UERJ e universidades de Cuba preparam acordos de cooperação

Em breve, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro terá parcerias com duas instituições cubanas: a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensap) e a Universidad de Las Tunas (ULT)

Assinatura do acordo da UERJ com a Universidad de las Tunas, 24/11. Foto: Reprodução
.

Em breve, a Ciência e a Saúde do Brasil e de Cuba fortalecerão seus laços a partir de duas ações da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). A universidade pública fluminense se prepara para assinar novos acordos de cooperação científica com duas instituições de ensino superior da ilha caribenha: a Universidad de Las Tunas (ULT), localizada na província homônima do Oriente cubano, e a Escuela Nacional de Salud Pública (Ensap), sediada na capital Havana. 

Em visita a Cuba no mês de novembro, Paulo Henrique de Almeida Rodrigues, professor do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ) e um dos líderes do Grupo de Pesquisa Saúde, Sociedade, Estado e Mercado (Grupo SEM), foi responsável por firmar os acordos como representante da UERJ. Posteriormente, os documentos deverão ser assinados pela reitora da instituição, Gulnar Azevedo e Silva. O protocolo de intenções assinado por UERJ e Ensap destaca “o interesse mútuo de ambas instituições em estreitar os laços de colaboração acadêmico-universitária” e “relações de amizade e cooperação”, mas ainda não detalha projetos específicos.

Já o acordo da instituição brasileira com a Universidad de Las Tunas, segundo o jornal cubano Tiempo21, prevê a troca de experiências em áreas como política de medicamentos, formação da força de trabalho em saúde e análise comparada de sistemas de saúde. Na visita, o representante brasileiro também se reuniu com o Centro de Engenharia Genética e Biotecnológica (CIGB) de Cuba. “O contato com essa instituição se liga a uma ideia que vem sendo trabalhada no interior da UERJ, relacionada à possível criação de um Parque Tecnológico voltado para a pesquisa, ensino e produção de medicamentos”, relata Rodrigues.

Há décadas, Cuba é conhecida como uma experiência de vanguarda no campo sanitário. Um sistema de saúde público, universal e calcado na atenção primária atende gratuitamente toda a população da ilha socialista. Mas também estende sua mão aos demais povos do mundo através de brigadas internacionalistas, missões que desde a década de 1960 levam profissionais de saúde cubanos a países e regiões vulneráveis. “Cuba já enviou equipes de saúde para 160 países do mundo. Além disso, o país exibe indicadores de saúde comparáveis aos das nações desenvolvidas e vem formando há décadas um grande número de profissionais de saúde de diversos países”, lembra o professor da UERJ.

Mas os sucessos da ilha vão além. Como explicou Ileana Morales, representante do Ministério da Saúde Pública de Cuba, em entrevista a Outra Saúde, o país do Caribe também desenvolveu no pós-Revolução de 1959 uma indústria de saúde robusta, um sistema de inovação prolífico e uma criteriosa agência reguladora. Todas essas características foram essenciais para o enfrentamento exitoso da pandemia da covid-19: Cuba desenvolveu vacinas que se mostraram eficazes (Soberana, Abdala e Mambisa), fabricou-as em sua indústria pública, distribuiu-as através da atenção primária e também as comercializou a outros países.

Em meio ao cerco político e econômico dos Estados Unidos, a saúde da ilha sofre crescentes dificuldades. Uma recente reportagem em vídeo da Al Jazeera revelou como o sistema de saúde local está sendo “estrangulado” pelas sanções norte-americanas. Nesse contexto, além de fortalecer os laços científicos e sanitários do Brasil com o mundo, os novos acordos da UERJ expressam um gesto de solidariedade a Cuba e seu direito de viver em paz.

Outras Palavras é feito por muitas mãos. Se você valoriza nossa produção, seja nosso apoiador e fortaleça o jornalismo crítico: apoia.se/outraspalavras

Leia Também: