Padilha assume o Ministério da Saúde
• A posse de Alexandre Padilha • Dengue atinge SP com mais força • Nova cepa de mpox no Brasil • Centenários e abusos de planos de saúde • Por que defender a classificação NOVA de alimentos • Conferência Livre de Saúde do Trabalhador •
Publicado 11/03/2025 às 14:37 - Atualizado 11/03/2025 às 14:46

Ontem (10/3), o médico Alexandre Padilha assumiu o Ministério da Saúde, no que será sua segunda passagem pela pasta. Na cerimônia, que foi transmitida ao vivo, ele afirmou que chega ao posto com “uma obsessão: reduzir o tempo de espera para quem precisa de atendimento especializado no nosso país. Todos os dias vou trabalhar para buscar o maior acesso e o menor tempo de espera para quem precisa de atendimento especializado”.
A declaração coaduna com a interpretação de que o presidente Lula o indicou para a pasta com a orientação de priorizar e reformular o programa Mais Acesso a Especialistas, lançado pela agora ex-ministra Nísia Trindade, e transformá-la em uma “vitrine política” da pasta. O discurso de Nísia relembrou os importantes feitos coletivos de reconstrução do ministério e de suas ações desde 2023, mas lamentou a “campanha sistemática e misógina de desvalorização do meu trabalho” que durou os 25 meses de sua gestão.
Em detalhes, como a dengue está atingindo o país
Há poucos dias, o Brasil alcançou a marca de 500 mil casos prováveis de dengue notificados em 2025. Dados apresentados em matéria da Agência Brasil ajudam a entender em maiores detalhes a situação da epidemia neste ano. Os números são inegavelmente altos – mas, por outro lado, houve uma redução de 69,25% nos casos prováveis em relação ao mesmo período de 2024.
Quase três quintos das notificações de dengue neste ano (291 mil) aconteceram no território paulista, que registrou cinco vezes mais casos do que o estado seguinte. Com 633,9 infecções para cada 100 mil habitantes, São Paulo tem a segunda maior taxa de incidência da doença. Só o Acre, com 760,9 casos por 100 mil, vive uma concentração mais grave. De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses, 55% dos casos prováveis foram entre mulheres, concentrados nas faixas etárias de 20 a 29 anos, de 30 a 39 anos e de 40 a 49 anos.
Cepa 1b da mpox chega ao Brasil
Na última sexta-feira (7/3), o Ministério da Saúde (MS) confirmou a primeira infecção pela nova cepa da mpox em solo nacional, noticia a Agência Brasil. A paciente é uma moradora da Grande São Paulo que teve contato recente com um familiar que visitou a República Democrática do Congo – país este que tem registrado um grande número de casos da doença. O surto na nação africana, que persiste desde 2023, também está associado à cepa 1b do mpoxvírus.
Por meio de sequenciamento genético do agente infeccioso, foi realizada a confirmação laboratorial da ligação do caso brasileiro com a nova cepa. Apesar de sua virulência, o comunicado do MS destaca que “até o presente momento, não foram identificados casos secundários. A equipe de vigilância municipal mantém o rastreamento de possíveis contatos”. No ano passado, o país registrou cerca de 2 mil casos de mpox, associadas a outras cepas, que não causaram nenhum óbito.
Planos de saúde exploram idosos de mais de cem anos
Reportagem da Folha traz uma janela para as dificuldades que enfrentam os centenários com planos de saúde. De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), seu número cresceu 42% nos últimos 5 anos: eles passaram de 7.636 para 10.845 segurados, diz o relatório da agência reguladora, ou cerca de 27% da população brasileira nessa faixa etária. Os preços cobrados pelas operadoras são exorbitantes. Uma mulher entrevistada pela reportagem relata que seu pai paga R$23 mil ao mês, e o último reajuste foi de R$5 mil. Mesmo assim, a família não abandona o plano, porque outros convênios não o aceitariam.
A proibição da recusa de clientes, orientada pela ANS, é largamente ignorada pelas empresas do setor. A negação de serviços que melhorariam o bem-estar desses idosos, como o home care, também é prática comum. Com a situação de reajustes abusivos e barreiras ao acesso a tratamentos, escritórios de advocacia preveem que a judicialização só tende a crescer.
Carlos Monteiro defende a NOVA da ofensiva da indústria
A grande indústria posiciona suas baterias para atacar a Classificação NOVA, que introduziu o conceito de ultraprocessados. A Fundação Novo Nordisk, ligada ao monopólio farmacêutico dinamarquês que produz o Ozempic, está financiando artigos que propõem a “revisão” dessa tabela nutricional e a inclusão de alimentos considerados não saudáveis – como certos cereais industrializados – em grupos considerados menos nocivos.
O vice-presidente da fundação, Arne Astrup, afirma que a NOVA é “contraproducente”, “acrescenta pouco” e pode “demonizar alimentos saudáveis”. Para deturpá-la, propõe-se uma “NOVA 2.0”, cujo nome induz ao erro de que há ligação entre a Novo Nordisk e os autores da classificação original. O professor Carlos Monteiro, cientista brasileiro que introduziu a NOVA, denuncia que Astrup usa “autores, funcionários, consultores ou financiados por corporações que comercializam alimentos ultraprocessados” para tentar descredibilizá-la. Monteiro sugere que o objetivo do projeto é beneficiar a indústria de alimentos, e pede que o termo NOVA 2.0 deixe de ser utilizado.
Vem aí a Conferência Livre Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
Na próxima quarta-feira (19/3), a partir das 8h30, será realizada em São Paulo a Conferência Livre Nacional da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, organizada pelo Instituto Walter Leser (IWL/FESPSP) e pela Fundacentro com uma série de entidades parceiras do mundo do trabalho. Trata-se de uma etapa preparatória para a 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, que deve acontecer em Brasília no mês de agosto.
As propostas discutidas servirão de base para a revisão e atualização da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), e os organizadores da etapa convidam todos os usuários, trabalhadores e gestores do SUS a se inscrever para participar por meio deste formulário. As inscrições vão até 14 de março, às 12h. O programa da conferência livre pode ser conferido aqui.