Outros Quinhentos convida para a Roda Viva do Teatro Oficina
Peça emblemática de Chico Buarque e Zé Celso, ganhou espetacular remontagem após 50 anos, e está em cartaz, em SP, com direito a meia-entrada
Publicado 25/04/2019 às 16:25
Peça emblemática, de Chico Buarque e Zé Celso, ganhou espetacular remontagem após 50 anos, e está em cartaz em SP, com direito a meia-entrada
Por Simone Paz | Foto de Jennifer Glass
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração…
(Chico Buarque)
O famoso refrão da música “Roda Viva” vem da peça homônima de Chico Buarque, escrita em 1967 e encenada em 1968, por Zé Celso e seu Teatro Oficina. Gestada na efervescência de uma primavera cultural que floresceu com a Tropicália, o Brasil era uma terra em transe, que também lidava com uma obscura ditadura.
O jovem Chico, de 24 anos, estreava como dramaturgo, com um texto de crítica à indústria da cultura, à televisão e aos ídolos criados pela publicidade.
Roda Viva é sobre a ascensão e queda de Ben Silver, um apresentador de TV sem talento, inventado pela mídia e por um manager, que aparece como anjo da guarda, para influenciar as massas que assistem e creem na televisão, e, assim, vender, vender, vender.
Zé Celso deu ao texto o espetáculo que o transformou num ícone. Pela primeira vez os coros das ruas de 68, jovens militantes com voz real, de todos os tipos, cores e sexos, ganhavam palco e destaque, num formato de teatro que chocou e passou a ser o selo do Oficina: a interação com a plateia, o coro como protagonista, a ruptura da quarta parede do teatro e a criação de um público atuador, e não mais só espectador.
A montagem original foi interrompida de forma brutal, com a invasão do teatro e o espancamento dos atores em São Paulo pelo CCC, comando de caça aos comunistas; e pelo 3ª exército, em Porto Alegre.
50 anos depois, reestreou, em dezembro de 2018, com a direção de seu encenador original, o octogenário Zé Celso. A peça segue em cartaz, de sexta a domingo, no Teat(r)o Oficina, sede da companhia, localizado no bairro do Bixiga, em São Paulo.
Ter a sorte de assistir Roda Viva em seu próprio teatro, é uma experiência fascinante. O Teat(r)o Oficina é arquitetura que atua junto com os atores, e, por isso, foi reconhecido pelo jornal britânico The Guardian como o teatro mais bonito e intenso do mundo, seguido por Epidaurus, na Grécia.
Quem colabora com o jornalismo independente de Outras Palavras, pode ter esse privilégio, e ainda por cima, pagando só meia-entrada na peça, em qualquer dia, com direito a um acompanhante pagando meia também.
Basta se inscrever até as 17h de sexta-feira 26 de abril, por meio deste formulário, e aguardar nosso e-mail de confirmação.
Roda Viva, musical de devoração dos ídolos, dos mitos e dos messianismos, chega em boa hora para refletir sobre o Brasil e o mundo, adaptado para a era das fake news, dos likes e das polêmicas viralizações de vídeos por WhatsApp.
Serviço
Sexta a domingo
Horários: Sexta e sábado, 20h. Domingo, 19h
Em cartaz até 2 de junho de 2019
Ingressos:
R$ 60 inteira
R$ 30 meia [Colaboradores de Outros Quinhentos, estudantes, aposentados, professores e artistas]
R$ 25 moradores do Bixiga — necessário comprovante de residência
R$5 [estudantes secundaristas de escola pública, imigrantes, refugiados, moradores de movimentos sociais de luta por moradia] – limitados à 10% da lotação diária
Local: TEATRO OFICINA UZYNA UZONA- Rua Jaceguai, 520 – Bixiga, São Paulo, SP
Duração: 3H30 — com intervalo de 15 minutos
Indicação etária: 14 anos
Nota: O Teatro Oficina, há anos sem patrocínio, passa por tempos escassos e, para conseguir encenar Roda Viva e fazer reformas essenciais no teatro, abriu duas frentes de financiamento: a venda de tijolos-relíquia da parede original do prédio – tombado como patrimônio nacional – e uma plataforma no site da Benfeitoria. Para obter informações sobre os tijolos, escreva para [email protected]
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