Outros Quinhentos propõe: Literatura e Cachaça, agora com Jorge Amado

Boas conversas, música e um clima botequeiro serão o combustível para um aprendizado em profundidade, neste sábado, em SP. Há descontos e bolsas para quem contribui com Outras Palavras

Por Maurício Ayer

[Abaixo, explicação sobre os tipos de inscrição]

Dia 10 de novembro, sábado, às 16 horas, no Ateliê do Bixiga, em São Paulo, acontecerá o 9º Encontro de Literatura Brasileira & Cachaça, sobre o escritor baiano Jorge Amado. 

Jorge Amado escreveu um bocado. Uma parte importante de sua obra literária se situa na beira do cais, entre saveiros partindo mar adentro e mulheres que ficam na praia com medo de que Iemanjá escolha seus homens para desposar e não os deixe voltar vivo. No cais, casas e canoas, a cachaça rola farta. Nas festas, nas comemorações, regulando os humores e amores do dia a dia, alimentando a imaginação e ativando a memória dos velhos contadores de histórias. 

Vamos voltar nossa atenção ao Jorge Amado dos marinheiros, de romances como Mar Morto e Terras do Sem Fim, entre outros. No entanto, há um livro em especial que tem a cachaça no centro de sua poética. Chama-se Os Velhos Marinheiros – que contém essa deliciosa fábula cachaceira: A Morte e A Morte de Quincas Berro D’Água. É isso mesmo: a história das duas mortes de Quincas. A primeira, uma morte social, aprisionada no rito que a família tenta impor. A cachaça, como um elixir mágico, uma água-da-vida, vem resgatar o Quincas para que ele possa ter a morte que escolheu, uma morte libertária. 

Essa abertura entre o reino dos vivos e dos mortos, essa reencarnação de Quincas, um Quincas entidade, terá sido possibilitada pela intervenção de Orixás? Não será Exu, o Orixá do incerto inserto em todas as coisas, evocado no marafo, que abriu impossíveis possíveis, uma entrevida entre mortes, para recolocar as verdades nos seus lugares, para além dos a-parentes? Deixar o sal da terra e buscar saber se é mesmo “doce morrer no mar”, como diz Jorge Amado, a ressoar em seu parceiro Dorival Caymmi. 

Tudo isso e muito mais acompanhado de algumas das melhores cachaças baianas e capixabas. Quem já veio em outros encontros, sabe: sempre tem, também, uma surpresa culinária para acarinhar a boca. 

Este encontro será realizado em homenagem à memória do mestre Moa do Katendê. 

Leituras: Mar Morto, Terras do Sem Fim, Os Velhos Marinheiros e Dona Flor e seus Dois Maridos. 

Degustação: cachaças da Bahia e do Espírito Santo. 

*Maurício Ayer é professor de Literatura Francesa na FFLCH/USP. Doutor e pós-doutor em literatura pela USP e Universidade de Paris 8, é escritor, tradutor, editor e sommelier de cachaça. Autor do blog Molhando a Palavra: cachaça e literatura, convenceu-se de que tudo está ligado com tudo e se dedica a procurar os fios de conexão. A cachaça tem ajudado muito nesse caminho.

Tipos de inscrição:
Inscrição: para todos os casos, exceto os abaixo especificados.
Inscrição especial: Outros Quinhentos: participantes de Outros Quinhentos (programa de financiamento autônomo do www.outraspalavras.net) têm 50% de desconto em todas as inscrições
Inscrição Berro D’Água (30% desc.): Quem já participou de pelo menos dois (2) encontros anteriores da série 2018 tem a oportunidade de se inscrever com um desconto especial (não cumulativo com Outros Quinhentos)

Inscrição aqui.

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