Sorotipo 3 da dengue preocupa continente americano
• Opas emite alerta sobre sorotipo menos comum da dengue • Pesquisa revela que muitas mulheres precisam viajar – cada vez mais – para dar à luz • Tratamento do HC para febre amarela reduziu mortes em 84% •
Publicado 14/02/2025 às 18:51 - Atualizado 14/02/2025 às 18:53
A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) emitiu alerta sobre o maior risco de surtos de dengue nas Américas devido ao aumento da circulação do sorotipo 3, que reapareceu no Brasil em 2023 após mais de 15 anos. A informação é preocupante porque pode representar um recrudescimento da circulação da doença. No Brasil, país onde há mais casos, são mais comuns os sorotipos 1 e 2 – e a pessoa que contraiu um deles adquire imunidade contra aquele, mas ainda pode adoecer com os outros. Só que a dengue, na reinfecção, costuma apresentar casos mais graves. A volta do sorotipo 3 abre espaço para isso acontecer mais vezes.
Em 2024, as Américas registraram mais de 13 milhões de casos – que levaram a 8.186 mortes. Em 2025, 23 países já notificaram 238.659 casos, 87% no Brasil. A vacina da Takeda, disponível em alguns países, tem menor eficácia contra o sorotipo 3, especialmente em crianças sem histórico de infecção. O Instituto Butantan desenvolveu uma vacina, ainda em análise pela Anvisa. A Opas recomenda reforço no controle de vetores, diagnóstico precoce, campanhas de educação e preparo dos sistemas de saúde para evitar complicações.
25% das mulheres precisam viajar para o parto
Um estudo publicado na The Lancet Regional Health – Americas, realizado por pesquisadores da Fiocruz, revela que 1 em cada 4 mulheres (25,4%) precisou sair de seu município para dar à luz em hospitais do SUS. A tendência é de alta, de 23,6% para 27,3% entre 2010-2011 e 2018-2019. A distância e o tempo médios de viagem também cresceram 31,1% (54 km para 70,8 km) e 33,6% (63,1 min para 84,3 min), respectivamente. O problema é mais grave no Norte e Nordeste, onde as gestantes percorrem até 133 km e levam até 355 min, enquanto no Sudeste e Sul as distâncias variam de 37 km a 56 km, com tempos de 38 min a 52 min.
O estudo, que analisou 6,9 milhões de partos, sugere que o acesso geográfico influencia negativamente os desfechos de saúde. Mulheres que não resistiram ao parto ou aos primeiros dias de vida viajaram distâncias e tempos maiores (94 km/100,9 min) em comparação com partos bem-sucedidos (74,9 km/85 min). A pesquisa destaca a necessidade de políticas que considerem as diferenças regionais e fatores como infraestrutura hospitalar e acesso ao pré-natal. A Rede Cegonha, hoje chamada de Rede Alyne, criada em 2011 para melhorar o cuidado materno-infantil, foi um marco analisado, mas persistem desafios na regionalização da rede obstétrica.
HC apresenta tratamento para febre amarela
Pesquisadores da USP desenvolveram um novo tratamento para febre amarela que reduziu a mortalidade em até 84%. O método, chamado troca plasmática terapêutica (TPE), substitui o plasma do paciente pelo de doadores saudáveis, combatendo a insuficiência hepática aguda, uma complicação grave da doença. O estudo, publicado na revista Tropical Medicine and Infectious Disease, testou a TPE em 66 pacientes divididos em três grupos.
O grupo que recebeu TPE intensivo (duas sessões diárias com infusão de plasma fresco) teve mortalidade 14% menor (71%) em comparação aos outros (85% e 82%). Apesar dos resultados promissores, o estudo tem limitações, como amostra pequena e caráter observacional. Enquanto isso, o Ministério da Saúde alertou para casos de febre amarela em 15 cidades de São Paulo, Minas Gerais, Roraima e Tocantins, sendo oito mortes concentradas no estado de SP.