Os desafios da América Latina contra o câncer, segundo a OPAS
• Câncer, América Latina e desigualdade • Brasil será líder de Comitê da Unaids • Perspectivas para a dengue em 2025 • Mamografias a partir dos 40 ou 50 anos? • Vacina contra variante do ebola • Microplásticos no cérebro •
Publicado 05/02/2025 às 13:24
O câncer ainda mata 1,4 milhão por ano na América Latina e no Caribe, revelou a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) neste domingo (3/2). O comunicado da agência regional da OMS também informou que 4 milhões de casos de câncer são identificados no continente todos os anos. A nota destaca que a eliminação do câncer de colo de útero é um dos objetivos traçados para 2030 – e é considerada uma “meta alcançável”, visto que 48 dos 51 países e territórios da região já introduziram a vacina para o HPV.
Apesar disso, a desigualdade segue sendo um dos principais problemas a serem enfrentados: enquanto mais de 80% das crianças com câncer nos países latino-americanos são curadas, a taxa de cura é de apenas 20% nas nações mais pobres. “Melhorar o acesso equitativo a esses tratamentos é fundamental para alcançar melhores resultados em saúde e uma melhor qualidade de vida”, afirmou Jarbas Barbosa, diretor da OPAS.
Brasil à frente do programa da ONU para HIV/aids
Por meio de nota, o Ministério da Saúde informou ontem (4/2) que o Brasil vai liderar o Comitê Executivo da UNAIDS em 2025. Trata-se do órgão dirigente do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids, que coordena o trabalho da ONU em apoio aos esforços de prevenção, diagnóstico e tratamento realizados pelos países. “O Brasil é o único país em desenvolvimento dentre os seis que ofertam acesso gratuito e universal para os cuidados com a infecção e a doença”, lembra Draurio Barreira, diretor do departamento do MS voltado para a área.
Por sua vez, a secretária Ethel Maciel destaca que “temos avanços significativos e compartilhar nossa experiência com outros países vai potencializar a resposta internacional ao HIV e à aids”. No último período, o Brasil tem apresentado bons resultados com seu programa de profilaxia pré-exposição (PrEP) e mostra avanços importantes no aumento da taxa de diagnóstico e redução da taxa de mortalidade associados ao vírus.
“2025 será o pior ano da dengue na série histórica”
Em entrevista ao Estadão, o coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alexandre Naime Barbosa, afirmou que 2025 “será o pior ano de epidemia de dengue de toda a série histórica, não só no estado de São Paulo, mas também no Brasil”. Para o professor da UNESP, não se trata de alarmismo ou pessimismo – mas de uma previsão baseada na alta taxa de positividade dos exames, a circulação do sorotipo 3 do vírus e as mudanças climáticas.
Barbosa avalia que “estamos vendo ações coerentes, coordenadas e rápidas” do Governo Federal, como a criação de um Centro de Operações de Emergência e o envio de auxílios, testes e capacitação para os estados e municípios. Ele elogia as cidades que estão ampliando o público-alvo da vacina, tendo em vista a importância de evitar a perda de doses na atual situação. Apesar disso, o coordenador científico da SBI frisa que é preciso dar ainda mais impulso às ações, já que “este ano está reunindo todas as condições para a tempestade perfeita em relação à dengue”.
O debate em torno da periodicidade das mamografias
Em meio ao debate gerado por uma nova minuta da ANS para a atualização do Manual de Boas Práticas em Atenção Oncológica, a Agência Brasil publicou uma matéria sobre as divergências acerca da periodicidade da mamografia que dividem o campo da Saúde. Em consulta pública recente, consensuou-se a importância do rastreamento organizado – isto é, que se convoquem todas as mulheres dentro da faixa etária indicada para fazer o exame, facilitando o diagnóstico precoce do câncer de mama. O desacordo está em que ponto começa essa faixa etária.
A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda um exame anual a partir dos 40 anos. Já o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer (Inca) defendem sua realização a cada dois anos para as mulheres entre 50 e 69 anos de idade. “[Antes dessa idade], aumenta muito mais a possibilidade de ter falsos positivos e ter que fazer mais exames. Posso fazer uma biópsia e ser mais difícil interpretar e levar a uma cirurgia desnecessária”, explica o diretor-geral do Inca, que lembra que essa também é a recomendação da OMS e da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer.
Em estudo, uma vacina contra o ebola-Sudão
Os estudos de uma nova vacina contra o ebola começaram a ser realizados em Uganda nesta semana, divulgou a Organização Mundial da Saúde (OMS). Poderá ser o primeiro imunizante a conferir proteção contra o subtipo ebola-Sudão, que circula naquele país. No final do mês passado, Uganda havia notificado o mundo da existência de um surto do vírus em sua capital, Kampala, e da morte de um enfermeiro. De acordo com a Reuters, o Ministério da Saúde ugandense já identificou dois novos casos da doença na família do homem morto. A rapidez do início das novas pesquisas foi comemorada pela OMS. A agência explica que os testes a serem realizados com a vacina candidata terão o mesmo formato dos estudos promovidos na Guiné em 2015, que resultaram na aprovação de um imunizante contra outro subtipo do ebolavirus.
O corpo humano, tomado pelos microplásticos?
Um artigo publicado na Nature Medicine nesta segunda-feira fornece novas informações sobre a crescente presença dos microplásticos no corpo humano. Em todas as amostras analisadas pelo estudo, foram encontradas partículas microscópicas do material – e em concentrações maiores do que em anos anteriores. Os pesquisadores descobriram que elas se acumulam de forma desigual entre os órgãos: a presença dos microplásticos – principalmente do polietileno, mas também de outros polímeros – no cérebro foi de 7 a 30 vezes maior do que nos rins ou no fígado. A região do córtex frontal é a mais afetada. As amostras cerebrais de pessoas diagnosticadas com demência possuíam concentrações de microplásticos ainda maiores do que a média. No entanto, o artigo frisa que não há evidências de uma relação causal entre os fatores.