Saída dos EUA da OMS levanta temores até sobre a varíola
• EUA fora da OMS: risco de guerra biológica? • Doações da China à agência • Criança não vacinada morre de dengue • Prefeitura de SP fez criadouro de mosquito? • Compra de medicamentos para câncer • Genéricos e preço dos remédios •
Publicado 13/02/2025 às 16:59 - Atualizado 13/02/2025 às 17:00
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Uma reportagem do The New York Times indica que a desorganização dos esforços globais contra a varíola pode ser mais um dos efeitos negativos da saída dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença altamente contagiosa e letal foi erradicada nos anos 1970, em uma campanha encabeçada pela agência. Contudo, para dar continuidade aos estudos com o vírus, amostras foram guardadas em dois laboratórios de biossegurança máxima – um nos EUA, o outro na Rússia.
No arranjo, a OMS tem o direito de inspecionar regularmente ambas as instalações, mas a colaboração seria interrompida com a retirada anunciada por Donald Trump. Mais tradicional veículo de mídia estadunidense e insuspeito de anti-americanismo, o The New York Times alerta que crescerão os “temores entre aliados e adversários de que os Estados Unidos, secretamente, transformarão o vírus da varíola em uma arma”. A ameaça da guerra biológica voltará a assombrar o mundo?
Contribuição da China à OMS em 2026 poderá superar valor pago pelos EUA
Com a possibilidade de que cresça de US$ 87,5 milhões em 2025 para US$ 137,8 milhões em 2026, a contribuição da China à OMS poderá ultrapassar a dos EUA, revela o Health Policy Watch. O repasse deste ano dos Estados Unidos, que anunciaram sua intenção de se retirar da Organização Mundial de Saúde, foi estimado em cerca de US$130 milhões. O montante chinês superaria o estadunidense caso uma alteração no cálculo dos recursos obrigatórios que os países-membros devem reservar à agência seja aprovada na Assembleia Mundial da Saúde, em maio.
Além de um aumento geral de 20% nos repasses, eles seriam recalculados a partir do nível de desenvolvimento de cada Estado – que, no caso da China, cresceu vertiginosamente no último período. Nesse cenário, a contribuição chinesa poderia passar de 15% para 20% do orçamento total da OMS. Os países africanos são os maiores apoiadores da proposta de mudança, diz a reportagem.
SP: a primeira morte por dengue é de criança não vacinada
O primeiro óbito de dengue neste ano em São Paulo foi de uma criança que não havia sido vacinada contra a doença, conta O Globo. Moradora da Zona Leste da capital paulista, a menina de 11 anos poderia ter se imunizado, devido à sua idade. O caso é ilustrativo das dificuldades que o poder público enfrenta para ampliar a cobertura da vacina.
Dados recentes apontam que, em São Paulo, apenas 38% do público-alvo recebeu o imunizante. Os números são similares aos do país como um todo: somente 37% dos jovens de 10 a 14 anos se vacinaram. Em 2024, São Paulo registrou 624 mil casos de dengue e 522 óbitos causados pela doença. No entanto, como se lê a seguir, órgãos de controle apuram se a má conduta da Prefeitura está associada à explosão de casos do ano passado.
Prefeitura de SP pode ser responsável por explosão da dengue na cidade
Ações da gestão de Ricardo Nunes (MDB) podem ter multiplicado os casos de dengue em São Paulo, revela uma reportagem da Agência Pública. No ano passado, a Prefeitura pagou R$19 milhões a uma empresa próxima de Nunes pela compra de armadilhas contra o mosquito da dengue. Cada uma custou R$400, enquanto unidades fabricadas pela Fiocruz custam R$10. Agora, a Controladoria-Geral do Município apura se as armadilhas não se tornaram “criadouros” do vetor da doença.
Os agentes municipais deveriam visitar os recipientes a cada quatro semanas para aplicar o inseticida que mataria as larvas dos mosquitos atraídos – mas, em média, o fizeram a cada sete meses. Sem o produto, as armadilhas tornam-se apenas depósitos com água parada, onde as fêmeas do Aedes aegypti podem depositar seus ovos tranquilamente. O caso sugere que as suspeitas de corrupção que já envolviam a gestão Nunes podem estar ligadas à escalada particularmente grave da dengue em São Paulo.
Adriano Massuda: “Compras centralizadas na oncologia devem crescer”
As compras de medicamentos oncológicos passarão a ser mais centralizadas pelo Ministério da Saúde, afirmou Adriano Massuda, secretário de Atenção Especializada da pasta, ao Jota. Em entrevista publicada nesta quarta-feira (12/2), ele informa que a novidade está ligada à iminente publicação da “quarta e última portaria” que regulamenta a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer.
O MS exercerá seu protagonismo especialmente na compra de medicamentos de alto custo, diz Massuda, já que isso “facilita a negociação de preços e permite economia de escala”. No entanto, a pasta não arcará com todas as compras, ele alerta. No diálogo, o secretário também apresenta os esforços empreendidos para agilizar o diagnóstico e tratamento do câncer no SUS, nos marcos do programa Mais Acesso a Especialistas.
IPEA: genéricos podem derrubar em até 55% preço de remédio
Estudo divulgado no site do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) traz novos detalhes sobre o papel dos genéricos na redução dos preços de remédios. A pesquisa, que faz parte de um livro sobre o tema, demonstra que a chegada de um primeiro genérico ao mercado traz uma redução média de 20,8% no preço mínimo. A partir do terceiro genérico, a queda é de cerca de 55,2% – e em “mercados altamente concentrados”, onde há pouca concorrência, pode chegar a 73,3%.
No ano passado, na ocasião dos 25 anos da Lei dos Genéricos, Outra Saúde publicou reportagem em que destaca que “a medida foi decisiva para garantir remédios mais baratos para a população e o SUS”. Por outro lado, especialistas apontaram que o Brasil produz menos dos 5% dos Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) de que precisa e continua com uma Lei de Patentes excessivamente aberta às reivindicações das grandes farmacêuticas. Com avanços nessas duas frentes, o país poderia reduzir ainda mais os preços e ampliar o acesso a medicamentos.