Secretária fala sobre avanços na transformação digital do SUS

• Saúde digital: em que ponto estão os avanços no Ministério da Saúde • Painel virtual de estoque de vacinas • Um tratado global para reduzir a produção de plástico • Crianças, violência e distúrbios psiquiátricos • Ampliação do Inca no Rio •

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Em entrevista ao Globo, Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital, deu um panorama geral da situação da digitalização do Sistema Único de Saúde. Segundo ela, todos os 5.570 municípios aderiram ao sistema digital, marco viabilizado por R$ 464 milhões em recursos. A iniciativa busca integrar dados de saúde e melhorar serviços, como consultas virtuais e acesso remoto a exames em áreas remotas. Ana Estela enfatizou desafios como conectividade desigual e afirmou que o Brasil atua como modelo regional sob acompanhamento da OPAS. 

A secretária também abordou o tema do uso da inteligência artificial (IA) no SUS: “O governo fez a opção de não ser apenas usuário de IA, mas produtor. Ter sua própria IA. Esse trabalho está sendo capitaneado pelo ministério da Ciência e Tecnologia a pedido do presidente Lula, com um investimento de 23 bilhões. O bom uso da IA requer uma nuvem soberana, integridade e robustez de dados para reverter um pouco o cenário de opacidade das big techs”. A transformação digital, segundo ela, também visa fortalecer princípios do SUS, como a equidade, e otimizar processos de vacinação e diagnóstico. Municípios agora devem entregar planos de ação regionalizados. Ela falou ainda sobre o uso da telemedicina em comunidades indígenas e quilombolas, com impacto na saúde local e na pesquisa acadêmica.

Ministério constrói sistema de estoque de vacinas

Após queixas de estados por desabastecimento de vacinas, o Ministério da Saúde anunciou que criará um painel virtual do estoque do SUS. Além disso, a pasta busca diversificar os fornecedores de imunizantes, também para que não haja desfalques. As medidas foram anunciadas em uma coletiva de imprensa na segunda-feira, 25/11, que contou com a presença da ministra Nísia Trindade. “O aumento das coberturas vacinais continua como uma realidade. Como tenho afirmado, não se pode falar de desabastecimento de vacina no Brasil, uma prova disso é que nesse sábado ocorreu um Dia D em vários municípios. Seria impossível um dia D de vacinação com desabastecimento de vacinas”, defendeu-se. 

Ela reafirma que as vacinas têm prioridade máxima em sua gestão. Há, aparentemente, um problema de divergência sobre os estoques registrados pelo ministério e os estados. Onze deles relataram escassez de imunizantes para covid, varicela, tríplice viral, entre outras. Segundo o secretário executivo da pasta, Swedenberger Barbosa, a ferramenta para gestão dos estoques está em construção, mas ainda não há informações mais detalhadas. Ele afirmou que, hoje, os sistemas estão “defasados, que não se comunicam e são incompletos. Portanto, são situações que colocam para o gestor uma dificuldade muito grande de agir”. 

Tratado contra a poluição plástica pode ser travado pelos EUA

Um encontro em em Busan, Coreia do Sul, reuniu representantes dos países para discutir o primeiro tratado internacional contra a poluição plástica. A proposta inclui limitar a produção de plástico, com foco em itens descartáveis. Mas enfrenta oposição de países que são largamente responsáveis pela poluição, como EUA, Arábia Saudita e Rússia – grandes produtores de petróleo e gás. Apesar do apoio inicial dos EUA sob o governo de Joe Biden, a eleição de Donald Trump deve enfraquecer a adesão ao acordo. O mundo gera cerca de 500 milhões de toneladas de plástico por ano, mais que o dobro de duas décadas atrás – e estima-se que apenas 9% sejam reciclados. 

O impacto ambiental é vasto e vai desde a proliferação de microplásticos em ecossistemas e no próprio corpo humano até emissões de gases de efeito estufa. A indústria química e os principais produtores de plástico posicionam-se fortemente contra a diminuição na produção e defendem uma falsa solução: focar apenas em reutilizar o material mais vezes. Algumas soluções apresentadas por cientistas são limitar a produção de plástico a níveis de 2020 e exigir ao menos 40% de plástico reciclado em novos produtos – isso reduzir o desperdício em 90%. Países em desenvolvimento lideram esforços, mas demandam apoio técnico e financeiro. Cientistas alertam que sem ações concretas, a poluição dobrará até 2050.

A saúde mental de crianças que convivem com a violência

Crianças, adolescentes e jovens de baixa renda vítimas de violência têm até sete vezes mais risco de internação psiquiátrica, segundo estudo da Fiocruz Bahia e da Universidade de Harvard. Dados de 9 milhões de brasileiros (2011-2019) mostram que a incidência de internações entre vítimas de violência é de 80,1 por 100 mil ao ano, frente a 11,67 entre não vítimas. O registro de violência foi o principal fator associado ao risco em todas as idades. A pesquisa destaca que, apesar do suporte clínico das internações, há riscos como autolesão e interrupção de estudos. 

Os pesquisadores defendem a prevenção da violência por meio de ações em escolas, comunidades e famílias, além de estratégias para romper o ciclo da pobreza. “A violência está associada não somente a traumas agudos, mas também a repercussões negativas, como, por exemplo, a deterioração da saúde mental durante o curso da vida. Então é importantíssimo não só o acolhimento imediato das vítimas de violência, mas também o acompanhamento de longo prazo”, explicou Lidiane Toledo, pesquisadora associada ao Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fiocruz Bahia, em entrevista à Agência Brasil.

Saúde retoma obras do Inca no Rio de Janeiro

As obras de ampliação do Instituto Nacional do Câncer (Inca), paralisadas desde 2015, serão retomadas para criar um campus integrado na Praça Cruz Vermelha, Rio de Janeiro. Com orçamento de R$ 1,1 bilhão, o projeto será a primeira parceria público-privada na saúde, envolvendo o Inca, o Ministério da Saúde e o BNDES. Assim, a gestão dos serviços médicos permanecerá pública, enquanto a infraestrutura será administrada em colaboração com a iniciativa privada. Três novos prédios serão construídos para centralizar as 18 unidades do instituto, o que deve reduzir custos operacionais e ampliar serviços de alta complexidade, como 450 leitos de internação. A iniciativa busca integrar assistência, ensino e pesquisa. Previsto para 2026, o complexo promete modernizar a infraestrutura hospitalar e impulsionar a oncologia no Brasil, segundo autoridades.

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