Plataformas não removem anúncios de cigarros eletrônicos

• Propaganda ilegal de vapes segue no ar • Maioria de médicas no Brasil • Américas sofrem de escassez de profissionais de saúde • Alta de hospitalizações por gripe no Sudeste e Sul • Pessoas com 35 anos devem passar a ser rastreados para diabetes •

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A Secretaria de Comunicação, em ação coordenada pelo Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual, notificou grandes empresas de comunicação digital de que deveriam remover anúncios de cigarros eletrônicos em até 48 horas. Mas a decisão não foi cumprida. Uma simples busca por plataformas como Youtube e Tik Tok confirma que inúmeros produtos associados aos dispositivos eletrônicos para fumar seguem no ar. 

Vale destacar que tais produtos já são proibidos no Brasil, mas sua comercialização segue indiscriminada. Populares sobretudo entre jovens, os cigarros eletrônicos se venderam como menos nocivos que os tradicionais de nicotina e combustão, mas estudos variados já comprovam que sua capacidade de gerar dependência e danos ao sistema respiratório é igual ou maior do que os cigarros comuns.

Na manhã desta segunda, ainda não havia repercussão sobre o descumprimento da recomendação por parte das big techs. Nenhum órgão de governo apresentou qualquer posição a respeito até o fechamento deste boletim.

Mulheres passam a ser maioria na medicina

A Demografia Médica de 2025, estudo realizado em parceria da Associação Médica Brasileira com a Faculdade de Medicina da USP, publicou dados atualizados sobre a categoria no país. E neste ano, pela primeira vez na história, mulheres se tornam maioria na profissão, tendência que já estava constatada nas edições anteriores. Agora, são 635 mil médicos no Brasil, sendo 50,9% mulheres, uma razão de 2,98 por 1.000 habitantes, ainda abaixo dos 3,7 preconizados pela OCDE. No entanto, o contingente segue em expansão e até 2035 está previsto o alcance da marca de 1,15 milhão de médicos no território brasileiro.

O estudo abrange diversas dimensões do exercício desta profissão e sua inserção social, e deixa visível como a desigualdade no acesso a serviços médicos ainda é grande: 48 cidades com mais 500 mil habitantes concentram 31% dos profissionais, ao passo que 19 macrorregiões de saúde contam com uma taxa de menos de 1 por 1.000 habitantes. Norte e Nordeste seguem atrás na distribuição de doutores. Outro dado dos mais relevantes é que 59% dos médicos se concentram na rede privada, o que explica a sobrecarga sobre o SUS, uma vez que o sistema público é exclusivamente utilizado por 75% da população (ainda que muitos de seus serviços abranjam todos os cidadãos).

Recentemente, os ministérios da Saúde e Educação anunciaram uma maior fiscalização da formação de médicos, através da criação do Exame Nacional de Medicina, que visa auferir o nível de ensino nas faculdades por meio do desempenho na prova. A ação se deve ao fato de o país ter observado grande expansão na oferta de cursos, mas segundo diversos especialistas tal crescimento não foi acompanhado de um padrão geral de qualidade. Outro problema associado é que o país tem uma carência crônica de vagas de residência para recém-formados, o que prejudica seu processo formativo.

Escassez de profissionais na saúde nas Américas

A pesquisa “La fuerza de trabajo en salud en las Américas: datos e indicadores regionales” da Organização Pan-Americana de Saúde apresenta um levantamento sobre a disponibilidade de profissionais médicos, enfermeiros, parteiros, dentre outros, nos sistemas de saúde dos 39 países de sua área de atuação. Segundo o estudo, 14 deles têm escassez crônica de tais trabalhadores e não podem atender as necessidades de sua população. O relatório aponta uma tendência que pode levar a um déficit de 2 milhões de profissionais até 2030, o que, segundo Jarbas Barbosa, diretor da da organização, inviabiliza a universalização do direito à saúde.

O estudo também destaca a questão da desigualdade, uma vez que em números totais as Américas possuem 66 trabalhadores de saúde para cada 10 mil habitantes, o que supera o parâmetro da OMS, de 44. No entanto, EUA e Cuba possuem contingentes até 4 vezes superiores ao número de referência, o que eleva excessivamente a média geral. O relatório focou oito áreas de atuação: medicina, enfermagem, obstetrícia, odontologia, farmácia, fisioterapia, psicologia e agentes comunitários (quase exclusivos ao Brasil).

MG e Florianópolis declaram estado de atenção por alta em gripes

O estado de Minas Gerais e a cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina, declararam neste final de semana estado de atenção em razão do aumento de casos graves de Síndrome Respiratória Aguda Grave. No caso de MG, são 425 mortes por infecções virais de influenza, coronavírus, fungos e bactérias, com quadros de pneumonia muito frequentes. 

Ambas localidades já vinham observando aumento de internações em UTIs neonatais, pediátricas e adultas e com a declaração do estado de atenção o poder público espera maior adesão às campanhas de vacinação. Já o Boletim InfoGripe da Fiocruz indica alta de casos de SRAG em estados do Norte e Centro-Oeste e afirma que 18 das 27 capitais estão em situação de alerta. A campanha nacional de imunização contra a gripe foi iniciada em abril e abrange as vacinas da família do vírus H1N1 (influenza) e covid.

Rastreio de diabetes baixa idade para busca 

Uma nova diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda a redução de 45 para 35 anos de idade a faixa etária para início de rastreamento de portadores da doença no Brasil. Segundo a entidade, a antecipação dos testes para detecção permite uma melhor prevenção de riscos posteriores, como doenças coronarianas e renais. 

Além disso, para casos de pré-diabéticos seria possível tomar providências para se evitar seu desenvolvimento. O Ministério da Saúde tem como base o questionário Finnish Diabetes Risk Score (FINDRISC), como método para busca e descoberta de pacientes e a iniciativa inclui pacientes assintomáticos, para além de pessoas com histórico familiar, sobrepeso, sedentarismo, dentre outras pré-condições.

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