Padilha volta a defender uso da rede privada para cirurgias
• Avança proposta de cirurgias do SUS na rede privada • Colômbia: Êxitos na política de RD • Sarampo explode nas Américas • OPAS amplia vacinação contra a doença • Pará mascarando desmatamento • Uganda livre do ebola •
Publicado 30/04/2025 às 17:05
Uma das principais bandeiras de Alexandre Padilha à frente do ministério da Saúde — o avanço no programa Mais Acesso a Especialistas — prevê contar com a rede privada para acelerar cirurgias de pacientes que compõem a fila do SUS. Em entrevista coletiva concedida ontem, o ministro voltou a falar que a redução da fila de cirurgias é uma “obsessão de Lula”. Também destacou a aceleração dos tratamentos de câncer, outro foco de investimentos da saúde no atual governo. O uso da rede privada para a redução da fila suscita debates entre defensores do SUS. Por um lado, tais procedimentos podem ser uma forma de o Estado cobrar a bilionária dívida acumulada pela medicina privada. Por outro, eles adiam o debate sobre a ampliação da rede pública hospitalar. Atualmente, o SUS concentra 357 mil dos 535 mil leitos hospitalares do país, algo em torno de 67% — mas boa parte deles está em instituições privadas conveniadas. Do total geral de leitos, 60% estão no Sudeste e Sul. De acordo com o Conselho Federal de Medicina, a rede pública ganhou pouco mais de 1.000 leitos para internação cirúrgica entre 2010 e 2023 – saiu de 76.790 para 77.723.
Drogas: a notável redução de danos na Colômbia
Reportagem da jornalista Claudia Collucci na Folha descreveu ontem um dos centros de consumo assistido de drogas estabelecidos no país, em política de redução de danos para dependentes químicos. O estabelecimento que Claudia visitou fica no distrito de Santa Fé, centro de Bogotá. e é administrado pela organização Acción Tecnica Social.
Os usuários — muitas vezes, moradores de rua ou imigrantes — são recebidos em salas reservadas, onde podem consumir psicoativos como heroína e cocaína. Fazem-no em condições de segurança e utilizam materiais (como seringas) higienizados. Profissionais de Saúde envolvidos oferecem subsídios para deixar a dependência. Estas condições reduzem sequelas sociais e criam condições mais favoráveis para a desadicção. Para os ouvidos na matéria, trata-se de uma necessária virada de página, em um país onde a “guerra às drogas”, estimulada pelos Estados Unidos, produziu dezenas de milhares de mortes. Segundo a matéria, as leis da Colômbia autorizam, desde 1986, o cultivo de até 20 plantas de cannabis, coca e papoula. Também é descriminalizada a posse de até 20 gramas de maconha, 5 gramas de haxixe e 1 grama de cocaína
Casos de sarampo nas Américas crescem exponencialmente
A OMS emitiu um alerta, na segunda-feira (28), sobre a alta de casos de sarampo nos primeiros meses de 2025 nas Américas. Segundo a organização, foram registrados, até 18/4, 2318 casos e três mortes — um aumento de 11 vezes em relação ao mesmo período de 2024. “A maioria dos casos ocorreu entre pessoas de 1 a 29 anos, que não foram vacinadas ou têm status de vacinação desconhecido”, diz a OMS. A autoridade destacou que, embora a doença seja evitável com duas doses da vacina, mais de 22 milhões de crianças no mundo não receberam nem a primeira dose em 2023.
O aumento global nos casos de sarampo desde 2024 amplia o risco de infecções importadas, principalmente de viajantes não vacinados que chegam a áreas onde o vírus circula livremente. A OMS afirma trabalhar “em estreita colaboração” com os países das Américas para evitar a reintrodução e disseminação do sarampo. Embora o número global permaneça como moderado, o risco na região é atualmente avaliado como alto, sobretudo no Canadá, nos Estados Unidos e no México.
OPAS lança campanha de vacinação focada na doença
Como parte de seu esforço de controlar 30 doenças nas Américas até 2030, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) lançou campanha emergencial de vacinação no continente. Ela ocorre entre 26 de abril e 3 de maio. O objetivo é aplicar 66 milhões de doses e o foco central desta rodada de imunização é o sarampo, doença que teve um surto em México, Canadá e Estados Unidos, com 2.500 casos e 3 mortes neste ano. A OPAS manifestou preocupação especial com a enfermidade, uma vez que ela tinha desaparecido como problema de saúde pública, mas voltou, em grande medida pela negligência de autoridades. Para Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Pediatria, o Brasil pode ser atingido pela doença. Apesar de índices altos de imunização, o sarampo caracteriza-se por elevadíssima transmissibilidade, sendo possível o contágio a partir de viajantes que vêm ao país.
Pará pode estar mascarando mais desmatamento
Uma análise feita pelo Center for Climate Crime Analysis (CCCA), compartilhado com a Agência Pública, aponta que as autorizações emitidas pelo estado do Pará para supressão de vegetação secundária por municípios “têm resultado em práticas irregulares e na falta de transparência, comprometendo os mecanismos de fiscalização ambiental”. Essas autorizações – um tipo de licença concedida para áreas previamente desmatadas, como para uma limpeza de pasto – são concedidas para liberar cortes de vegetação nativa em áreas privadas. Mas podem mascarar e dar verniz de legalidade ao desmatamento ilegal.
A descoberta preocupa porque, apesar de serem poucos casos, eles sinalizam uma falta de controle da concessão desse tipo de licença, além de ilustrarem uma preocupação que já havia sido levantada por promotores da área ambiental. Os pesquisadores envolvidos na análise alertam que os casos conhecidos podem ser só a ponta do iceberg de uma estratégia adotada por proprietários rurais com o auxílio de prefeituras paraenses. A discussão faz-se especialmente relevante no ano de 2025, em que o Pará – líder do ranking de emissões de gases de efeito estufa e do desmatamento da Amazônia – vai receber a 30ª Conferência do Clima da ONU (a COP30).
Termina o surto de ebola em Uganda
Três meses após confirmar os primeiros casos de ebola na capital Kampala, Uganda declarou o fim do surto da doença no país neste sábado (26/4). De acordo com o escritório da OMS na região, dos 14 casos notificados da cepa detectada em Uganda – um subtipo da doença do vírus do Sudão -, quatro mortes foram contabilizadas.
Ainda de acordo com a OMS, o último paciente infectado pelo vírus no país recebeu alta médica no dia 15 de março, quando se iniciou um período de 42 dias sem novos casos, o que permite declarar o fim do segundo surto de ebola em Uganda em menos de três anos.
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