gerou tantos grandes talentos das artes: os Parra.

Parra significa parreira, ou videira, em espanhol. No caso, uma videira que deu as melhores uvas.

Nicanor era o irmão mais velho de Violeta Parra, a famosa compositora e cantora de “Gracias a la Vida” e “Volver a los 17”, a única chilena que conseguiu expor suas obras no Louvre, ainda viva, na temporada em que morou em Paris, nos anos 60. Também era irmão de Roberto Parra, poeta e músico que criou o jazz guachaca, música que mistura cueca (música folclórica chilena) com tango, bolero, fox-trot e jazz, num estilo que lembra o violão cigano de Django Reinhardt (ouça aqui).

Filho de um professor primário e de uma mãe campesina, Nicanor estudou Matemática e Física na Universidad de Chile, em 1933. Em 1943, viajou aos Estados Unidos com uma bolsa do “Institute of International Education” para continuar sua especialização em física nuclear. Depois, seguiu para a Inglaterra, em 1949. Voltou ao Chile em 1951 e em 1954 publicou seu primeiro trabalho como poeta: Poemas y antipoemas.

Nicanor se destaca por ter criado a antipoesia, que ele explicava mais ou menos assim:

“Uma definição do antipoema? Pois bem, acabei de dar uma definição do artefato: artefatos são resultantes da explosão do antipoema. Poderíamos dar uma definição ao contrário. Dizer, por exemplo, que o antipoema é um conjunto de artefatos prestes a explodir.”

A seguir, alguns de seus artefatos mais conhecidos:

“Para que alguns poucos comam bem, é necessário que muitos comam mal?
“Vou e volto”


Ganhador do Prêmio Cervantes (o maior prêmio da língua espanhola) em 2011, e três vezes indicado ao Nobel de Literatura, finalmente, ganhou uma edição à altura de sua importância e genialidade no Brasil.

O livro Só para maiores de cem anos foi publicado pela fabulosa Editora 34 alguns meses após sua morte, que ocorreu aos 103 anos de idade, em janeiro de 2018.

Com tradução dedicada e sensível de Joana Barossi e Cide Piquet, o trabalho de Joana e Cide tem toda uma longa história por trás do resultado final, em que nos brindam 75 poemas de sete livros de Parra.

Numa parceria nova e cheia de admiração e carinho com a Editora 34, Outros Quinhentos, o projeto de financiamento coletivo de Outras Palavras, sorteia dois exemplares grátis entre seus colaboradores.

Basta preencher este formulário até sexta-feira 16 de agosto de 2019.


Após divulgarmos o resultado, enviaremos um cupom de 25% de desconto, para quem quiser obter o livro pagando menos e com frete grátis, comprando diretamente no site da Editora 34.

Caso queira receber o cupom antes e não esperar o sorteio, peça no e-mail [email protected]

A seguir, um dos antipoemas de Nicanor, traduzidos no livro:

Nota sobre a lição da antipoesia

1. Na antipoesia se busca a poesia, não a eloquência.

2. Os antipoemas devem ser lidos na mesma ordem em que

foram escritos.

3. Temos que ler com o mesmo prazer os poemas e os

antipoemas.

4. A poesia passa — a antipoesia também.

5. O poeta fala a todos nós sem fazer nenhuma distinção.

6. Nossa curiosidade nos impede muitas vezes de gozar

plenamente da antipoesia por tentar entender e discutir

aquilo que não se deve.

7. Se quer aproveitar, leia de boa-fé e não se alegre jamais

em nome do literato.

8. Pergunte com boa vontade e ouça sem contestar a

palavra dos poetas: que não te desagradem as sentenças

dos velhos pois não as proferem por acaso.

9. Saudações a todos.

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