Por que menos pessoas se formam em enfermagem
Faltam prossifionais de enfermagem nas Américas, e as condições de trabalho da categoria podem explicar a baixa procura pela profissão
Publicado 13/05/2025 às 13:35
Ontem (12), no Dia Internacional da Enfermagem, o diretor da Opas, Jarbas Barbosa, alertou os países das Américas sobre a necessidade de mais esforços para formar e reter profissionais de enfermagem. O declínio drástico – mais de 70% entre 2018 e 2023 – de pessoas graduadas em enfermagem representa um problema significativo aos sistemas de saúde: 40% dos países já têm menos profissionais do que o recomendado pela OMS.
Embora tenha crescido globalmente nos últimos anos – nas Américas, a enfermagem ainda representa 56% da força de trabalho da saúde –, são justamente as grandes disparidades na disponibilidade de enfermeiros entre regiões que deixam parte da população mundial sem acesso a serviços essenciais de saúde, de acordo com relatório da OMS. O documento também destaca a dificuldade de países de baixa e média renda em graduar, empregar e manter os enfermeiros no sistema de saúde.
As condições de trabalho da categoria podem ser um fator para explicar a baixa procura pela profissão. A remuneração média desta enorme massa de trabalhadores está tão crítica que, para impedir maior queda de renda, enfermeiros e enfermeiras têm multiplicado seus vínculos empregatícios – chegando a fazer plantões seguidos em 4 estabelecimentos. Essa realidade foi descrita em matéria recente neste boletim, que trata da superexploração da enfermagem.
Uma das principais consequências desse cenário é que as jornadas de trabalho são exaustivas e podem chegar a mais de 80 horas. O esquema de trabalho da enfermagem funciona, em geral, em turnos de 12 horas de trabalho por 36 de descanso, mas alguns profissionais utilizam esse período para trabalhar em outros locais. Como afirmou Solange Caetano, colunista do Outra Saúde, “o trabalhador não tem um dia sequer de descanso, de lazer, de convivência com a família; e isso não é vida”.
Neste contexto, a Opas e a OMS enfatizam a urgência no investimento em condições de trabalhos adequadas, por meio de políticas e programas que garantam o bem-estar e a saúde mental dos profissionais de enfermagem. Seria medida básica para a retenção da categoria. Aqui no Brasil, as defesas da PEC do fim da escala 6×1 e da PEC que vincula a jornada de 30 horas ao Piso da Enfermagem são fundamentais.
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