O que pensa a nova presidente do Conass?

• Tânia Coelho, nova presidente do Conass • África carece de profissionais de saúde • E MAIS: leishmaniose no SUS; ciência contra Trump; delírios da gestão da saúde nos EUA; machismo na medicina •

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A secretária de Saúde do Ceará, Tânia Coelho, é agora a nova presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), ator central na governança tripartite do SUS ao lado do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Por representar os interesses das secretarias e atuar na na articulação entre estados e União, a decisão de quem está à frente do Conass é crucial.

Em entrevista ao jornal O Globo, a nova presidente aborda inúmeras questões, como a necessidade de combate a desinformação e fake news para estimular a imunização; a reorganização do Programa Nacional de Imunizações (PNI), desmontado pela gestão de Jair Bolsonaro; a possibilidade real de perda de validade de vacinas; entre outras. Dentre elas, destaca-se a fala de Tânia acerca dos desafios do programa Mais Acesso a Especialistas – agora relançado como Agora Tem Especialistas. A presidente fala sobre a distribuição desigual de especialistas em todo o Brasil, concentrada nos grandes centros urbanos, e que é retroalimentada pela falta de estrutura adequada em muitos hospitais públicos ao redor do país. Dando exemplo do Ceará, reafirma a importância, então, de estimular o aumento de bolsas de residência para especialistas, a fim de descentralizar serviços de alta complexidade em direção ao interior.

É preciso repensar o recrutamento de profissionais da saúde africana

Devido a péssimas condições de trabalho, baixos salários e perspectivas de carreira limitadas, muitos dos profissionais de saúde na África têm deixado o continente. Apesar de terem o direito de emigrar, o sistema de saúde africano acaba ficando ainda mais precário: enquanto é berço de 18,8% da população global, somente 3% dos trabalhadores da área encontram-se na região. Além disso, é previsto ainda que a África enfrente um déficit de 6,1 milhões de profissionais de saúde até 2030.

Um novo relatório da OMS destaca justamente esse cenário: países de alta renda têm 10 vezes mais enfermeiros em comparação aos países de baixa renda, enquanto 23% dos enfermeiros em países de alta renda são estrangeiros. Mesmo violando o Código Global de Práticas da OMS, países do Norte Global seguem recrutando países africanos por meio de agências privadas. A África não deve ser um laboratório dos países do Norte e essa prática exploratória e insustentável vem, inclusive, custando vidas. 

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O peso indireto das doenças negligenciadas

Associadas a populações de países mais pobres, as doenças negligenciadas explicitam o significado de determinantes sociais em saúde. Dada a pobreza de seus portadores, mesmo quando há tratamento, outras barreiras falam alto. É isso que revela estudo da Fiocruz sobre gastos de pacientes de leishmaniose do SUS. Confira a pesquisa.

Comunidade científica se une contra cortes de Trump

Os cortes de US$ 12 bilhões das principais agências de controle médico e sanitário dos Estados Unidos, marcados por demissões em massa e total assédio político, levaram centenas de cientistas e pesquisadores do país a escreverem carta às autoridades recém-nomeadas por Trump no setor. Leia o que foi escrito ao presidente.

Devaneios de Kennedy Jr.

Com supostas críticas ao “sistema” e cultura anticientífica no mesmo balaio, o secretário de saúde dos EUA, Robert Kennedy Jr., apresenta o plano “Make Our Children Healthy Again”. No entanto, a peça é uma piada de mau gosto produzida por IA e referências frequentemente falsas em seu embasamento. Entenda a crítica.

Pelo fim do termo “hímen-virgem” em fichas médicas

A partir de um escândalo causado pela polícia da Indonésia, pediatras e ginecologistas se uniram contra uma prática ainda comum em vários países: o exame que visa determinar se uma mulher é virgem ou não. Artigo publicado no Journal of Pediatric and Adolescent Gynecology defende a abolição da prática, e pode ser lido aqui.

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