SP: Mulheres de periferia morrem 20 vezes mais de diabetes

• A desigualdade social nas doenças crônicas • Mpox volta a preocupar a África • Como trabalham os agentes comunitários na Mongólia • Doenças de pele em crianças palestinas • Censo das UBSs tem boa resposta de municípios • Comitê Uma Só Saúde •

Foto: Assufba
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Um estudo noticiado pela Folha sugere uma associação direta entre local de moradia e risco de óbito por doenças crônicas na cidade de São Paulo. Os habitantes dos bairros periféricos, como era de se esperar, têm chances muito mais altas de morrer de diabetes, infarto ou AVC. O Grajaú, na Zona Sul, tem uma taxa de mortalidade por doenças isquêmicas do coração 420% maior que a média. Há também uma clivagem de gênero. Os dados apontam que as mulheres do Jardim Helena, região pobre no extremo da Zona Leste de São Paulo, registram um índice de mortalidade ligado à diabetes 21 vezes maior que as de Moema, um dos bairros mais nobres da capital paulista, por exemplo. “É importante reconhecer o impacto dessa desigualdade para conseguir planejar melhor os serviços de saúde para a população”, afirmou ao jornal uma das entidades que conduziram o estudo.

Mpox pode tornar-se emergência de saúde na África e no mundo

A identificação de muitos novos casos da mpox em uma série de países da África de onde a doença havia desaparecido ligou o alerta para a possibilidade de uma nova epidemia. Depois do surto global de 2022, a moléstia viral havia ficado restrita às fronteiras da República Democrática do Congo. Porém, frente a um cenário de rápido aumento no número de infecções em pelo menos uma dezena de Estados desde meados de julho, o CDC África se prepara para declarar uma “emergência de saúde pública continental” devido à mpox. A autoridade sanitária conjunta africana credita a crise ao surgimento de uma nova variante do vírus, bem mais infecciosa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também convocou uma reunião de seu Comitê de Emergência para avaliar se a situação representa uma emergência de saúde pública de importância internacional – como, por exemplo, foram a covid-19 e o ebola. As ações do CDC Africa e OMS visam facilitar a colaboração entre países para o enfrentamento da doença.

Como se vacinam crianças nômades na Mongólia

Uma interessante reportagem do New York Times oferece uma janela para os desafios dos agentes comunitários de saúde da Mongólia. Os guerreiros a cavalo que o imaginário popular associa ao país estão no passado – mas uma quantidade relevante da população mongol ainda segue um estilo de vida nômade e montado. Por isso, os trabalhadores da saúde pública também precisam desenvolver suas habilidades de montaria para atender às comunidades sob sua responsabilidade. Com uma área similar à do Centro-Oeste, mas apenas um quinto dos habitantes desta região brasileira, a Mongólia tem a população menos concentrada do mundo. Uma das agentes entrevistadas atende nômades pastores de renas no norte do país – e conta que regularmente cavalga por horas para alcançá-los. O trabalho de vacinação, distribuição de remédios e difusão de informação em saúde desses profissionais, um notável exemplo de longitudinalidade do cuidado, é considerado responsável pela ampliação das taxas de imunização e a queda na mortalidade infantil na Mongólia.

Doenças cutâneas castigam crianças de Gaza

Mais um impacto da invasão israelense sobre a saúde dos habitantes da Faixa de Gaza tem sido o alastramento de doenças de pele entre as crianças palestinas, revela uma notícia da Reuters. Por terem uma epiderme mais sensível, é comum que os pequenos tenham mais problemas nesse órgão que os adultos. No entanto, as dermatites costumam ser facilmente tratáveis. A dificuldade de receber atendimento médico, a falta total de medicamentos e as más condições sanitárias, três condições impostas pela guerra, estão levando as crianças a ter que conviver com as infecções sem poder tratá-las. “A doença que ela tem no rosto está aí há dez dias e não vai embora”, lamentou à agência de notícias uma mãe palestina sobre as manchas vermelhas na face de sua filha. A OMS alerta que a destruição da infraestrutura de saneamento de Gaza perpetrada por Israel aumenta o risco de disseminação de doenças infecciosas, inclusive as cutâneas.

Censo das UBS tem adesão de 100% dos municípios

O Censo das UBS alcançou 100% de adesão entre os municípios do país, revelou o Ministério da Saúde. A marca sugere um importante primeiro êxito para a iniciativa que, como noticiou Outra Saúde, busca trazer uma radiografia inédita da atenção primária em saúde no Brasil por meio de um questionário detalhado aos trabalhadores desses equipamentos públicos. Ao fim do processo, os dados serão disponibilizados publicamente para que, além de seu emprego pelo governo para a formulação de políticas para as UBSs, a sociedade também possa utilizá-los. Até o momento, diz a nota da pasta, 86,6% dos municípios já teriam concluído o preenchimento do questionário, fornecendo dados sobre cerca de 48 mil Unidades Básicas de Saúde (95,2% do total). Devido à recente tragédia das enchentes, as UBSs do Sul contam com o mais baixo índice de finalização do Censo – o que levou o Governo Federal a estender o prazo de resposta na região.

Governo Federal cria o Comitê Uma Só Saúde

Na quinta-feira (8/8), o Governo Federal lançou o Comitê Técnico Interinstitucional de Uma Só Saúde. O ato insere na institucionalidade do país o conceito mais conhecido por seu nome em inglês One Health, proposto por organismos como OMS e FAO, que consiste em uma “abordagem multissetorial e multidisciplinar que [reconhece] a interconexão entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental”. O decreto que criou o novo Comitê afirma que ele terá como papel “elaborar e apoiar a implementação do Plano de Ação Nacional de Uma Só Saúde”. Coordenado pela pasta da Saúde, o espaço terá a presença de vinte entidades, entre ministérios, autarquias, empresas públicas e os conselhos de classe da Biologia, Enfermagem, Farmácia, Medicina e Veterinária. “Pandemias e desastres recentes demonstraram que a preparação para emergências de saúde pública exige planos de ação que vão além de um único setor”, disse a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, no lançamento do Comitê.

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