SC: a intoxicação pelos agrotóxicos no cultivo de tabaco
• Contaminação de cultivadores de tabaco • A queda das feiras livres • Mais um médico da MSF morto em Gaza • E MAIS: doenças crônicas; sarampo; genoma no Brasil; chips chineses •
Publicado 07/07/2025 às 16:11
O veneno que escorre das lavouras de fumo em Santa Catarina contamina famílias e rios: 20% dos trabalhadores intoxicados, 50% das amostras de água com agrotóxicos e 91,6% dos entrevistados relatando sintomas da “doença da folha verde” – quadro agravado pela exposição simultânea a pesticidas. O estudo, publicado na revista Desenvolvimento e Meio Ambiente, revela que mesmo os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), usados por apenas metade dos trabalhadores, podem ser fontes de contaminação durante manuseio.
A dependência econômica do tabaco – principal renda para 85% das famílias – aprofunda o ciclo de adoecimento, e crianças também são envolvidas na colheita. Nas águas, sulfentrazona e imidacloprida aparecem em níveis acima dos tolerados na Europa, enquanto o Brasil sequer tem parâmetros para muitos desses venenos. Enquanto o SUS arca com os custos das intoxicações, a legislação ignora o risco crônico: saúde pública e ambiente seguem reféns de um modelo que lucra com o adoecimento coletivo.
Feiras livres perdem espaço para supermercados e ultraprocessados
Supermercados dominam 68% das compras de alimentos no Brasil, mas são territórios hostis à alimentação saudável: é o que revela o estudo da USP que criou o Locais-Nova, sistema que reclassifica pontos de venda com base no Guia Alimentar Brasileiro. A pesquisa expõe como padarias e mercados, antes chamados de “mistos”, são na verdade focos de ultraprocessados – e como regiões mais ricas (Sul/Sudeste) consomem mais alimentos nocivos que o Norte/Nordeste, onde feiras e alimentos in natura resistem. A pesquisa mostra, ainda, que quanto maior a renda, maior o consumo de ultraprocessados.
Enquanto isso, feiras livres – que poderiam ser alternativas – perdem espaço para promoções agressivas de redes supermercadistas. A solução, segundo pesquisadores ouvidos pelo Jornal da USP, são políticas públicas que subsidiem alimentos saudáveis, como a nova cesta básica com tarifa zero, e intervenções municipais para fortalecer circuitos locais. O SUS já gasta R$ 28 bilhões por ano com doenças ligadas à má alimentação; é hora de tratar a fome de ultraprocessados como questão de saúde coletiva.
MSF sobre Gaza: “Esta carnificina precisa acabar agora”
A Médicos Sem Fronteiras (MSF) confirmou a morte de Abdullah Hammad, higienista que trabalhou por 18 meses em sua clínica em Al Mawasi, Gaza. Ele foi morto por forças israelenses no dia 3 de julho, durante um ataque a civis que aguardavam ajuda alimentar em Khan Younis. O incidente deixou pelo menos 16 mortos, segundo o hospital Nasser. Desde outubro de 2023, a MSF já perdeu 11 profissionais em Gaza.
A organização denuncia a militarização da distribuição de alimentos e a restrição de suprimentos, que agravam a crise humanitária. “A situação de fome sistêmica e deliberada a que os palestinos estão sendo submetidos há mais de 100 dias está levando as pessoas em Gaza ao limite. Esta carnificina precisa acabar agora”, alerta Aitor Zabalgogeazkoa, coordenador de emergência da MSF no território. Enquanto a comunidade internacional debate, civis e trabalhadores da saúde seguem pagando o preço mais alto.
* * *
DCNTs em alta no continente americano
Desde o ano 2000, as mortes por doenças crônicas não-transmissíveis cresceram em 43% nas Américas, diz relatório da OPAS. Apenas em 2021, foram 6 milhões. Elas já representam 65% dos óbitos no continente – e fatores de risco, como diabetes e hipertensão, só crescem. Leia o documento.
Sarampo explode na América do Norte
Só até junho de 2025, foram registrados 29 vezes mais casos de sarampo nas Américas do que no mesmo período do ano passado, alerta uma atualização epidemiológica publicada pelo escritório regional da OMS. Canadá, México e EUA respondem por 98% das 7.132 notificações, além de todos os óbitos. Veja as recomendações da OPAS.
O SUS e o genoma dos brasileiros
Mapear a diversidade genômica da população brasileira pode ajudar o SUS? Na Revista Pesquisa Fapesp, cientistas argumentam que sim, já que isso permitiria “o diagnóstico mais certeiro de algumas doenças e um planejamento melhor e mais seguro da medicação”. Confira a reportagem.
Os “chips cerebrais” chineses
Testes com “interfaces cérebro-computador implantáveis” avançam rapidamente na China, tendo êxitos iniciais em ampliar as capacidades motoras de pessoas com paralisia. Dispositivos são menores e menos invasivos que a Neuralink, desenvolvida por empresa de Elon Musk. Saiba mais em reportagem da Nature.
Sem publicidade ou patrocínio, dependemos de você. Faça parte do nosso grupo de apoiadores e ajude a manter nossa voz livre e plural: apoia.se/outraspalavras