Curso: Para entender a política dos generais

Em meio às sucessivas ameaças contra a democracia, aulas explicam a história da interferência dos militares na política e propõem estratégias contra o crescente poder do “partido fardado”. Quem apoia o jornalismo do Outras Palavras concorre a duas vagas

A presença dos militares na política do país não é estranha para aqueles que conhecem um pouco da História do Brasil. O golpe de 1964 e a subsequente ditadura militar, que perdurou até 1985, são os exemplos mais lembrados de sua atuação. Alguém com um pouco mais de familiaridade com o assunto poderia citar também a proclamação da República, o tenentismo, a Revolução de 1930, a derrubada de Vargas em 1945, a campanha política que levou ao suicídio de Getúlio em 1954 ou outros exemplos. Mas, para além de noções gerais sobre autoritarismo e o emprego de demagogia “patriota”, o que não é tão conhecido é o conjunto de estratégias que norteia essas movimentações das botas e fardas verde-oliva no cenário nacional ao longo de nossa história moderna. E são essas estratégias que o jornalista Pedro Marin busca apresentar com profundidade no curso O Partido Fardado e a Política no Brasil, disponibilizado na plataforma de cursos Caixa de Ferramentas, em nove aulas.

Se por um lado, o nome e as ideias de Getúlio Vargas são indispensáveis para qualquer explicação da modernização pela qual o Brasil passou a partir dos anos 1930, o do general Pedro Aurélio Góes Monteiro pode causar estranheza. Mas, como conta Marin, este alagoano foi o homem por trás de um dos aspectos-chave dessa modernização: a das Forças Armadas. Ministro da Guerra e chefe do Estado-Maior  no governo Vargas, ele preconizou a ideia de “política do Exército”, contra o que chamava de “política no Exército”. Isto é, preocupado com a grande influência de revolucionários tenentistas e comunistas entre os militares, que considerava subversiva, Góes Monteiro dizia que os altos oficiais deviam formular e propagar em suas fileiras uma doutrina “institucional”, que fosse disciplinadamente acatada desde os soldados rasos até os generais, e acabar com as perigosas discussões políticas entre homens com poder de fogo em suas mãos.

A letra miúda dessa ideia que a tal “política do Exército” que foi feita na época não é neutra. O Partido Fardado, nome que Marin toma emprestado de Oliveiros Ferreira para nomear essa força política dos militares brasileiros, tem lado. E sendo a alta oficialidade brasileira majoritariamente conservadora e influenciada por doutrinas dos Estados Unidos da Guerra Fria, esse lado é o lado dos ricos, contra o povo brasileiro e suas aspirações políticas. Como sabemos, é em favor dos interesses dos grandes empresários que as instâncias mais altas do estamento militar tem operado no Brasil desde então, inclusive em suas manobras para golpear Dilma e eleger Bolsonaro – como o famoso tuíte do general Villas Bôas pedindo a prisão de Lula e a presença de comandantes das três forças em importantes cargos no atual governo não nos deixam esquecer.

Outras Palavras e a plataforma de cursos Caixa de Ferramentas sortearão entre os apoiadores do nosso jornalismo duas vagas no curso O Partido Fardado e a Política no Brasil, com Pedro Marin. Também será disponibilizado para os membros da rede Outros Quinhentos um desconto de 20% no site. O formulário para participar do sorteio será enviado por e-mail. As inscrições ficarão abertas até a sexta-feira (29/04), às 15h.

Agora, nesse momento difícil de prioridade n° 1 para a retirada de Bolsonaro da presidência, a urgência dessa tarefa pode levar a algumas conclusões apressadas sobre as ações adequadas para garantir sua derrota. Aqui e ali aparecem oficiais que aparentam criticá-lo, dizendo que traiu esse ou aquele princípio, ou que não cumpriu essa ou aquela promessa. Outros sinalizam querer dialogar com os adversários de Bolsonaro, e até mesmo pacificar as relações com a candidatura progressista que lidera todas as pesquisas eleitorais. Muita sabedoria é necessária para não pisar em falso nesse terreno.

 Se Bolsonaro sair, e os milhares de militares instalados na estrutura do Estado ficarem lá por meio de algum tipo de acordo, vamos ter mesmo combatido os perigos autoritários e ditatoriais que rondam o Brasil hoje? É nas artimanhas do militarismo em nossa política que Marin se aprofunda, expondo as estratégias do Partido Fardado que quer nos governar não importa quem esteja na presidência.

Não é de hoje que Pedro Marin se debruça sobre a questão das estratégias dos militares para intervir na política e as características dessas maquinações produzidas na caserna. Em seus livros Golpe é guerra: teses para enterrar 2016 (2018) e Carta no Coturno – a volta do Partido Fardado no Brasil (2019), o jornalista já havia começado a divulgar suas hipóteses, centradas na “ideia de que a ameaça do uso da força militar é uma constante, o que força a volta de um Partido Fardado para o palco político brasileiro na conjuntura atual”. 

Seu curso na Caixa de Ferramentas, que tem duas vagas sendo sorteadas entre os membros do Outros Quinhentos, é sua mais nova contribuição para o estudo do binômio das armas da política e da política das armas. E seus alertas são essenciais para quem quer saber como podemos enfrentar de uma vez por todas a influência dos atores e das ideias responsáveis por 21 anos de ditadura no Brasil e por frear cada tentativa de emancipar o povo brasileiro da miséria e da fome.

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