Relatos trágicos no sistema de saúde inglês
• Os efeitos da “austeridade” no NHS • Vacinas de dengue para o SUS e para laboratórios privados • Farmácia Popular em mais 400 municípios • Estoques de vacina recuperados • “Seca dupla” na Amazônia • Vapes e saúde pulmonar •
Publicado 17/01/2025 às 16:03 - Atualizado 17/01/2025 às 16:10
Referência histórica na concepção de sistemas públicos, gratuitos e universais de saúde, o National Health System (NHS), do Reino Unido, acumula registros cada vez maiores de sobrecarga e incapacidade de atender a demanda de seus usuários. Uma detalhada matéria do Guardian, feita a partir de relatos da Royal College of Nursery (Academia Real de Enfermagem), descreve variados casos que revelam uma precarização estrutural de suas condições.
Pessoas nos corredores sem atendimento, falta de pessoal e equipamentos fundamentais para reanimação cardiorrespiratória e mortes evitáveis ilustram o quadro de anos de políticas de “austeridade” no sistema britânico. Agora, no inverno europeu, há uma pressão sobre o NHS em função do aumento de doenças respiratórias, o que elevou ainda mais o alarme. Em audiência, o secretário de Saúde e Cuidados do governo recém-empossado afirmou que tais situações, como atendimento em corredores, foram normalizadas na administração conservadora, que travou embates com categorias de profissionais de saúde como médicos residentes e enfermeiras por falta de investimentos em salários e aumento de pessoal.
Dengue: Takeda não revela quantas doses reservou para rede privada
Principal fornecedor da vacina de dengue ao governo brasileiro, o laboratório japonês Takeda afirma que prioriza as vendas de imunizantes para o SUS. No entanto, também os fornece para a rede privada, onde são comercializados por valores que variaram entre 350 e 490 reais por dose – são necessárias duas aplicações em seu esquema vacinal. Questionada a respeito da quantidade de doses que fornecerá à rede privada neste ano, a empresa alegou sigilo estratégico de tal informação. Ao SUS, serão entregues 9,5 milhões de doses, que poderão proteger 4,75 milhões de brasileiros. Além disso, informou que pretende alcançar uma produção anual de 100 milhões até 2030 e iniciará, ainda neste ano, testes em pessoas maiores de 60 anos – público para o qual sua vacina ainda não está liberada. Por sua vez, o Instituto Butantan solicitou à Anvisa o registro de sua vacina contra a dengue, aplicada em dose única, com produção anual estimada em cerca de 10 milhões de unidades.
Governo afirma que estoques de vacinas estão completos
Questionado no final de 2024 sobre falta de determinados imunizantes do Programa Nacional de Imunizações, o governo federal, através do Ministério da Saúde, afirma que os estoques de todas as vacinas fornecidas pelo SUS estão atualizados de acordo com as demandas de cada cidade e estado. Segundo a pasta, foram distribuídas cerca de 300 milhões de doses para prevenir diversas doenças em 2023 e 2024. Para 2025, o orçamento do PNI será de R$ 7 bilhões, sem considerar eventuais novas vacinas que se desenvolvam e sejam incorporadas. Além disso, esclareceu que haverá reforço nas doses de covid-19, alvo de críticas públicas por não terem sua versão mais atualizada, produzida pela Moderna. Foram adquiridas mais 69 milhões de vacinas contra a última cepa do coronavírus, que serão gradualmente entregues neste ano.
Saúde celebra expansão do Farmácia Popular
Em nota oficial, o Ministério da Saúde comemorou a chegada do Farmácia Popular (FP) em mais de 400 municípios que nunca tinham sido alcançados pelo programa. Com isso, o FP atinge 4,8 mil cidades brasileiras (86% do total), que contam com cerca de 31 mil estabelecimentos credenciados. O programa, que acabou de completar 20 anos, passou por um forte desfinanciamento nos governos Temer e Bolsonaro e teve seu orçamento recuperado em 2022, quando também se observou um aumento da lista de medicamentos subsidiados. A meta do ministério é universalizá-lo até 2026 e, nesta fase, foi retomado em consonância com a adesão dos municípios ao programa Mais Médicos.
Estudo explica efeito de “seca dupla” no aumento de incêndios na Amazônia
Um artigo publicado na Science of The Total Environment apresenta a análise de dados hidrológicos do ar e dos solos para explicar a intensificação do fenômeno El Niño nos últimos anos – cujos efeitos significaram o aumento das temperaturas, diminuição das chuvas e maiores períodos de estiagem na região da bacia amazônica, foco do estudo. Os autores explicam que o aumento da estiagem não só afeta o ciclo hidrológico da região como também diminui o estoque de águas subterrâneas, o que torna os solos menos úmidos e mais favoráveis a focos de incêndio.
Os pesquisadores analisaram dados de dois satélites e de variadas bases internacionais de dados. O estudo acompanhou os padrões do El Niño entre os anos de 2004 e 2016 e sustenta a evidência de que o fenômeno se tornou mais intenso. Em resumo, as secas se manifestam de duas formas: na falta de chuvas e no ressecamento do solo e subsolo, fruto da diminuição do estoque de águas de rios, lagos e reservatórios.
Usuários de vape têm mesmas limitações aeróbicas que fumantes de tabaco
Pesquisadores da Universidade de Manchester coordenaram uma análise de desempenho físico de 60 pessoas, que se dividiam em três grupos: não fumantes, usuários de cigarros eletrônicos e fumantes de cigarros tradicionais de tabaco. Após uma bateria de exames pulmonares e testes físicos de corrida e resistência, constatou-se que os dois subgrupos de fumantes registravam resultados inferiores ao grupo de não fumantes. O estudo serviu para desmistificar a ideia disseminada entre usuários dos chamados vapes de que tal modalidade de fumo seria menos nociva à saúde e ao sistema respiratório em particular. “Por acreditar que o cigarro eletrônico é menos tóxico, os jovens não entendem as consequências a longo prazo e, por ser barato, está sendo consumido cada vez mais, provocando graves danos”, alertou Karla Curado, pneumologista, em reportagem da Agência Einstein.
Foto: Jeff Moore/PA