Ultraprocessados isentos pela Reforma Tributária

• Ultraprocessados e a falta de taxação • Tuberculose ainda em alta • Saúde dos catadores • Novo investimento em ciência • Indústria brasileira pode produzir baterias sustentáveis • Mais uma vítima de estupro obrigada a manter gravidez •

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Uma reportagem do UOL comparou a quantidade de mortes geradas pelo consumo de alimentos ultraprocessados com o número de homicídios do país, uma vez que ambos causam mais de 50 mil óbitos por ano. O tema virou destaque em razão da isenção dada pela reforma tributária a tal tipo de produto alimentar, mesmo num contexto no qual itens nocivos à saúde tiveram uma ampliação de suas alíquotas de cobrança, que acabaram conhecidas como “imposto do pecado”. O número se baseia no estudo “Mortes prematuras atribuíveis ao consumo de alimentos ultraprocessados”, realizado em parceria USP, Fiocruz, Unifesp e Universidade de Santiago de Chile, e associa mortes por doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade ao consumo desse tipo de comida. Um dos autores do artigo ainda alerta para a alta de 20% no mercado de alimentos ultraprocessados. Como mostrou Outra Saúde, a reforma tributária foi na contramão do que seria recomendável na promoção da saúde coletiva.

Mais mortes por tuberculose

Dados oficiais mostram que as mortes por tuberculose seguem em alta no Brasil. Foram 5.935 óbitos pela doença, superada apenas pela covid em termos de mortes por doenças infecciosas. Na visão de Fernanda Dockhorn, coordenadora geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Microbactérias não Tuberculosas do Ministério da Saúde, os dados ainda são reflexo da descoordenação do SUS e da política de atenção primária, que deixou a prevenção a tal doença de lado. Além disso, a precariedade da vida material de parte das pessoas nos tempos de isolamento social potencializou a disseminação da tuberculose, inclusive por conta de parte do público ter deixado de fazer acompanhamento e monitoramento em saúde. Como relatado pelo Outra Saúde, a tuberculose também voltou a se agravar em razão da discriminação moral contra portadores de HIV/aids, mais propensos a contrair a doença.

Governo investirá em saúde de catadores de recicláveis

Nesta quarta, o governo federal anunciou um pacote de investimentos diversos para a promoção de melhoria das condições de trabalho dos catadores de materiais recicláveis. Tão fundamentais quanto invisíveis socialmente, tal categoria é estimada em cerca de 1 milhão de trabalhadores e funciona através de cooperativas e parcerias com o setor público, além de uma grande quantidade de trabalhadores solitários. O pacote total está orçado em R$ 425 milhões e visa ampliar a estrutura física dos locais de trabalho. No âmbito da saúde, prevê-se investimento de R$ 6 milhões em seis clínicas móveis, dentro do chamado Projeto Conexão Cidadã e promoveria ações de primeiros socorros e vacinação em áreas críticas como lixões e aterros. A iniciativa também pretende alcançar catadores não vinculados a cooperativas e moradores de rua.

Em Belém, Nísia anuncia R$ 443 milhões para ciência

Convidada para uma das exposições que fazem parte da programação da 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou investimentos para 10 chamadas de projetos relativos à pesquisa em saúde, no bojo da política de industrialização do setor. Como informa o site do ministério, há 10 chamadas públicas abertas. Alguns dos temas abordados são doenças não transmissíveis e enfrentamento à desinformação. Em sua participação, a ministra destacou que a Saúde já aplicou em ciência mais do que o governo anterior em todos os seus quatro anos e lembrou da meta de fazer o SUS ter 70% de seus insumos produzidos nacionalmente.

Na reunião da SBPC, químico fala em baterias sustentáveis

Conhecido por desenvolver o processamento de materiais microscópicos dos chamados filmes finos e associado à tecnologia de touch screen, o químico da UFPR Aldo Zarbin deu uma das mais destacadas palestras da Reunião Anual da SBPC. Em sua apresentação, mostrou a possibilidade de desenvolvimento de baterias de aparelhos eletrônicos por meio da nanotecnologia e formação de compostos químicos mais abundantes e menos poluentes na biosfera, como potássio e sódio. Essenciais nas comunicações e produtividade contemporânea, as baterias ainda são produzidas a partir da exploração de minerais altamente poluentes, com uso desenfreado de água e superexploração do trabalho. No momento, o lítio é o grande insumo desta indústria e suas reservas são alvo de crescentes tensões políticas. Sobre sua pesquisa, explicou que “tentamos fazer uma bateria recarregável de íon de sódio, transparente, flexível e, ao mesmo tempo, estável e segura. É possível chegar a uma bateria realmente sustentável”.

Judiciário do estupro

Se a bancada dos parlamentares responsáveis pelo avanço do PL 1904 ficou conhecida pelo codinome “bancada do estupro”, não parece injusto que outras representações institucionais e sociais sejam poupadas de tal termo em suas decisões que agridem o direito à vida de mulheres engravidadas após abuso sexual. Em Goiás, uma vara de justiça não divulgada tenta obrigar uma menina de 13 anos a levar adiante uma gestação causada por este tipo de violação – o que significa um conflito flagrante com a própria legislação nacional, que permite o acesso a serviços de aborto legal em tal contexto. A revelação do caso é do Intercept Brasil, que obteve tais informações mesmo sob segredo de justiça. Segundo a reportagem, a gravidez já tem 28 semanas, o pai pressiona pela sua manutenção e o abusador seria um homem de 24 anos do círculo de conhecidos da família.

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