Trump interferirá nos preços de medicamentos nos EUA?

• Trump volta a criticar preço dos remédios • O uso de PrEP no Brasil • Onde o SUS oferece serviço de aborto legal • E MAIS: metanol; Tylenol na gravidez; vacina contra HPV; doenças cardíacas •

Créditos: ABC News
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O governo do presidente Donald Trump sinalizou, na semana passada, a intenção de propor uma regra para forçar a indústria farmacêutica a igualar os preços de medicamentos nos Estados Unidos aos praticados em outros países do Norte Global. A informação veio à tona através de um aviso sobre o “modelo GLOBE” que foi publicado e temporariamente removido do site do Departamento de Saúde, sugerindo que a medida está sendo seriamente considerada. O anúncio coincide com o fim do prazo de 60 dias dado por Trump em julho, para que as empresas reduzissem seus preços voluntariamente.

A ameaça reacende um embate antigo. Durante seu primeiro mandato, uma tentativa similar de vincular preços do Medicare a padrões internacionais foi barrada na justiça. Neste ano, algumas empresas, como Eli Lilly e Bristol Myers Squibb, têm reagido com manobras pontuais, como ajustes de preços no Reino Unido ou novos modelos de venda. Como alertou Reinaldo Guimarães em artigo publicado em abril neste boletim, medidas que mexem nos preços dos medicamentos dos EUA não necessariamente trarão os benefícios esperados por Trump a curto prazo. Mas, por outro lado, “trarão impactos negativos para as populações que consomem medicamentos e outros produtos. E não tenhamos ilusões de que este é um assunto apenas do Norte Global. Chegará aqui, tenhamos certeza disso”.

HIV: por que há poucas mulheres usuárias de PrEP?

Embora quase um em cada três novos casos de HIV no Brasil sejam de mulheres, elas são apenas 8,8% das usuárias da profilaxia pré-exposição (PrEP) – método de prevenção ao vírus por meio do uso de medicamentos de grande eficácia. Em entrevista ao ,Brasil de Fato o infectologista Gerson Salvador explica que essa discrepância se dá principamente porque as campanhas públicas historicamente priorizaram alcançar homens que fazem sexo com outros homens.

O Ministério da Saúde indica a PrEP para pessoas que fazem relações sexuais sem camisinha com frequência, além de profissionais do sexo e pessoas com parceiros soropositivos, entre outras situações. Segundo os dados oferecidos pela pasta, em 2024 o Brasil tinha mais de 110 mil pessoas utilizando PrEP, das quais apenas 9.758 eram mulheres. Outros dados: 71% dos usuários de PrEP tinham ao menos 12 anos de estudo, 58% viviam no Sudeste – indicando que o método contraceptivo ainda não está acessível às populações mais vulneráveis.

Aborto legal: um mapa para mulheres acessarem seu direito

Um dos grandes entraves à realização de aborto legal nos hospitais do SUS é a falta de informação sobre a qual hospital recorrer. Desde 2019, o Mapa do Aborto Legal, organizado pela Artigo 19, ONG de direitos humanos, busca facilitar o caminho para mulheres que precisam do serviço. Ontem (29), ele foi atualizado e agora permite busca de hospitais por muicípio e classifica os serviços listados conforme o nível de confirmação de que é possível interromper a gravidez ali. 

Mas uma matéria publicada no Cebes explica por que não é tão fácil a tarefa de elencar os hospitais públicos fazem aborto legal. A falta de padronização nas bases de dados é um grande problema. “As informações disponíveis em diferentes sistemas oficiais não coincidem entre si, o que revela inconsistências e dificulta o acesso a dados confiáveis sobre a rede de atendimento”, explica Maria Tranjan, da Artigo 19. As bases de dados utilizadas são o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e as informações obtidas pelo Sistema de Informações Hospitalares do DATASUS.


Contaminação por metanol em SP

Três pessoas morreram e ao menos dez estão internadas com sequelas graves (como cegueira) por ingestão de metanol em São Paulo. A política investiga adulteração de bebidas alcoólicas. A substância é utilizada na indústria e altamente tóxica. Entenda o que aconteceu e o perigo do metanol.

Paracetamol e autismo

Na semana passada, o presidente dos EUA Donald Trump mentiu ao afirmar que mulheres grávidas que tomam Tylenol podem ter filhos autistas. Segundo matéria publicada na revista Nature, o que representa perigo é deixar de tratar uma febre com o medicamento – especialmente se passar de 39,1 graus. Leia o alerta feito por cientistas

Câncer de colo de útero no Brasil

Já se sabe que esse tipo de câncer é amplamente evitável por meio da vacina contra HPV. Mas, até recentemente, só havia pesquisas feitas em países do Norte Global. Agora, um grupo de estudiosos apresentou as primeiras evidências do imunizante no Brasil – e os resultados são de redução em quase 60% de mulheres jovens. Acesse mais dados.

Diretrizes para doenças cardíacas

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lançou, ontem (29), as novas diretrizes para combater doenças como colesterol, pressão alta e outras. Entre as recomendações, está não fumar e evitar alimentos ultraprocessados. Saiba o que mais foi indicado.

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