Rede Cegonha terá mais investimentos contra mortes maternas

• Novo nome e recursos para a Rede Cegonha • Vacinas anticovid perdem a validade • Municípios alegam falta de imunizantes • Mais exigências para aquisição de remédios caros no SUS • Bioimpressora da Fiocruz • Solução da USP para doenças do coração •

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Na última quinta, o Ministério da Saúde realizou evento para anunciar importante novidade na Política de Saúde Integral da Mulher. A antiga Rede Cegonha receberá investimentos para ampliar os cuidados assistenciais de pré e pós-Natal e será rebatizada de Rede Alyne. A nova política aparece após anos em que o desfinanciamento do SUS fez explodir as mortes materno-infantis no país.

Depois de anos consecutivos de queda, tais óbitos passaram a crescer, em especial na população negra e parda, conforme já abordou Outra Saúde em matérias anteriores (aqui, aqui e aqui) – tendência felizmente revertida nos últimos meses. O novo nome desta política de apoio a gestantes e mães remete à condenação sofrida pelo Estado brasileiro na Corte Interamericana de Direitos Humanos, em razão do falecimento de Alyne Pimentel, grávida de seis meses em 2002 em Belford Roxo (RJ), em circunstâncias tidas como de negligência do poder público.

No evento, Nísia Trindade anunciou intenção de reduzir as mortes maternas em 25% até 2027, o que criaria condições de o Brasil atingir o índice de 30 mortes por 100 mil nascidos vivos, conforme estabelecido nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

País perde doses de Coronavac

Com a imunização de massa realizada, o Brasil parece menos preocupado em atualizar o esquema vacinal de covid-19. Desta forma, um lote de vacinas do Butatan acabou encalhando, inclusive por razões burocráticas. Um atraso na elaboração do contrato fez a vacina chegar com meses de atraso ao ministério, o que retardou sua aplicação na campanha nacional do início de 2024. Apesar de não atualizado contra a cepa dominante do vírus, o imunizante de origem chinesa é capaz de garantir proteção suficiente para crianças.

Ainda assim, o dado reflete também o desinteresse da população, que em linhas gerais retomou altas taxas de vacinação, pela atualização da prevenção ao coronavírus, uma vez que as vacinas do Butantan foram entregues aos estados e municípios meses antes de expirar sua validade.
Quanto à variante XBB, o ministério adquiriu 12,5 milhões de doses e no momento realiza certame para contratação de mais 69 milhões.

Enquanto isso, municípios reclamam outras vacinas

Uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios revela que cerca de 1,5 mil cidades do país carecem de imunizantes do calendário tradicional de vacinação, a exemplo de varicela, meningite e coqueluche, aplicadas a crianças menores de 5 anos. Metade deles está sem vacinas de covid há tempo médio de 30 dias, conforme averiguado na pesquisa.

No caso da varicela o desabastecimento chega a 3 meses, em média. Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, ressalta o caráter compartilhado da responsabilidade da política de imunização, uma vez que o Ministério da Saúde realiza compras de acordo com as solicitações enviadas pelas cidades e estados. A pasta afirma não haver falta crônica dos referidos insumos.

STF interrompe julgamento sobre remédios caros no SUS

O ministro Kássio Nunes Marques pediu vistas no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 566471, que visa aumentar o rigor nos critérios de aquisição de medicamentos de alto custo pelo SUS em tratamentos de doenças. O tema já tem maioria formada em favor da criação de mais exigências para a concessão de remédios deste perfil por pacientes e famílias que entram na justiça.

De acordo com a tese defendida por Luís Fux, a eficácia cientificamente comprovada deve ser elemento balizador da permissão para compra. No entanto, não é possível prever se a decisão diminuiria a judicialização no setor da saúde, uma vez que em casos de doenças ou condições severas as famílias recorrem a tratamentos por vezes experimentais como último recurso em busca de uma melhora de seus pacientes. Nunes Marques ainda pode pedir destaque, o que levaria o julgamento ao plenário presencial do Supremo.

Impressão 3D pode emular tecidos orgânicos

Uma tecnologia desenvolvida pela Fiocruz pode fazer bioimpressoras, que aplicam uso compactado de células em polímeros, reproduzirem tecidos para serem usados em humanos e animais. “A bioimpressão constrói uma estrutura tridimensional, com melhor interação entre as células, produzindo um microambiente semelhante ao que temos no organismo. Isso favorece resultados mais fidedignos do que as culturas de células em 2D.

Além disso, permite a construção de estruturas complexas, similares a tecidos biológicos e órgãos, que podem ser utilizadas para pesquisa clínica e transplante”, explicou Luiz Anastácio Alves, um dos líderes de projeto de inovação selecionados pelo Programa Redes de Pesquisa em Saúde do Estado do Rio de Janeiro, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do RJ (Faperj).

Os pesquisadores explicam que tecidos mais simples, como pele, já são produzidos, mas a tecnologia pode avançar para a reprodução da composição orgânica de órgãos complexos, como coração e rins. Além disso, destacaram que o desenvolvimento de tecnologia pode se tornar rentável contribuição à indústria da saúde nacional e diminuir a dependência externa do setor. 

USP inova com neurostents que podem reduzir uso de medicações

O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, administrado pela Faculdade de Medicina da USP na cidade, apresenta uma novidade no campo da neurociência para portadores de doenças cardiovasculares. Nas próximas semanas, será utilizado um neurostent em 100 pacientes do HC, um dispositivo utilizado para desobstruir a circulação do sangue.

Os stents tradicionais, nome dado ao modulador circulatório, costumam exigir o uso de medicamentos cujos efeitos colaterais são severos, ao passo que o novo equipamento exigiria um uso reduzido de fármacos.

A tecnologia, de origem alemã, permite monitorar e prevenir com maior eficácia possíveis aneurismas, daí a exigência de menos remédios, e pode isolar a formação de plaquetas coagulantes por um período de 6 meses a um ano. Disposta a aprovar o aparelho nos testes, a própria empresa alemã arca com os custos desta tecnologia ainda em fase de estudo.

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