A arte do teatro: duas peças imperdíveis e necessárias, em RJ e SP, com Outros Quinhentos

Para dar sentido à vida: os ritos catárticos, contra o fascismo do capital de nossos dias. Há ingressos com descontão para quem sustenta Outras Palavras

Por Simone Paz Hernández | Foto da Macumba Antropófaga, por Jennifer Glass

Em texto recente, publicado em nosso site (leia aqui), Maria Bitarello falava sobre o medo e sobre o que dá sentido à nossa existência. Ela escolhia a arte. Somando-me à escolha dela, concluo: é que a arte faz com que a dor das injustiças, das incoerências ou até de viver, se torne suportável, inclusive trazendo entusiasmo, ao dar um novo olhar, quase mágico, à vida e seus obstáculos, e que faz até as coisas mais duras da verdade parecerem mentira. O teatro se destaca ainda mais, por ser visceral, por não deixar ninguém indiferente, por cutucar feridas, feito terapia, e nos fazer repensar o modo de vida que levamos. É uma desconstrução que nos faz reerguer novos pilares, sobre novas bases.

Outros Quinhentos é uma forma de dar vida a alternativas para financiar o trabalho de análise e contestação do jornalismo, que veio se perdendo nos últimos anos, ao servir somente a governos e entidades poderosas do capital. É uma forma de trazer informação com reflexão, com crítica e profundidade, de debater e convidar nossos leitores a colaborarem com aquilo que os representa ou que desperta revoluções em suas mentes e corações. Assim, em parceria com duas obras artísticas e dois diretores excepcionais, quem financia Outras Palavras pode assistir a peças de teatro por um preço amigo, mais barato que meia entrada, como convite a destruir tabus, ditadores, servidões, preconceitos.

Em São Paulo, a Macumba Antropófaga do Teatro Oficina chama para os ritos indígenas, que, por meio da antropofagia, deglute as diferenças e assim, cria um mundo com olhos de liberdade e insurreição. É um grito tropicalista, inspirado no Manifesto de Oswald de Andrade, e que com coros e uma explosão de cores e formas, convoca à meditação e a mudar o status quo que acabamos aceitando. É um chamado a sentir com atenção tudo o que se tornou “normal” para nós, apesar de sua crueldade, e a contestar tais absurdos.

Jacques e a Revolução, peça dirigida por Theotonio de Paiva, em cartaz no Rio de Janeiro, ganha sua última apresentação neste domingo 30 de julho. O texto é profundamente filosófico e comprometido com o empoderamento do ser humano, contra escravidões, contra a aceitação do que nos disseram que deveríamos. É dramaturgia de altíssimo nível, para fazer refletir longas horas, dias ou até meses, após assistir.

Para ganhar o desconto de praticamente 60% nos ingressos de ambas peças, basta se inscrever nos formulários abaixo até a meia-noite de sexta-feira 28/7, além de ser um colaborador de Outros Quinhentos, claro. Aliás, o Teatro Oficina é hoje um teatro 100% independente, que vive da bilheteria e da colaboração de seus co-produtores. Saiba como apoiar os trabalhos de pesquisa e encenação da companhia, e entre nessa vertigem, aqui.

Serviço
Jacques e a Revolução, ou como o criado aprendeu as lições de Diderot — com a Todo Mundo Cia de Teatro.
Domingo 30 de julho de 2017 – às 19h30 | Duração: 80 min
Ingressos: R$40 (inteira) R$20 (meia) R$15 (lista amiga com Outros Quinhentos)
Endereço: Teatro Municipal Ziembinski – Avenida Heitor Beltrão, s/nº – Metrô São Francisco Xavier – Rio de Janeiro

Macumba Antropófaga Sábados e domingos, às 16h | duração de 5 horas | até 24/09
Ingressos: R$60 inteira; R$30 meia; R$25 na lista amiga com Outros Quinhentos
Endereço: Teatro Oficina Uzyna Uzona | Rua Jaceguay, 520 – Bixiga – São Paulo, SP
*A peça possui audiodescrição para cegos Seja um co-produtor do Teat(r)o Oficina e ajude a manter os trabalhos da companhia: teatroficina.org

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