O que se conhece sobre a covid longa, hoje
• Aspectos da covid longa nos pulmões, coração, cérebro e mais • Nova frota entregue para o Samu • Zema quer privatizar gestão hospitalar em MG • Metais tóxicos nos vapes do Brasil • Setor privado dos EUA quer “acesso” a mercado brasileiro •
Publicado 17/03/2025 às 15:47
Após meia década do início da pandemia de covid-19, já se sabe muito mais sobre os efeitos do vírus no corpo humano. O NY Times publicou (e a Folha traduziu) matéria resumindo as principais descobertas dos últimos anos, que explicam em especial os efeitos que causam a chamada covid longa – que afeta, segundo estimativas, cerca de 400 milhões de pessoas no mundo.
Nos pulmões, a covid pode deixar cicatrizes e nódulos, prejudicando a respiração. No intestino, o vírus altera o microbioma, podendo causar problemas gastrointestinais crônicos, como refluxo e dor abdominal, que persistem por meses ou anos. No cérebro, a inflamação persistente pode danificar neurônios e afetar a barreira hematoencefálica, causando sintomas como nevoeiro mental, lapsos de memória e agravamento de problemas de saúde mental. No coração, a doença aumenta o risco de infartos, arritmias e insuficiência cardíaca, especialmente em pacientes hospitalizados. A inflamação também prejudica a circulação, reduzindo a capacidade de exercício e causando fadiga extrema em pacientes com covid longa.
Padilha e Lula entregam nova frota do Samu
Na sexta, 14/3, em seu primeiro evento público como ministro da Saúde, Alexandre Padilha entregou 789 novas ambulâncias para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em Sorocaba (SP). A frota, a maior já distribuída pela gestão federal, beneficiará 558 municípios de 21 estados, com investimento de R$ 243,5 milhões via Novo PAC. Desse total, 703 veículos renovarão a frota de 501 cidades, ao custo de R$ 289 mil cada, enquanto 86 unidades de suporte avançado, a R$ 469,8 mil por unidade, expandirão o atendimento em 72 municípios.
Padilha prometeu mais 1.500 veículos até maio. O ministro novamente reforçou sua “obsessão” por reduzir filas no SUS, ampliando o acesso a atendimento especializado. O presidente Lula, presente no evento, informou que as novas ambulâncias atenderão 20,4 milhões de pessoas, incluindo 1,7 milhão sem cobertura prévia.
Privatização da gestão da saúde em MG
Minas Gerais corre o risco de ter a gestão de seus hospitais privatizada. É o que propõe o governo de Romeu Zema (Novo), por meio da criação do Serviço Social Autônomo de Gestão Hospitalar (SSA-GEHOSP), que entraria no lugar da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). O projeto, enviado à Assembleia Legislativa, gerou críticas de servidores, sindicatos e especialistas em saúde pública. Eles alertam para os riscos de precarização do atendimento, perda de direitos trabalhistas e priorização do lucro em detrimento da qualidade do serviço.
A situação da atenção especializada no estado já não anda bem. No Hospital Maria Amélia Lins, o fechamento do bloco cirúrgico há três meses sobrecarregou o Pronto-Socorro João XXIII, causando atrasos e cancelamento de cirurgias eletivas. Sindicatos se posicionaram contra a privatização dos hospitais, que acarretará em piora das condições dos trabalhadores. Na Assembleia Legislativa, a deputada Bella Gonçalves (Psol) afirmou que a contratação de entidades privadas para gestão de hospitais precariza direitos e introduz a lógica do lucro no SUS. Ela defende concursos públicos para repor a força de trabalho e mais investimentos na rede de hospitais mineira.
Pesquisa encontra metais tóxicos nos vapes brasileiros
Um estudo do Laboratório de Química Atmosférica da PUC-Rio revelou que cigarros eletrônicos descartáveis contêm metais tóxicos, como cobre, estanho, níquel e zinco, em níveis alarmantes, mesmo antes do primeiro uso. A pesquisa analisou 15 vapes descartáveis e detectou concentrações elevadas desses metais, que contaminam o líquido inalado. Além disso, foram identificados quase dez compostos adicionais, incluindo realçadores de sabor e até aromatizantes de vela, que podem ser prejudiciais à saúde quando inalados.
Apesar da proibição da venda de cigarros eletrônicos no Brasil desde 2009, o consumo é alto, especialmente entre jovens. A pesquisa reforça os riscos desses dispositivos, que podem causar dependência mais rápida e grave do que os cigarros tradicionais, além de aumentar o risco de doenças pulmonares, cardiovasculares e até câncer. Especialistas, como a pneumologista Margareth Dalcolmo, criticam projetos de regulamentação, argumentando que os custos com saúde superariam os benefícios fiscais.
Empresas dos EUA pressionam por mais acesso ao mercado de saúde brasileiro
O setor privado dos EUA apresentou ao governo de Donald Trump uma lista de barreiras comerciais enfrentadas no acesso ao mercado brasileiro, como parte de uma revisão de políticas comerciais que pode resultar em novas tarifas. O documento, submetido ao Escritório de Comércio da Casa Branca (USTR), destaca setores como etanol, saúde, telecomunicações e propriedade intelectual, apontando “desequilíbrios” e “dificuldades” enfrentadas por empresas norte-americanas.
No mercado de saúde, a Anvisa é criticada por supostos atrasos regulatórios e falta de reconhecimento de aprovações do FDA, o que, para eles, dificultaria a entrada de produtos americanos. Em outras palavras, as empresas estadunidenses desejariam que uma das principais agências de controle sanitário do mundo perdesse sua autonomia. Sobre a questão da propriedade intelectual, o Brasil – que tem uma das leis mais pró-patentes do Sul Global – é criticado por “atrasos” de até nove anos no exame de patentes e falta de proteção de dados regulatórios para produtos farmacêuticos.